sábado, 27 de outubro de 2018

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

E o jardim parece mais distante


Sentou-se no sofá habitual. À sua volta, o burburinho habitual.
Precisa de alguma coisa? Já viu que dia bonito está hoje? Vou já pôr as gotas. Daqui a bocadinho, vamos ao jardim e vai ver que as pernas nem doem tanto. Está calor? Olhe que a partir de agora vai estar mais fresquinho. Eu já vou aí apanhar o novelo que caiu. Está bem bonita a sua renda. Ninguém a quer? Vai ver como fica bem naquela mesa. Só um bocadinho, eu ajeito já a almofada. Levante a cabecinha, porque não quero vê-lo sempre a olhar para o chão. Não gosta deste programa de televisão porque só conta tristezas? Pois, mas também dá coisas giras.
Quando formos passear um bocadinho, pode contar como conheceu o amor da sua vida. Está a ver, teve essa felicidade. Olhe que nem toda a gente se pode gabar disso. Pronto, está tudo em ordem. Se quiserem alguma coisa, chamem. Eu volto já já. Não, não, não demoro nada.

Afinal, o passeio ao jardim ficou adiado. A televisão continua em gritaria a pedir que telefonem para um número que parece tortura de tão repetido.
E o jardim do amor fica mais distante.

Tina Vallès - vale a pena ler


Tinha visto há tempos uma referência muito elogiosa sobre este livro, no Expresso Curto. 
Ontem, comprei-o e logo li algumas páginas. É um romance construído de textos curtos e poéticos onde se respira carinhosa humanidade.
Como se deduz pela capa, um adulto, o avô, e uma criança, o neto, assumem papel principal.
A autora, Tina Vallès, é jovem e natural de Barcelona.
Em breve, direi mais alguma coisa sobre o livro. 
Será que todas as páginas me vão encantar tanto como as primeiras?

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

"Como de água para a boca"


 Às vezes, dou comigo a pensar na transformação provocada por uma pessoa ou por um pequeno número de pessoas. Para o bem e para o mal.
E isto passa-se desde o espaço doméstico ao governo de um país ou no contexto mundial. O papel de uma pessoa pode modificar o ambiente de uma casa ou de uma família, abrindo-a à alegria, ao amor, à atenção solidária ou criando solidões, queixumes, desconfianças e bodes expiatórios.
O mesmo se passa em muitas instituições e empresas. Muitas vezes, os dirigentes, sobretudo quando estão no cargo demasiado tempo, passam a dizer "eu" - eu fiz, eu faço, eu farei... O que está subjacente é o aviso de que "eu quero, posso e mando", revelador da intenção de se engrandecer individualmente e menorizar o trabalho dos outros, sobretudo daqueles com quem não se cria empatia por divergências diversas. 
Ora, se assim for, diminui o estímulo à melhoria constante a nível humano e profissional, sendo ampliado o egocentrismo, o amiguismo e o mau ambiente.
A nível da governação mais alargada, acontece o  mesmo. Há figuras, como o Presidente da República, que podem impulsionar o país, levando-o a acreditar nas suas potencialidades e a fazer cada vez mais e melhor ou, pelo contrário, a cerrar o rosto e a sentir o vazio da incomunicação e da medrosa mesquinhez.
Pela positiva é, sem dúvida, o caso de Marcelo Rebelo de Sousa (às vezes, pecando por excesso); pela negativa, surge(-me) logo Aníbal Cavaco Silva - tantas vezes pecando pelos defeitos que sempre explicitou como virtudes.
A nível internacional, o cenário não é nada melhor, proliferando fontes de mentira, desrespeito e corrupção.
O país e o mundo precisam cada vez mais de bons exemplos!
Como de água para a boca.


terça-feira, 23 de outubro de 2018

Se eu sabia, tinha escolhido outro título!!!!



Depois de muito pensar e de alterar, acabei por escolher o título A velha Casa e outros dias para o meu livro que publiquei em junho na Editora Lugar da Palavra.
Como é um diário (com realidade mas também ficção), havendo muitos dias passados numa velha casa e histórias de muitos mais, acabei por escolher este título que achei assentar bem.

Vejo agora que o último livro de Cavaco Silva tem também "outros dias" no título. E se o político, que sempre disse não ser político, mas que é sobretudo político, fosse da minha predileção, ficaria até contente. Como não é, tenho pena. 

Há dias assim!


sábado, 20 de outubro de 2018

E às vezes dizemos que "são todos iguais"!

Não, não estou a falar dos políticos, mas de alguém que emigrou há dois anos, após a morte da mãe. O pai trabalhava em França e arranjou-lhe trabalho na construção civil, mas que se arranjasse sozinho a partir daí.
Quando pôde, veio passar uns dias de férias em casa de uma tia que, após ficar desempregada, andava sempre deprimida e encharcada de medicamentos.
Ele interrogava-se se valia a pena ter vindo porque a tia dormia de dia e vagueava pela casa de noite, continuando sozinho.
Um dia, foi à procura de amigos, mas não os encontrou. Chegou a casa, a tia estava acordada e começou-lhe a falar da morte da mãe e dos defeitos do pai até adormecer, com os olhos meio abertos. O rapaz foi ao frigorífico, bebeu toda a cerveja que havia, pôs-se a falar muito alto, acordou os vizinhos que vieram ver o que se passava e se era preciso alguma coisa.
O rapaz, que tinha acabado de fazer dezoito anos, chorava e dizia que só precisava de amor.

