quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

PRIYA E A TIGELA MÁGICA



Um conto do Tamil Nadu (1) 

Era uma vez uma menina chamada Priya que vivia com o seu querido pai e a madrasta em Tamil Nadu, no sul da Índia. A madrasta de Priya era atraente e andava sempre muito bem vestida, mas quem a olhasse atentamente conseguia descobrir-lhe um brilho de aço nos olhos. Priya era resplandecente como uma flor de lótus, mas havia tristeza no fundo dos seus olhos meigos. A mãe de Priya tinha morrido há alguns anos e o pai, como era vendedor ambulante, andava sempre em viagem. Priya levava a vida confinada a quatro paredes, satisfazendo todo e qualquer capricho da sua madrasta cruel.
Quando o pai de Priya estava em casa, a madrasta chamava a enteada com voz doce e aveludada. “Priya querida, onde estás?”, cantarolava. No entanto, quando estava para fora, a sua língua afiada golpeava o ar como a faca do carniceiro. “Ó sua estúpida, chega aqui imediatamente!” ou “Sua lesma, nunca mais te despachas!”, gritava, então. O que quer que Priya fizesse, nunca estava bem.
Na manhã do seu décimo segundo aniversário, Priya acordou particularmente triste. Na semana anterior, o pai tinha partido numa longa viagem e ainda não tinha regressado. Curvou-se perante a imagem da Deusa Durga (2) que a mãe lhe tinha dado. “Durga Ma, ajuda-me,” pediu. Estava ainda a rezar quando ouviu a madrasta chamar por ela aos gritos. Pôs-se de pé de um salto. A madrasta esperava-a com aquele brilho malvado nos olhos e um sorriso velhaco nos lábios. “Chegou a altura de ganhares a tua vida,” disse. Rapou o arroz da véspera do fundo do tacho, embrulhou-o num pano sujo e atirou-o a Priya, que o agarrou com as suas mãozinhas frágeis. “Vai!” E empurrou Priya para fora de casa, batendo de seguida com a porta.
Priya ficou a olhar para o imenso céu azul, soluçando amargamente. Para onde é que ia agora? Com quem iria viver? As tias e os tios viviam a centenas de quilómetros dali e os poucos amigos que tinham eram pobres. Como poderia ela sobrecarregá-los com o fardo que seria terem mais uma boca para alimentar?
Caminhou até as pernas lhe doerem e não conseguir dar mais um passo. Parou num parque junto a uma banyan (3). “Ninguém me expulsará daqui”, pensou. Atou a trouxa da comida a um ramo da banyan e sentou-se no meio das raízes retorcidas da árvore. Minutos depois, estava a dormir.
Enquanto dormia, o fruto verde e redondinho da banyan abriu-se e de lá de dentro saíram minúsculas ninfas da floresta, as vanadevata. Viram Priya a dormir e a trouxa suspensa do ramo. Desataram a trouxa e provaram o arroz azedado. “Que suculento!”, disseram. Era a primeira vez que as vanadevata comiam arroz azedado; no céu que habitavam, comiam sempre pratos delicados. Olharam Priya, semiadormecida, e gostaram dos seus olhos bondosos. “Antes de nos irmos embora, ofereceremos à menina algo em troca”, decidiram.
Quando Priya acordou, sentiu fome. Pegou na trouxa e abriu-a. Na vez do arroz, que tinha desaparecido, estava uma tigela de barro vazia. Segurou na tigela com ambas as mãos e os seus olhos encheram-se de lágrimas. “Quem é que terá comido o meu arroz?”, balbuciou. Nesse preciso momento, as minúsculas vanadevata surgiram de dentro da tigela. Fizeram uma vénia a Priya e disseram: “Somos espíritos da floresta e estamos muito tristes por termos comido o teu arroz. Para te compensarmos, faremos chegar até ti toda a comida que desejares. O que é que gostarias de comer?” Priya piscou os olhos de perplexidade. A única pessoa que alguma vez lhe perguntara o que queria comer tinha sido a mãe, mas passara-se tanto tempo que já mal se lembrava disso.
