Chegou o dia da festinha no Infantário. O pai de uma menina tinha sido convidado para fazer de Pai Natal. O Infantário arranjou a roupa de Pai Natal, o saco de Pai Natal e prendinhas para o Pai Natal dar aos meninos, sem as quais o Pai Natal não seria Pai Natal.
Mas o pai da menina, neste caso o Pai Natal, tinha uma grande preocupação: se a filha o reconhecesse, lá se ia a magia do Pai Natal. Ho Ho Ho, ia dizendo para vencer a preocupação.
Para muitos meninos, seria um bom momento, para a menina a quem mais queria poderia ser uma ruína de muitos sonhos que queria ajudar a construir.
Ai se ela descobre, pensava. Se calhar, começa a chorar. Ou pede para tirar as barbas. Ou fica tão espantada que nem ela percebe a reação. Ho Ho Ho! Valha-me Santa Claus!
À hora prevista, lá entrou o Pai Natal na sala onde os meninos e pais o esperavam.
E todos o saudaram. E aplaudiram. E aproximaram-se dele. E sorriam. E perguntavam o que trazia no saco.
E a filha olhava, olhava. Parecia o papá. Não, ele não usava os óculos na pontinha do nariz. Não, ele costuma falar e contar histórias. E cantar. E o Pai Natal quase só dizia Ho Ho Ho!
E nunca se afastou muito do Pai Natal, porque a voz era parecida com a do papá. Mas o papá era o papá, não era o Pai Natal.
Quando chegaram a casa, a menina, entusiasmada, contou ao pai que o Pai Natal tinha ido à escolinha. E a mãe confirmou. E ambas mostraram a prendinha do Pai Natal, enquanto a menina repetia Ho Ho Ho!
E a palavra ruína ficou escondidinha no saco que foi posto dentro de uma mala e em cima do guarda-fatos para uma menina de dois anos não poder chegar. Ho Ho Ho!
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