Sara Tavares - Coisas (simples e) bonitas!

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Os amigos e certas canções vêm sempre no tempo certo!



O Vítor Oliveira (blogue http://carruagem23.blogspot.com/2018/10/mau-comeco.html),

num comentário ao meu post após a morte de Charles Aznavour, sugeriu também:

"Tous les visages de l'amour" (ou a mais conhecida 'She') -
Cantigas para o mundo e para a eternidade.


Obrigada, Vítor! Que bom termos bons amigos e belas canções!


Aznavour - tous les visages de l'amour - SHE 1975

Charles Aznavour - She 1977

Resende - no Porto e em Gondomar (para além de tantos outros lugares)


De vez em quando, visito a Fundação Júlio Resende, em Gramido, Gondomar.
Vale a pena lá ir. Para além de a Fundação promover muitas iniciativas, há sempre uma exposição de trabalhos do Mestre Júlio Resende e outra temporária de diferentes autores.
E há luz e há silêncio e há música de fundo a tocar suave e há simpatia na receção e há um cafezinho no bar e há objetos à venda com desenhos do pintor...

Fica muito perto do rio, de várias esplanadas, de um passadiço muito agradável onde se pode queimar calorias e mergulhar os olhos na paisagem.

Um dia, há alguns anos, visitei com alunos a Fundação Júlio Resende. Tal como fazia com frequência, o Mestre veio receber-nos falando com tal simpatia e sentido da Vida que, julgo, não terá sido em vão.
Pena é que muitos Gondomarenses não conheçam a Fundação Júlio Resende. 
Às vezes, estas coisas demoram.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Eu incluiria as pessoas!


Postal enviado pelo Clube das Histórias

sábado, 13 de outubro de 2018

Lar (pouco) doce lar!

Ouvi, há poucos dias, este diálogo/monólogo.  
Foi num pequeno café. 

- A sopa soube-me bem. Estava bem feitinha. Foi feita com amor, de certeza. A cozinheira do lar devia fazer formação. É deslavada a sopa dela. Desconfio que acrescenta água para a fazer render. 

Ontem, quando soube que ia ser bacalhau com natas, fiquei toda contente, mas quando o vi, perdi o apetite. As natas pareciam cruas de tão esbranquiçadas. Resolvi dizer que não me apetecia para não parecer esquisita e ser criticada.

Sabe como é!!! E muitas vezes fico farta de ouvir queixumes dos meus companheiros. Tudo é triste, tudo está mal, tudo dói...

Sim, pelo que vejo, estou muito bem. 

Não pareço que tenho 94 anos? Olhe que já os fiz. E ainda faço renda. Agora ando a consertar uma toalha do lar. Parecia roída dos ratos.

Mas tenho uma companheira que tem razão em queixar-se. Levaram-na para lá ao engano. Disseram-lhe que era só um fim de semana e nunca mais lá foram. Não se faz. Merecia que lhe fizessem o mesmo.

É assim. E não gosto de problemas. Passo muito tempo sozinha no meu quarto. Gosto de ouvir música e ver concursos com perguntas de cultura geral. A ver se ainda me lembro.

Sou muito feliz por ser autónoma. Poupei sempre ao longo da minha vida pra não ser pesada aos filhos.

O lar tem um jardim. Não é muito grande, mas tem flores e duas árvores bonitas.

Vou lá todos os dias. Às vezes, apanho uma flor e ponho-a na jarrinha do meu quarto.

Na minha casa, sempre tive flores nos canteiros.

Cheguei a dizer ao meu filho que gostava de levar um para o lar. Podia tratar dele e estava entretida. Não respondeu e fiquei sem saber se me ouviu.

Vou telefonar ao meu neto mais novo se me quer ir visitar.  Há tanto tempo que não os vejo.

Fez-me tão bem ter saído hoje por um bocadinho. 


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Sim, concordo!

Enviado por MM   www.faroldasletras.pt
E acrescenta: 
"Este quadro devia estar à entrada de todas as escolas!"

Outono - ontem, antes da (boa) chuva de hoje!


terça-feira, 9 de outubro de 2018

Autumn Leaves - Yenne Lee

domingo, 7 de outubro de 2018

Carlos Gardel - "Volver" - sempre de volta

Estrella morente - Volver

Viajar pela imagem de viajante


Perito Moreno - Argentina

Torres de Paine - Chile
Obrigada, F, pelas belas fotos. Desfruta da bela Natureza.







Há tempos, li este livro que conta histórias
muito interessantes de gentes e lugares da Patagónia.
Vale a pena ler e ver.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Nobel da Paz 2018 - Contra a violência sexual



Denis Mukwege e Nadia Murad foram vencedores do Nobel 2018
Foto: Vincent Kessler e Lucas Jackson/Arquivo Reuters
 
"A ex-escrava sexual do grupo extremista Estado Islâmico Nadia Murad e o médico ginecologista Denis Mukwege ganharam o Prêmio Nobel da Paz 2018 por seus esforços para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra e conflito armado. O anúncio dos vencedores foi feito na manhã desta sexta-feira (5), em Oslo, na Noruega.
Denis Mukwege, de 63 anos, passou grande parte de sua vida adulta ajudando as vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo, na África, e lutando por seus direitos. Ele e sua equipe trataram cerca de 30 mil vítimas desses ataques, desenvolvendo grande experiência no tratamento de lesões sexuais graves."
In https://www.geledes.org.br/nobel-da-paz-2018-vai-para-ativistas-que-lutam-contra-violencia-sexual/