sexta-feira, 16 de novembro de 2018
segunda-feira, 12 de novembro de 2018
Retratos com histórias
Final da manhã de domingo. Na National Gallery, em Londres, uma atividade para crianças, acompanhadas pelos familiares. Numa sala "normal" do museu e num ambiente informal.
Bastaram cartolinas, lápis de cor, fios de lã, bocadinhos de papel colorido e pouco mais.
Ah, e muita simpatia e disponibilidade das monitoras.
Trabalho, aparentemente tão simples, que ensina tantas coisas às crianças e aos adultos: aprender a ver, a estar, a sentir, a fazer, a valorizar, a respeitar, a apreciar...
E é um serviço gratuito.
Pouco depois, outra atividade simples e maravilhosa: uma história contada a partir de um quadro de uma sala da Galeria. Durante uns trinta minutos, a contadora de histórias "agarrou" a atenção dos meninos presentes e dos seus acompanhantes.
Contou uma história a partir de um quadro (todos os domingos há quadros diferentes). Levou materiais mostrados na obra da arte, que ia tirando de uma caixa enquanto a história se desenrolava. Os meninos puderam tocá-los e até experimentá-los: tecidos de várias cores, um capacete, um escudo de proteção, uma grinalda...
O domingo estava ganho. E houve de certeza crianças e adultos com mais sorrisos e com vontade de voltar ao museu. Ouvi até uma menina que continuava, para si, a contar a história que a tinha fascinado.
Outro serviço também gratuito.
Comemorar com papoila ao peito
Este fim de semana, e não só, com certeza, chamava a atenção o uso de uma papoila vermelha na lapela por muitos homens e mulheres.
Havia-as de muitos materiais: cartolina, crochet, tecido...
Vi, depois, que várias instituições produzem-nas e vendem-nas para, assim, ajudar
famílias de vítimas da I Guerra, cujo final é celebrado em diferentes países.
Hoje, no Expresso Curto, é explicada a origem do uso das papoilas:
"Desde 1921 que se usam papoilas de cartão ao peito para honrar os caídos da guerra. A delicada flor vermelha foi escolhida por ser, pese embora a sua aparência frágil, a primeira a reflorescer depois de um campo ser arrasado pela guerra. Foi a professora americana Moina Michael quem promoveu a utilização das papoilas, vendidas para angariar fundos para os veteranos de guerra, inspirando-se no poema “Nos campos da Flandres”, escrito pelo tenente-coronel e médico canadiano John McRae, em 1915, em memória de um amigo morto na batalha de Ypres. Vale a pena reproduzi-lo na íntegra, em tradução livre do signatário destas linhas.
Nos campos da Flandres as papoilas florescem
Entre as cruzes, fila por fila,
Que marcam o nosso lugar; e no céu
As cotovias ainda cantam, bravas, voam
E mal se ouvem por entre os canhões lá em baixo.
Somos os Mortos. Há poucos dias
Vivíamos, sentíamos a madrugada, víamos o brilho do sol poente,
Amávamos e éramos amados, e agora jazemos
Nos campos da Flandres.
Prossigam o nosso combate com o inimigo:
A vós lançamos, de mãos que esmorecem,
A tocha; que seja vossa e que a ergais alto
Se trairdes a fé dos que morremos
Não dormiremos, ainda que as papoilas cresçam
Nos campos da Flandres."
Entre as cruzes, fila por fila,
Que marcam o nosso lugar; e no céu
As cotovias ainda cantam, bravas, voam
E mal se ouvem por entre os canhões lá em baixo.
Somos os Mortos. Há poucos dias
Vivíamos, sentíamos a madrugada, víamos o brilho do sol poente,
Amávamos e éramos amados, e agora jazemos
Nos campos da Flandres.
Prossigam o nosso combate com o inimigo:
A vós lançamos, de mãos que esmorecem,
A tocha; que seja vossa e que a ergais alto
Se trairdes a fé dos que morremos
Não dormiremos, ainda que as papoilas cresçam
Nos campos da Flandres."
quarta-feira, 7 de novembro de 2018
Tina Vallès - Vale mesmo a pena ler
Trata-se de um romance. Está dividido em 11 partes e cada uma delas é construída com onze textos, quase todos curtos. Todas as divisões e subdivisões têm um título.
