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Graça Morais
Quem planta uma floresta
Planta uma festa. Planta a música e os ninhos, Faz saltar os coelhinhos. Planta o verde vertical, Verte o verde, Vário verde vegetal. Planta o perfume Das seivas e flores, Solta borboletas de todas as cores. Planta abelhas, planta pinhões E os piqueniques das excursões. Planta a cama mais a mesa. Planta o calor da lareira acesa. Planta a folha de papel, A girafa do carrocel. Planta barcos para navegar, E a floresta flutua no mar. Planta carroças para rodar, Muito a floresta vai transportar. Planta bancos de avenida, Descansa a floresta de tanta corrida. Planta um pião Na mão de uma criança: A floresta ri, rodopia e avança. Luísa Ducla Soares A gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca Lisboa, Teorema, 1990 |
sábado, 7 de fevereiro de 2015
Plantar uma floresta
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As saudades que eu tinha de ler um poema assim. Estou num curso de literatura, farto-me de ler de tudo, do que me obriga a faculdade, do que gosto e do que me obrigo. Surpreendentemente, ao fim deste tempo todo ainda é a professora quem me mostra o que eu afinal até precisava de ler. Há coisas que não mudam.
ResponderEliminarBeijinho,
João Pedro
Ó João Pedro, como fiquei feliz com o teu comentário. Fico também feliz por estares numa área de que gostas.
ResponderEliminarE para além da escrita, não tens dito poemas?
Inesquecível aquela aula em que recitaste um poema e se fez completo e deslumbrado silêncio! Lembras-te, com certeza!
Um beijinho
Vai dando notícias
M.
Bem professora, eu nunca mais li um poema em voz alta desde as suas aulas. Também já não me sinto tão confortável a escrevê-los, ainda que tente desalmadamente recuperar o fôlego. Tento insistir também na prosa, uma paixão relativamente recente, mas o tempo escasseia e há muita coisa mais importante no caminho. Até o blog ficou abandonado durante muito tempo e aqui eu podia escrever todas as barbaridades que me apetecesse. Estou mais moderado mas ainda me sabe bem soltar aqui umas asneiras, a Internet é boa para isso.
ResponderEliminarAgora sou um apaixonado pela leitura. Eu lia bastante já, mas há ano e meio deixei de fumar (tinha de me gabar) e comecei a coleccionar dioptrias e a montar estantes aqui em casa para os livros que fui apanhando e devorando. Lembro-me muitas vezes de si e das aulas. Plantou-me o "bichinho" das palavras e ele nunca mais foi embora. Lembro-me particularmente de si quando penso que leio Orwell, Huxley, Faulkner, Joyce; vôo para Macondo perdido em Márquez, depois em Llosa; viro insecto, macaco e sou executado sem nunca perceber porquê com Kafka e podia continuar aqui até amanhã de manhã, mas o que me importa é que depois de tudo isto, mal pego em Eça, Saramago ou em Pessoa, sinto que estou em casa. Fico feliz a lê-los, como que se fizessem parte de mim. Sabe bem ler O português. Isso é muito mérito da sua aula. O amor ao que é de cá, ao excelente património literário que é o nosso.
Fico ansioso por ler mais de si.
Beijinho e felicidades.
João Pedro
Que bom, João Pedro, ter tão boas notícias, incluindo a de teres deixado de fumar. Parabéns.
ResponderEliminarCom todas as leituras que referes, espero ver textos teus publicados. Terás, com certeza, ótimas ideias e histórias a partilhar.
Lê, escreve, vive e vai dando notícias
Um beijinho
M.