terça-feira, 21 de março de 2017

Digamos um poema


Recebi, da Bertrand, este excerto de um poema do heterónimo Ricardo Reis, 
enquanto pensava num texto que poderia postar para celebrar O Dia Mundial da Poesia.
Logo o adotei, porque sempre gostei deste poema, tendo-o partilhado muitas vezes com os alunos. 
Como termina o Expresso Curto de hoje, "É tudo. Digam um poema".

segunda-feira, 20 de março de 2017

"O Dia do Pai cujos filhos emigraram"

Transcrevo um excerto do Expresso Curto de hoje,
 porque tenho uma filha emigrante e identifico-me muito
 com o que aqui é dito por Nicolau Santos.



"Ontem passou mais um Dia do Pai. O nome devia mudar para Dia do Pai do Emigrante. É que há poucas famílias da chamada classe média que não tenham pelo menos um filho emigrado, 
 quando não dois ou mesmo três. No meu círculo de amigos, um dos casais tem os dois filhos fora, ele em Sidney, ela em Londres; outro, tem a única filha em Edimburgo; outro ainda tem uma filha em Londres, outra na Escócia e só uma vive cá; outro tem duas filhas em Londres e outra cá; eu tenho um filho em Sillicon Valley e a filha cá.
É bom para eles? Fora de causa. É muito bom, do ponto de vista profissional e financeiro, além da rede de contactos que entretanto constroem e que lhes será muito útil pela vida fora. Além disso, tornam-se cidadãos do mundo e ficam aptos a trabalhar em qualquer ponto do globo. A contrapartida é que não voltam – ou muito poucos voltarão. Por falta de oportunidades profissionais interessantes mas também pela baixa remuneração que lhes é proposta e que não tem qualquer comparação com o que lhes é oferecido no estrangeiro, com os estudos que fizeram e com o trabalho que desenvolvem. Mais que não fosse – e há outras razões que dificultam o regresso, como relacionamentos afectivos com pessoas doutros países entretanto estabelecidos – aqueles motivos são mais que suficientes para não pensarem voltar a Portugal, pelo menos tão cedo.

É que a esmagadora maioria não emigrou porque estivesse desempregado. Estavam quase todos a trabalhar. Emigraram porque o que aqui lhes pagavam era demasiado irrisório e sem perspectivas de melhoria rápida para quem sabe o que valem os conhecimentos especializados que dominam.

É essa uma das conclusões de um estudo promovido pela Fundação AEP com o apoio da União Europeia/Feder, que está a ser realizado há alguns meses junto da Diáspora (com especial incidência na Europa), sob a direção do investigador Pedro Góis, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e que será revelado em meados de Abril.

E a prova é que embora mais de 70% desses jovens portugueses qualificados digam que querem regressar, 66,8% dizem que não pensam fazê-lo antes de três anos e quase 40% acrescentam que não pensarão em tal coisa antes de cinco anos. É, como se compreende, uma resposta de alguém que precisa de tempo para decidir. Mas que também precisa de estímulos para regressar: projetos interessantes e inovadores e remuneração compatível. E isso não se vê no horizonte. Pelo contrário. O processo de ajustamento devastou a economia portuguesa. Antes da crise, Portugal tinha 35 empresas entre as 100 maiores da Península Ibérica. Agora tem apenas seis. Quem pode agora oferecer salários competitivos e projetos desafiadores para fazer regressar a maioria dos jovens talentos que emigrou? Quase nenhuma empresa, como é óbvio. O país perdeu a maioria da geração mais bem preparada que alguma vez teve."

Nicolau Santos, in Expresso Curto, 20 de março 2017

quinta-feira, 16 de março de 2017

Goivos, primavera e caminhada

Há dias, fiz uma pequena caminhada nas imediações da minha casa. 
Estava sol e as cores das flores estavam bem vivas. Das camélias, das magnólias e de muitas outras, mais próximas da terra e aos olhos de quem vive perto delas ou de quem por lá passa. 
Foi quando senti o perfume dos goivos a um clique da minha infância.
A primavera também é assim: fazer renascer boas imagens, sejam elas visíveis aos olhos ou à alma.
E as caminhadas, ainda que pequenas, revelam estas e outras coisas igualmente simples, sem as quais os dias seriam menos primaveris.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Música em Igrejas


Acho uma belíssima ideia os concertos de música clássica em Igrejas. Já assisti a alguns.
Deve ser, por exemplo, maravilhoso assistir a concertos na Sé do Porto, na Igreja de S. Lourenço (mais conhecida pela Igreja dos Grilos), etc. Ainda não assisti a nenhum, mas espero fazê-lo em breve.
A concertos na Igreja da Lapa, também no Porto, já fui mais vezes e são sempre belíssimos momentos pela emoção que é passada naquele espaço em que a Música leva ao profundo silêncio e ao calar dos telemóveis.
Em Londres são também frequentes os concertos para crianças, também realizados em igrejas. Melhor espaço não podia ser escolhido.
No Porto, os concertos em Igrejas que conheço são para todas as idades. 
Melhor espaço não podia também ser escolhido.