Na capa, pode ler-se: "A história mágica e terna de uma criança que ajuda o avô a lutar contra a perda de memória".
Num registo verosímil, humano e poético, um menino de uns dez anos vai vivendo, juntamente com os pais e a avó, a regressão nos comportamentos do avô que revelam a progressiva perda de memória. A criança vai contando o que sente e observa. É como se as árvores, a que ambos estão tão ligados, fossem caindo devagar e sem remédio.
Apesar de alguma nostalgia, é um livro belíssimo e de leitura bastante breve.
Vale a pena ler - comprando ou pedindo emprestado.
Faz bem às boas memórias.
domingo, 4 de novembro de 2018
Maria Guinot - Agora o silêncio
Durante muitos anos, os festivais da canção eram marcos de muitos dias.
Apesar de achar que "não trovava a minha vida por um dia de ilusão", sempre gostei desta cantiga.
Maria Guinot morreu ontem aos 73 anos.
Deixou uma música que ficou na memória feliz de muita gente.
Ana Loureiro expõe na Casa das Artes, no Porto
"Palpation" foi o título escolhido por Ana Loureiro. A unir o conjunto de quadros e a obra das figuras representadas estão traços culturais e históricos com génese também na região francesa onde a arquiteta e pintora trabalha.
Vale a pena ir e visitar a exposição. E conhecer outras iniciativas da Casa das Artes, no Porto, como o debate e o cinema.
terça-feira, 30 de outubro de 2018
TAP - Tempo Abundantemente Perdido
A viagem que terminou antes de começar
Andava entusiasmada pela ideia
de ir a Madrid para revistar o Museu do Prado, onde não vou há anos.
Por estes dias seria possível. Uma das filhas ia lá em
trabalho, poderia acompanhá-la e olhar, devagar, pinturas como as de Velàzquez.
A atividade começaria às oito da manhã de segunda-feira e, por isso, comprámos o bilhete de avião para as 20.20 de domingo, dia 28 de outubro. O regresso seria na manhã de terça-feira, dia 30.
Quando entrámos no aeroporto, o placard indicava que havia atraso no voo.
Já na porta de embarque, esperámos, tal como todos os passageiros, na sua maioria espanhóis.
Ao balcão, estava uma funcionária a quem as pessoas iam perguntando para quando estava prevista a partida. Tinha havido uma avaria no radar em Lisboa que tinha condicionado o tráfego aéreo. Nada mais sabia. Não tinha mais informações. Logo que tivesse mais notícias, diria. Tínhamos de aguardar.
Umas quatro longas horas foram passando, durante as quais, a funcionária foi substituída por outro colega e este por outra. Todos muito jovens. Todos com a mesma resposta. Teríamos de aguardar.
No pequeno placard da porta, neste caso 6, apareceu que às 23 h haveria nova informação. Esperámos.
No pequeno placard da porta, neste caso 6, apareceu que às 23 h haveria nova informação. Esperámos.
Chegou pelas 23.30, pela voz da jovem funcionária: o voo para Madrid, previsto para as 20.20, foi cancelado.
Burburinho. Irritação. Porquê tanta espera? Por que não vinha um responsável dar uma justificação?
Daí a uns minutos, formava-se uma grande fila, no piso 3, para as reclamações, tal como foi indicado pela funcionária.
Pelas duas da manhã, após mais de duas horas na fila, tínhamos lugar num outro avião que partiria às 7.45.
Tal como os outros passageiros, fomos conduzidas até um hotel nas imediações do aeroporto. Teríamos de regressar pelas 6 da manhã. Nada mau. Podíamos dormir umas 3 h.
Ainda o dia era noite, chegámos ao
aeroporto. Em breve, a minha filha poderia participar de uma parte da sessão de trabalho e eu estaria próxima das pinturas de Velàzquez.