“O que é que gostarias de comer?”, perguntaram de novo as vanadevata.
Priya estava cheia de fome. “Qualquer coisa”, respondeu.
As vanadevata serviram-lhe, então, pratos de caril, arroz de açafrão, romãs maduras e papaias doces como o mel.
“Obrigada”, exclamou Priya com o coração cheio de gratidão. “Muito obrigada!” Uniu as palmas das mãos e agradeceu aos espíritos, certa de que Durga Ma os enviara. Começou, então, a comer aqueles pratos deliciosos, mas sentiu dificuldade em acabá-los. “É comida a mais para mim”, disse.
As vanadevata apareceram prontamente e pegaram nas sobras e nos pratos sujos.
“ A tigela de barro que deixámos provirá sempre às tuas necessidades de cada vez que a segurares nas tuas mãos e chamares por nós”, disseram. A seguir, curvaram-se ante Priya e desapareceram. Priya agarrou com força na tigela de barro. Era mágica! Nunca mais teria de passar fome. Correu para casa rapidamente para contar à madrasta o que tinha acontecido.
A madrasta, contudo, não queria deixá-la entrar. “Estou farta das tuas histórias! Vai-te embora! Desaparece!” E empurrou Priya para fora de casa.
Enquanto caminhava, Priya lembrou a história que a mãe lhe contava sobre Durga Ma: a deusa haveria sempre de protegê-la. Por isso, foi com a tigela ao templo. Aí, encontrou um swami (4) que gentilmente a autorizou a ficar. A tigela mágica proporcionava-lhe todas as refeições, tal como as vanadevata haviam dito. Uns dias mais tarde, porém, pensou consigo mesma: “De que me serve tanta comida se não a posso partilhar?”
Acompanhada pelo swami, decidiu, então, ir de porta em porta convidar as pessoas para uma refeição no templo. Também foi a casa convidar os pais.
Quando a madrasta viu Priya, pôs os olhos em frincha e fungou: “Sua parva! Porque é que voltaste? Bem sabes que o teu pai não está aqui.”
“Vim convidar-vos para jantar amanhã no templo”, disse Priya com determinação.
“O quê??!”, escarneceu a madrasta. “Para comer bagas e ossos, não é?” E desatou a rir com tanta força que quase caiu. Não, ela não iria ao templo e muito menos diria ao marido fosse o que fosse.
Na noite do jantar, uma multidão de pobres reuniu-se no jardim do templo. Priya apareceu com a sua tigela.
“Que linda tigela!”, disseram.
Priya contou-lhes como a tinha arranjado e como tinha sido abençoada por Durga Ma. Agarrou na tigela e disse: “Divinos espíritos da floresta, por favor abençoem os meus convidados com a vossa generosidade.”
Tomadas de surpresa, as pessoas ficaram em silêncio.
Para espanto de todos, minúsculas vanadevata foram saindo da tigela, transportando travessas de prata repletas dos manjares mais suculentos e requintados. À medida que os convidados iam comendo, novos pratos eram prontamente servidos pelas encantadoras ninfas. As pessoas não paravam de comer. Não tardou que, na cidade, não se falasse senão da tigela milagrosa de Priya e das iguarias que ela providenciava. As pessoas conversavam sobre os espíritos benignos da floresta e como a menina tinha sido abençoada pelos deuses.
Assim que as notícias chegaram aos ouvidos da madrasta, esta mordeu os lábios com tanta força que fez sangue. Como era possível que a sua enteada se tivesse saído tão bem?! A seguir, distendeu os lábios feridos num sorriso malévolo. “Vou fazer a mesma coisa que Priya fez”, disse. Então, na manhã seguinte, a madrasta de Priya embrulhou doces num pano limpo e foi até ao parque. Sentou-se debaixo da mesma
banyan que Priya, fechou os olhos e fingiu dormir. “Quando os seres da floresta aparecerem”, maquinou ela, “ vou pedir-lhes que me tragam joias, saris de seda e moedas de ouro.” Enquanto esperava, foi ficando cada vez mais sonolenta até que acabou mesmo por adormecer.
