Há uns meses, no regresso de Londres e devido a grande atraso no voo, dirigi-me a um café no aeroporto de Gatwick. Era hora do almoço. Em inglês, fiz o pedido ao balcão, A funcionária que me atendeu logo me perguntou se eu era portuguesa. Porque ela também era. Com largos sorrisos, acrescentou que estava a trabalhar naquele café havia um mês e que reconhecia sempre as pessoas do seu país. Sobretudo pelos traços do rosto, acrescentou ela, sem nunca perder o alegre sorriso aberto.
Como ela era muito comunicativa, eu tinha tempo e não havia fila, falámos um bocadinho.
Ainda não conhecia Londres, porque o seu dia a dia era casa-trabalho-casa e tinha de descansar.
Mas queria conhecer a cidade quanto antes, porque a curiosidade era grande desde os tempos de escola.
Passados uns tempos, apanhando de novo o avião no mesmo aeroporto, fui tomar um café naquele espaço da zona da restauração. Logo avistei a portuguesa, baixinha e com o cabelo forte enroscado no cocuruto.
Quando chegou a minha vez, fui atendida por outro funcionário. Ela, ao lado, entregava os tabuleiros a uns clientes, com ar sério e concentrado, sendo indiferente aos meus traços portugueses. Como se já tivesse dado para esse peditório. As pessoas também se cansam.