Com a casa fechada, o exaustor tinha estado parado
durante longos meses. Ela premiu o botão para ver se funcionava e logo ouviu um
forte ruído. Parecia que havia uma peça solta. O melhor era
chamar alguém que entendesse da matéria, não sem antes experimentar outra vez. O mesmo ruído forte de peça solta. Tinha quase pavor a eletrodomésticos sem uso
e com barulhos esquisitos. Ligou para o número que tinha.
Veio o técnico. Olhou, observou,
desmontou uma parte mas o ruído continuava. Tem que ter paciência. O exaustor está bom.
É falta de uso.
No dia seguinte, ela ligou de novo o exaustor. Outra vez a mesma peça aparentemente solta e o forte ruído. Tem de haver uma razão. O melhor é chamar outro técnico que saiba mais do assunto.
E veio. Desmontou, desaparafusou, levantou, espreitou... Não é peça solta do exaustor, não. É isto. E mostrou o esqueleto ressequido de um pássaro.
Mais valia que fosse uma peça solta, disse ela horrorizada.
Ele sorriu, com a indiferença da habituação.
É um dó mas estou sempre a encontrá-los nos respiradores das casas de banho. Por vezes têm sorte espanejam enquanto estou por perto, desmontamos o respirador e fica a salvo; Isto se o gato não o apanha antes do voo alto. Mas também há aqueles a quem acontece morrer naquele túnel apertado. Os pobres.
ResponderEliminarBom dia, Maria.
Até para voar convém ter um bocadinho de sorte.
EliminarE, neste ´túnel', não havia salvação possível.
Uma tarde tranquila, Bea, vendo e ouvindo pássaros em liberdade.
Lool, coitado do pássaro :))Antes assim
ResponderEliminar-
Olhar submisso de liberdade ...
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Beijos, e um excelente dia!
Mesmo, Cidália. Coitado.Voou para uma mau sítio.
EliminarUm beijinho
Como diz Gilbert Bécaud, o que destrói o mundo é a indiferença. Se um homem anda, caminha, cai e morre na rua e ninguém dá por isso, se quando em casa nos tornamos um estranho, se quando os filhos já não falam aos pais, se quando os pais já não ouvem os filhos, então grassa a indiferença e ela vai-nos matando aos poucos.
ResponderEliminarÉ mais ou menos o que diz a canção, mas poderia falar também dos sem-abrigo que dormem em caixas de cartão debaixo do nosso olhar, ou das condições desumanas em que os animais são transportados, ou nos muitos cães e gatos das nossas cidades, sedentos e famélicos à procura de um contentor do lixo e nós passamos metidos nas nossas vidas e nem desviamos o olhar, porque nos tornámos indiferentes.
Tenha um bom dia Maria Dolores.
Tantas verdades, Joaquim. Tantas situações que vemos e fingimos que não vemos. Ou porque temos pressa, ou porque desconfiamos, ou... simplesmente não é connosco. E eu não sou exceção, é claro.
ResponderEliminarHá certas canções que nos interpelam sobre os mais variados assuntos. A Humanidade só ganhava em ouvi-las um pouco melhor e passá-las para o dia a dia.
Oxalá possamos confiar que 'isto vai melhorar'.
Uma tarde boa e calma, Joaquim
Pobre pássaro que não teve mesmo sorte nenhuma...nem na hora da morte...
ResponderEliminar.
Abraço poético
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Sim, em tudo, uma pontinha de sorte dá muito jeito. Neste caso, era capaz de salvar a vida.
EliminarOutro abraço, Ricardo
E provavelmente de um filhote perdido. Situação corriqueira e triste.
ResponderEliminarForte abraço 💚🌿👏
Calebe Borges
Se calhar. Não tinha pensado nisso.
EliminarGrande abraço, Calebe.
Boa tarde
ResponderEliminarUma avaria inesperada e surreal mas incontrolável.
JR
Sim, e parece que é frequente. Mete dó, mas, de facto, há muita coisa que não se controla.
ResponderEliminarUma noite descansada.