Ao ouvirem o estrondoso ressonar da madrasta a dormir, as vanadevata aproximaram-se. Repararam na trouxa dependurada da árvore e logo pensaram que devia pertencer a Priya. Abriram-na e provaram os doces. “Arghh…”, exclamaram, cuspindo-os. Os doces tinham o sabor das más intenções. Viram em seguida a madrasta de Priya a dormir debaixo da árvore. “Arghh…”, exclamaram de novo, “parece mesmo uma bruxa má!” Colocaram na trouxa uma tigela de madeira com uma forma estranha e desapareceram.
Quando a madrasta acordou, mordeu o lábio ferido, aborrecida por se ter deixado dormir. Provavelmente, tinha deixado escapar as vanadevata e, assim, a oportunidade de lhes pedir joias, saris e moedas de ouro. Num salto, pôs-se de pé e agarrou na trouxa. Quando viu as sobras dos doces, empanturrou-se. “Azar o delas, se não comeram tudo.” Depois, reparou na tigela de madeira e riu-se. “Foi tão fácil, mas tão fácil!”
A madrasta de Priya foi a correr para casa e convidou todos os amigos ricos para um enorme banquete. Para grande alívio seu, não teve de convidar Priya, uma vez que o pai ainda estava fora. À noite, a madrasta surgiu resplandecente de ouro e seda, toda ela inchada de vaidade, para receber os convidados em sua casa. Os convidados foram-se sentando confortavelmente nas cadeiras muito elegantes. A seguir, a madrasta de Priya foi buscar a tigela de madeira e colocou-a em cima da mesa para que todos a vissem. “E agora, um momento de magia”, disse.
Pediu, então, uma série de pratos exóticos. Os hóspedes fixaram o olhar ávido na tigela. Fez-se um profundo silêncio. Ninguém aparecia para os servir e os convidados permaneciam expectantes. Não tinham comido nada durante o dia, na esperança de que a refeição fosse tão suculenta quanto a de Priya. No desconforto crescente da espera, começaram a suspirar e a mexer-se, inquietos, nas cadeiras.
A madrasta de Priya bateu repetidamente com a tigela de madeira na mesa: “Despachem-se, suas lesmas, que estamos com fome!” Nesse preciso momento, começaram a deslizar para fora da tigela cobras e mais cobras sibilantes, de línguas bífidas vibrando no ar. Horrorizada, a madrasta de Priya soltou um grito e os convidados fugiram. As cobras, no entretanto, desapareceram rapidamente nas ervas altas. A madrasta de Priya sentiu-se muito envergonhada e ficou cabisbaixa, pesada pelo remorso. Como poderia voltar a olhar alguém de frente?
Quando o pai de Priya regressou de viagem, a mulher explicou-lhe por que razão a filha não estava lá para recebê-lo. “Priya não queria trabalhar e, por isso, fugiu. Ela é a nossa vergonha. Não nos resta outra saída senão abandonar a cidade o mais rapidamente possível.”
O vendedor ambulante ficou perplexo. Não conseguia acreditar na mulher, pois tinha a certeza de que Priya nunca o abandonaria. “Não poderei partir sem a minha menina, a minha Priya querida. Vou à procura dela para a trazer de volta.” Após uma busca incessante ao longo de três dias e três noites, acabou por encontrar a filha no templo, a rezar à deusa Durga Ma.
“Minha querida filha!” Tomou Priya nos braços e apertou-a contra si de lágrimas nos olhos. “Porque é que te foste embora?” Priya contou-lhe tudo. “Volta para casa, peço-te”, implorou o pai. “ A tua madrasta não vai viver mais connosco.”
Priya concordou sem hesitar, despediu-se do swami, pegou na tigela e foi-se embora com o pai. Quando chegaram a casa, a madrasta já tinha partido. Desde então, Priya viveu feliz com o pai. E a tigela mágica continuou a oferecer manjares deliciosos que Priya sempre partilhava com as outras pessoas.