Olhámos para o placard. O voo estava atrasado. Às 9 h, haveria nova informação.
Mesmo assim, descemos. De novo até à porta 6.
Havia muitos passageiros: uns sentados, outros de pé, outros a interrogar a funcionária sobre a hora certa da partida.
Ela, tal como os colegas do dia anterior, nada sabia, nada podia afirmar, nada podia garantir sobre a hora do voo. A única informação que tinha era que havia um problema técnico no avião.
Uns minutos depois, informa ao microfone que o voo estava cancelado
e que os passageiros deveriam dirigir-se ao piso 3 para efetuarem as suas reclamações.
E tudo se repetiu como na noite anterior, passando, desta vez, ainda mais tempo na fila.
Uma possibilidade seria remarcar a viagem mas noutro dia. Impossível porque o tempo disponível em Madrid era escasso e o principal - que era o trabalho da minha filha - já se havia perdido.
Assim, voltámos a casa, depois de uma viagem que terminou antes de começar.
Mas, logo que tenha possibilidades, quero ir ao museu do Prado.
A viagem é curta e prefiro o avião, mas a TAP, enquanto me lembrar das doze horas em modo de espera e de dúvida, sei que não escolherei.
domingo, 28 de outubro de 2018
Também haverá flores
Fotos de Londres |
Nos últimos dias, sempre que posso, tenho percorrido as páginas deste meu blogue, para compilar imagens e pequenos excertos para um trabalho que estou a realizar.
Só hoje entrei nos posts de 2017. E eu, que sou muito crítica de mim mesma, gostei de muitas das pequenas coisas que vi e que vou partilhando com muito gosto, tornando tão bons tantos momentos dos meus dias.
E uma forte razão para esse contentamento são, para além do prazer da escrita e da leitura, as visualizações, alguns ecos que vou tendo, alguns comentários que vou recebendo.
Oxalá que o tal projeto que estou a realizar possa ter interesse e agradar.
Um dia, falarei dele mais em pormenor.
sábado, 27 de outubro de 2018
sexta-feira, 26 de outubro de 2018
E o jardim parece mais distante
Sentou-se no sofá habitual. À sua volta, o burburinho habitual.
Precisa de alguma coisa? Já viu que dia bonito está hoje? Vou já pôr as gotas. Daqui a bocadinho, vamos ao jardim e vai ver que as pernas nem doem tanto. Está calor? Olhe que a partir de agora vai estar mais fresquinho. Eu já vou aí apanhar o novelo que caiu. Está bem bonita a sua renda. Ninguém a quer? Vai ver como fica bem naquela mesa. Só um bocadinho, eu ajeito já a almofada. Levante a cabecinha, porque não quero vê-lo sempre a olhar para o chão. Não gosta deste programa de televisão porque só conta tristezas? Pois, mas também dá coisas giras.
Quando formos passear um bocadinho, pode contar como conheceu o amor da sua vida. Está a ver, teve essa felicidade. Olhe que nem toda a gente se pode gabar disso. Pronto, está tudo em ordem. Se quiserem alguma coisa, chamem. Eu volto já já. Não, não, não demoro nada.
Afinal, o passeio ao jardim ficou adiado. A televisão continua em gritaria a pedir que telefonem para um número que parece tortura de tão repetido.
E o jardim do amor fica mais distante.
Tina Vallès - vale a pena ler
Tinha visto há tempos uma referência muito elogiosa sobre este livro, no Expresso Curto.
Ontem, comprei-o e logo li algumas páginas. É um romance construído de textos curtos e poéticos onde se respira carinhosa humanidade.
Como se deduz pela capa, um adulto, o avô, e uma criança, o neto, assumem papel principal.
A autora, Tina Vallès, é jovem e natural de Barcelona.
Em breve, direi mais alguma coisa sobre o livro.
Será que todas as páginas me vão encantar tanto como as primeiras?
quinta-feira, 25 de outubro de 2018
"Como de água para a boca"
Às vezes, dou comigo a pensar na transformação provocada por uma pessoa ou por um pequeno número de pessoas. Para o bem e para o mal.