Espiritualidades

Ontem, fui à missa na Igreja da Lapa, no Porto, e gostei muito. Pela atualidade e pertinência de temas também abordados na homilia (corrupção); pela música tocada pelo Órgão de Tubos - Sinfonia da Paixão de Cristo - e, particularmente, pela que foi cantada por uma cantora lírica que, no final da cerimónia religiosa, foi aplaudida; pela consistência da linguagem do Pároco que parecia fugir a lugares comuns e a artifícios; pelas muitas pessoas que havia na Igreja; pelas diferentes idades dos participantes na missa...
Pelo que sei, é uma Igreja que vai convocando muitas pessoas também através da Música: nas missas e em concertos, sendo anunciado o próximo: 25 de março.
E ficou-me uma das frases que ouvi na homilia: " A arte exprime melhor do que o discurso".
Esta missa de domingo fez-me sentir a espiritualidade que procurava e que me levou àquela Igreja. Felizmente, porque nem sempre (me) acontece.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Apesar de tudo

Haja tempo!

Se olharmos com alguma atenção, logo vemos as árvores e as flores a mostrar a sua revigorada beleza, nestes belos prenúncios de primavera. 
Gosto muito destes dias de sol com tantas cores e perfumes a renascer à nossa volta (mais facilmente encontrados por quem não vive na cidade, como é o meu caso).
Felizmente, muitas cidades já não dispensam espaços verdes e floridos.
E destaco as árvores de fruto que começam agora a florir.
As magnólias e as camélias estão no seu auge - imensa beleza, embora efémera porque cada flor tem vida curta. A árvore-mãe é que, incansável, vai renovando sempre a sua produção, mesmo com chuvas e ventos do inverno.
 A atual exuberância da natureza parece incutir novo ânimo na nossa vida.
Faça bom ou mau tempo.

Todas diferentes


segunda-feira, 6 de março de 2017

Excuse Me! Sorry!

Festival da canção


Não vi o festival todo. Confesso que tenho dificuldade em permanecer tanto tempo, vendo e ouvindo, repetidas vezes, os mesmos números de telefone, os mesmos excertos de canções - embora reconheça que tal é necessário. 
Para não falar da publicidade.
No entanto, gosto sempre de ouvir as canções vencedoras de antigos festivais, sobretudo bem cantadas como foi o caso de ontem.
Quanto ao festival deste ano, vi e ouvi, pela primeira vez, este jovem cantor - Salvador Sobral - e fiquei rendida. Pela simplicidade, pela verdade, pela harmonia, pela entrega a uma bonita canção que apetece cantarolar.
E, claro, lembrei-me dos antigos festivais da canção que faziam parar o trânsito e eram motivo de conversa em toda a parte. Também não havia todas as opções de canais nem de redes sociais que hoje existem. Nem o termo zapping era usado porque não tinha aplicação à realidade.
Possam canções como esta permitir fazer zapping  de tantos artifícios da vida nacional.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Milagre!!!

A presidente do Conselho de Finanças Públicas, drª Teodora Cardoso falou de "milagre do défice".
 Sobrenatural à parte, lembrei-me de um poema de Manuel Bandeira (1886-1968), poeta brasileiro:

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Máscaras de Veneza

Às vezes penso que gostava de ir a Veneza nesta altura do Carnaval, mas ficaria, com certeza, dececionada. 
Imagino os milhares e milhares de turistas em busca - tal como eu, se fosse lá - do misterioso romantismo que as belas máscaras transmitem.
Também as comprei, pequeninas, numa das encantatórias praças de Veneza, como qualquer turista que por lá passe e queira ficar com uma recordação daqueles lugares, mas sem gastar muito dinheiro.
Por vezes, olho para elas e penso nos dias felizes que lá vivi, porque há pequenos objetos que não deixam os lugares nem as memórias desaparecerem.
E isso talvez seja ainda melhor do que assistir, in loco, a um desfile de Carnaval em Veneza.
Talvez.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

domingo, 26 de fevereiro de 2017

“A Noite da Iguana”, de Tennessee Williams (1911-1983)

A peça está no Teatro Nacional de S. João, no Porto e fui vê-la ontem à noite.
O ator principal é Nuno Lopes, mas relevantes são também Maria João Luís, Isabel Munoz Cardoso e muitos outros que trabalham em palco durante umas duas horas e meia, criando ambientes sombrios mas humanos.
É um espetáculo longo porque a noite também é longa, passada num hotel fraco da costa do Pacífico. O hotel é gerido por uma mulher que acabara de perder o marido que não amava. Um dos hóspedes é um ex-pastor religioso que foi caindo em abismos empurrado pelo álcool, atraído por raparigas muito jovens, mergulhado em desespero e que tenta sobreviver como guia turístico de senhoras católicas dando-lhes a conhecer monumentos do México.
Duas outras personagens são um avô e uma neta, ele poeta de pouco talento e ela, pintora que tenta vender os seus quadros, mas não consegue. Vivem na miséria e pedem para ficar no hotel, apesar de não poderem pagar. 
E todos dialogam sobre a sua condição - por vezes de modo dramático, outras com humor, embora sarcástico.
Ah! E existe uma iguana presa que acaba por ser libertada.
Tal como qualquer uma das personagens desejaria. O final deixa entrever a esperança.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

O piano

Numa velha casa ligada à minha infância, havia um piano. Que era um mistério porque estava sempre fechado. 
Eu, menina, e não só, certamente, pensava quem o teria trazido para ali e quem o teria tocado.
Imaginava até dedos finos e ágeis a tocar uma música harmoniosa. 
Talvez o piano lá continue, embora desafinado, no silêncio vazio da casa.
Talvez continue a preencher felizes pedacinhos de imaginação.

A menina e o piano - Mario Laginha e Bernardo Sassetti

Nomes - Alice

Nomes - Beatriz

"Cidade global" - Museu de Arte Antiga


 Esta pintura - "A Rua Nova dos Mercadores -, inserida na exposição, é verdadeira ou falsa?
 Uma polémica no atual mundo das Artes.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Banco bom!