sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Uso de ferramenta "proibida" ao serviço da diferenciação pedagógica


Hoje, a minha aula de Português do 11º ano foi diferente e ainda bem.
Assim é mais fixe - disseram alguns alunos.
Pois, recorri a uma ferramenta cujo uso é "proibido" na sala de aula - telemóveis. 
Explico, então, o como e o porquê.
Estando a frequentar uma ação de formação - Diferenciação pedagógca na sociedade de informção, online e offline, criei um blogue para uso esccolar. Dei-lhe um título: Letras não são tretas.
Claro que tive de ter ajuda das formadoras e de colegas, porque o wordpress não era, de modo nenhum, "a minha praia".
Criado o blogue - como é bom ver um produto "nosso" -  tinha de o utilizar nas aulas. Foi ontem, então, que passei à prática.
Na sala, só havia um computador e convidei os alunos a utilizarem os seus telemóveis ou tablets. Ora, num universo de 27 alunos (um estava a faltar), havia um tablet e uns 25 telemóveis com ligação à internet.
Partilhámos, visionando-os, os posts que eu já havia colocado no blogue e passámos para a partilha de um trabalho sobre Os Maias realizado muito recentemente.
Falei-lhes de algumas regras, da desilusão que seria se fizessem um mau uso de todas as ferramentas disponíveis e que são extraordinárias na nossa vida.
E houve a escrita de alguns textos e envio de mensagens.
Terei de corrigir muita coisa, mas, embora ainda esteja tudo muito fresco, acho que houve mais "letras do que tretas", o que me deu muita satisfação.
E quem passasse junto à sala veria o uso de um instrumento proibido no Regulamento Interno,. mas, pelo sorriso empenhado dos alunos, logo se veria que era por uma boa causa.
Assim o espero.

6 comentários:

  1. Pois, olha, também eu estou a infringir o Regulamento Interno, com alunos a ler o 'Amor de Perdição' e 'Mensagem' online, nos IPad, nos telemóveis e nos tablets. Discurso de compromisso no início e... vamos ao trabalho.
    E não é que, passando por entre eles, estão mesmo a ler! Eu não gostaria, mas, já que assim é, VIVA A LEITURA!
    (Somos uns prevaricadores, uns instigadores das normas; em suma, uns atrevidos.)

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  2. Bora lá! Parabéns!
    E, embora digamos muitas vezes que não, os alunos sabem, com muita frequência, distinguir o uso bom e o uso mau do telemóvel!

    E, com a tarefa pensada pelo professor, eles leem mais. No tablet? Por que não?
    Beijinho
    M.

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  3. Viva Dolores! Viva Vitor!
    O professor do sec XXI é um abusador ... Ao que isto chegou!
    Pois quem visse a minha aula com o 12º7, questionava-se, certamente, sobre a minha sanidade mental. Todos os alunos estavam com os smartphones e alguns com auscultadores ... Mas é assim: para redigirem um texto de opinião sobre imigração, os alunos podiam optar pela leitura de uma notícia num jornal online ou pelo visionamente de um debate no Youtube, ambos publicados por mim no edmodo.com, no grupo da turma. Os alunos acederam à plataforma, e uns escolheram a notícia, outros o vídeo. Ora, quem está a ver um vídeo não pode incomodar quem está a ler... e como até trazem auscultadores com eles ...
    E, assim, decorreu uma parte da aula... Reading / listening seguido de writing na mesma plataforma. E, sem saber, ainda vão ler os textos uns dos outros...
    Por que havemos de contrariar a mudança se nos traz benefícios?

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  4. Que feliz que fiquei com o teu comentário. E vindo de uma das minhas Formadoras da Acção sobre Diferenciação Pedagógica na Sociedade de Informação (online e offline) ainda melhor!
    Apesar de tantos anos de profissão, não sei se programaria uma aula com os alunos a utilizarem a internet através dos seus telemóveis, se não tivesse frequentado a vossa Ação.
    Para mim, a Ação de Formação validou o uso das novas tecnologias que tão úteis podem ser nas aprendizagens e que tão próximas estão dos jovens.
    A utilização destes recursos, com o nosso olhar atento, é claro, ajuda a que os alunos saiam da aula com um sorriso pela oportunidade de interagir de forma responsável e aberta, como, de facto, se pretende no sáculo XXI..
    Não tenciono seguir sempre esta estratégia, mas acho que não passarei sem a utilizar com alguma regularidade, esperando estar ao serviço (eu, eles e os diversos recursos) de melhores e mais motivadoras aprendizagens.
    Um beijinho
    M.

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    1. Todas as estratégias são válidas, quando pensadas, planificadas, estruturadas e avaliadas. E, diz a experiência, não se deve seguir sempre as mesmas, sob pena de a motivação desaparecer (por a banalização acontecer). Afinal, a diferenciação estratégica faz tanto sentido quanto a diferenciação do público existente e a multiplicidade de inteligências a ativar. Nem todos respondemos da mesma maneira à mesma situação ou aos mesmos problemas. Behaviourismo e pedagogia por objetivos já tiveram o seu tempo. O que deles teve de se aproveitar já foi aproveitado. Por ora, interessa ir em frente, ver mais longe e canalizar os nossos entusiasmos tecnológicos para o uso efetivo e produtivo no contexto de aula. Desde que haja rede(s), claro! Quando não há, volta-se à base: a nossa voz, o quadro e a (re)descoberta de que eles também acabam por motivar (re)encontros felizes.
      Tudo o que nos ajudar no nosso desempenho e nas aprendizagens dos alunos é relevante.
      Dolores e Etelvira, é tão bom abusar por boas razões!
      Beijinhos às duas.

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  5. Olá, Vítor
    Obrigada pelo teu comentário - sempre tão estimulante!
    De facto, estou a gostar de usar, de vez em quando, o blogue na sala de aula (Letras não são tretas), mas as formas tradicionais de lecionação são e serão de preservar. As novas tecnologias sáo apenas complementares.
    Também concordo com a necessidade de "abusar" em muitos casos, sendo um deles o uso do telemóvel na aula para escrita e envio de textos partilhados.
    Pena é haver turmas tão numerosas, o que dificulta muito o trabalho sejam quais forem as estratégias.
    Um abraço
    Dolores

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