E isto passa-se desde o espaço doméstico ao governo de um país ou no contexto mundial. O papel de uma pessoa pode modificar o ambiente de uma casa ou de uma família, abrindo-a à alegria, ao amor, à atenção solidária ou criando solidões, queixumes, desconfianças e bodes expiatórios.
O mesmo se passa em muitas instituições e empresas. Muitas vezes, os dirigentes, sobretudo quando estão no cargo demasiado tempo, passam a dizer "eu" - eu fiz, eu faço, eu farei... O que está subjacente é o aviso de que "eu quero, posso e mando", revelador da intenção de se engrandecer individualmente e menorizar o trabalho dos outros, sobretudo daqueles com quem não se cria empatia por divergências diversas.
Ora, se assim for, diminui o estímulo à melhoria constante a nível humano e profissional, sendo ampliado o egocentrismo, o amiguismo e o mau ambiente.
A nível da governação mais alargada, acontece o mesmo. Há figuras, como o Presidente da República, que podem impulsionar o país, levando-o a acreditar nas suas potencialidades e a fazer cada vez mais e melhor ou, pelo contrário, a cerrar o rosto e a sentir o vazio da incomunicação e da medrosa mesquinhez.
Pela positiva é, sem dúvida, o caso de Marcelo Rebelo de Sousa (às vezes, pecando por excesso); pela negativa, surge(-me) logo Aníbal Cavaco Silva - tantas vezes pecando pelos defeitos que sempre explicitou como virtudes.
A nível internacional, o cenário não é nada melhor, proliferando fontes de mentira, desrespeito e corrupção.
O país e o mundo precisam cada vez mais de bons exemplos!
Como de água para a boca.
terça-feira, 23 de outubro de 2018
Se eu sabia, tinha escolhido outro título!!!!
Depois de muito pensar e de alterar, acabei por escolher o título A velha Casa e outros dias para o meu livro que publiquei em junho na Editora Lugar da Palavra.
Como é um diário (com realidade mas também ficção), havendo muitos dias passados numa velha casa e histórias de muitos mais, acabei por escolher este título que achei assentar bem.
Vejo agora que o último livro de Cavaco Silva tem também "outros dias" no título. E se o político, que sempre disse não ser político, mas que é sobretudo político, fosse da minha predileção, ficaria até contente. Como não é, tenho pena.
Há dias assim!
sábado, 20 de outubro de 2018
E às vezes dizemos que "são todos iguais"!
Não, não estou a falar dos políticos, mas de alguém que emigrou há dois anos, após a morte da mãe. O pai trabalhava em França e arranjou-lhe trabalho na construção civil, mas que se arranjasse sozinho a partir daí.
Quando pôde, veio passar uns dias de férias em casa de uma tia que, após ficar desempregada, andava sempre deprimida e encharcada de medicamentos.
Ele interrogava-se se valia a pena ter vindo porque a tia dormia de dia e vagueava pela casa de noite, continuando sozinho.
Um dia, foi à procura de amigos, mas não os encontrou. Chegou a casa, a tia estava acordada e começou-lhe a falar da morte da mãe e dos defeitos do pai até adormecer, com os olhos meio abertos. O rapaz foi ao frigorífico, bebeu toda a cerveja que havia, pôs-se a falar muito alto, acordou os vizinhos que vieram ver o que se passava e se era preciso alguma coisa.
O rapaz, que tinha acabado de fazer dezoito anos, chorava e dizia que só precisava de amor.
sexta-feira, 19 de outubro de 2018
Os amigos e certas canções vêm sempre no tempo certo!
O Vítor Oliveira (blogue http://carruagem23.blogspot.com/2018/10/mau-comeco.html),
num comentário ao meu post após a morte de Charles Aznavour, sugeriu também:
"Tous les visages de l'amour" (ou a mais conhecida 'She') -
Cantigas para o mundo e para a eternidade.
Obrigada, Vítor! Que bom termos bons amigos e belas canções!
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