(1) Um dos 28 estados da Índia, no sudeste da península indiana.
(2) A deusa suprema.
(3) Árvore típica da Índia, de cujos ramos pendem raízes e que pode atingir uma grande envergadura.
(4) Título honorífico hindu atribuído tanto a homens como a mulheres. O termo provém do sânscrito e significa "aquele que sabe e se domina a si mesmo".

Shenaaz Nanji; Christopher Corr
Indian Tales: A Barefoot Collection
Cambridge, MA: Barefoot Books, 2007
(Tradução e adaptação)

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Diário de Mariana


 8 de janeiro 2013

Querido diário,

Não imaginas o que vi numa aula, hoje de manhã: uma sardanisca a passear pelo chão. Desde que entrei para a escola, nunca tinha visto semelhante coisa. Credo! Tinha para aí o tamanho de uma caneta. Eu não a vi logo, porque estava do lado da parede e ela apareceu junto à janela. O Gi foi dos primeiros a vê-la e disse-me: "olha, um crocodilo pequenino entrou na sala". Eu julguei que ele estava a gozar e continuei a ouvir a professora. Até lhe fiz sinal para estar calado. Por acaso, a aula estava a ser fixe. De repente, a Cris deu um grito e a Cat pôs-se de pé. O que foi, perguntou a setora. "É uma sardanisca, setora, ai que eu tenho medo". A Bia é que nem se mexeu. Eu até lhe disse: "a escola pode cair que tu continuas sempre atenta. É por isso que tens altas notas". Ela começou a rir-se, como é habitual.
Mas voltando à sardanisca, um dos rapazes disse logo: quer que a mate, setora? 
"Não, deixem o ser vivo à vontade. Coitado do bicho. Não faz mal a ninguém". A profe, que às vezes parece muito séria, mas que gosta também de brincar, disse assim para a Za que tem os cabelos compridos e estava perto do sítio onde apareceu a sardanisca: "atenção, Za, porque pode subir para os teus cabelos". O Cardoso, que é dado a coisas do transcendente, disse que a Za assim ficava como a Medusa. E como a sardanisca passou junto dele, ele tentou prendê-la pela cauda para a devolver à vida, mas ela escorregou-lhe nos dedos e fugiu ligeira. A escola está como nova; olha se era velha!
Passado um bocado, já ninguém via a sardanisca e a setora retomou a aula. Às vezes, dá-nos cabo da cabeça, mas hoje estava altamente e até nos disse que nós estávamos 5 estrelas até aparecer a intrusa.
Eu acho que de vez em quando devia aparecer assim alguma coisa estranha - por acaso e não provocada, é claro - porque assim descomprimimos e os setores riem-se e falam com mais naturalidade.
Ai, é verdade, eu não reparei se a setora teve medo, mas acho que a ouvi dizer: "ai que impressão!" Amanhã, vou estar a olhar para o sítio onde apareceu a sardanisca. Espero que o Gi não me diga outra vez: olha o crocodilo pequenino outra vez!

Muitos abracinhos, querido diário

Mariana

PS - Por causa da sardanisca, cheguei a casa e, antes de fazer os trabalhos de casa, escrevi esta pequena história. Amanhã, vou levá-la para a setora de português ler.



