sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
"Todas as Cartas de Amor são Ridículas"
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Uma carta de Pessoa a Ophélia...
Bébézinho
do Nininho-ninho
Oh!
Venho só quevê pâ dizê ó Bébézinho que gostei muito da catinha d’ella. Oh!
E
tambem tive munta pena de não tá ó pé do Bébé pâ le dá jinhos.
Oh! O
Nininho é pequinininho!
Hoje o
Nininho não vae a Belem porque, como não sabia s’havia carros, combinei tá aqui
ás seis o’as.
Amanhã,
a não sê qu’o Nininho não possa é que sahe d’áqui pelas cinco e meia (isto é a
meia das cinco e meia).
Amanhã
o Bébé espera pelo Nininho, sim? Em Belem, sim? Sim?
Jinhos,
jinhos e mais jinhos
Fernando
31/05/1920
sábado, 7 de fevereiro de 2015
Plantar uma floresta
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Graça Morais
Quem planta uma floresta
Planta uma festa. Planta a música e os ninhos, Faz saltar os coelhinhos. Planta o verde vertical, Verte o verde, Vário verde vegetal. Planta o perfume Das seivas e flores, Solta borboletas de todas as cores. Planta abelhas, planta pinhões E os piqueniques das excursões. Planta a cama mais a mesa. Planta o calor da lareira acesa. Planta a folha de papel, A girafa do carrocel. Planta barcos para navegar, E a floresta flutua no mar. Planta carroças para rodar, Muito a floresta vai transportar. Planta bancos de avenida, Descansa a floresta de tanta corrida. Planta um pião Na mão de uma criança: A floresta ri, rodopia e avança. Luísa Ducla Soares A gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca Lisboa, Teorema, 1990 |
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
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