A sardanisca Faísca

Era uma vez uma pequena sardanisca que vivia  no jardim de uma escola. Os vizinhos achavam-na esquisita. Não é que não fosse simpática. Era-o e muito, mas, enquanto as outras sardanicas se entretinham a correr, na brincadeira, atrás de dois grandes vasos antigos e por uma fenda dos canteiros, a sardanisca Faísca  ficava a olhar para os meninos a entrar e a sair da escola. O que se passaria lá dentro? Ficavam lá durante horas! Todos levavam mochilas e pousavam-nas muitas vezes junto aos canteiros onde a comunidade de sardaniscas morava. 
A curiosidade aumentava. Não podia continuar cá fora sem saber o que se dizia e fazia lá dentro. Será que os meninos entravam  e saíam sempre com o mesmo peso na mochila? Sem nada acrescentar? Alguns meninos andavam carregadinhos; outros entravam levezinhos e saíam ainda mais à vontade.
Pois, um dia, a sardanisca Faísca, vendo uma destas mochilas quase vazias, pousada junto ao canteiro, saltou para um bolso que estava aberto, truz, catrapuz, e lá foi ela para a escola, às costas de um aluno que nem sonhava sequer que a transportava. Ia seguindo e espreitando por uma pequena abertura. Fixe, pensou, tem quadros nas paredes, muitos corações pendurados, pequenas árvores de Natal, muita gente a subir as escadas…
Já na sala de aula, saiu da mochila sem ninguém reparar, encostou-se à parede, que por acaso tinha uma frincha, e pôs-se a ouvir. Tantas coisas que os meninos aprendiam. Uns estavam muito atentos ao que a professora e os alunos diziam, outros preferiam conversar, embora fosse baixinho. Gostou tanto da oportunidade que  saiu da pequena toca para ouvir melhor. Não queria ser vista e pensou voltar à sua mochila, mas oh! já não sabia o caminho. Para mais, só estava habituada a andar onde havia terra e plantas e ali havia apenas a poeira dos sapatos.
E foi então, que alguém a viu. A sardanisca Faísca sentiu-se perdida e desatou a correr, a fugir e não compreendia porque ouvia gritinhos. Disfarçou-se bem rente à parede e só passadas algumas horas é que conseguiu voltar ao canteiro. Tinha valido a pena, mas foi um stress. O que vale é que tinha visto uma mochila aberta com um telemóvel a vibrar. Nem mais. O dono da mochila nem olhou para a professora não ver nem ouvir.
A sardanisca Faísca quer continuar a ir à escola. E já escolheu a próxima mochila onde vai entrar.
Essa mesmo, aquela que fica pousada no chão, enquanto o dono se esquece dela no tempo em que está a namorar.






segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Televisão avariada...


Não, não vou falar da privatização da televisão. Em primeiro lugar, porque pessoas muito mais informadas do que eu já têm falado muito sobre o assunto. Se eu falasse, diria, mais uma vez, que lá está o Sr Relvas em mais uma barafunda em que os portugueses vão ficar a perder muito e ele, de certeza, vai ganhar. E isso também já toda a gente sabe.

Vou falar, isso sim, de um caso doméstico: de uma pequena televisão que tenho numa divisão da casa onde gosto de estar à noite. Pois é, uma noite destas, uma luzinha começou a brilhar no centro do écrã e, de repente, o que tinha luz deixou de ter, perdendo-se o som e a imagem, ficando o cinzento indesejável do escuro e do vazio. Fiquei com pena. Que chatice, mais uma coisa avariada. Que trabalheira agora. Ter de carregar com o aparelho porque ainda é dos antigos. E, se calhar, nem vai ter conserto...

Estava nestas congeminações, olhando o televisor pifado, e pensei: se calhar, para já, não o mando arranjar. Em vez de ver televisão a essa hora, posso ouvir rádio ou música, ler mais... Assim não cedo à tentação de me ligar a imagens que logo se desligam de nós. 

E até me ocorreu um slogan: televisão avariada, noite mais sossegada!!!


domingo, 6 de janeiro de 2013

Voltar a Paris


Um dia, em Paris, fui com a minha irmã a um teatrinho, chamado, julgo eu, Théâtre de La Huchette, situado no Quartier Latin.

Entrar naquele espaço de representação de muitas realidades era aceder a muitas luzes daquela cidade.

Penso que foi a primeira vez que assisti a uma peça de teatro - La Leçon, de Ionesco - em francês e depois de ter estudado o texto na Faculdade. Também fiquei a gostar muito de ir a um espetáculo ao fim da tarde e não às 21.30, como entre nós é habitual.

Os corredores, sóbrios, mostravam fotografias de muitos trabalhos já realizados, mas também ajudavam a compreender que os dinheiros eram poucos mas os talentos não. Também havia mesas com livros à venda.

Aprendi igualmente a ganhar consciência de que não são apenas as grandes companhias ou os atores mais conhecidos que realizam trabalhos artísticos que ficam na memória.

Éramos as duas, a minha irmã e eu, fãs da língua francesa e ir a Paris era uma grande emoção. O coração pulsava ainda mais em locais ligados à vida e obra sobretudo de escritores, como cafés, avenidas, teatros...

 Felizmente, ao longo do tempo, já pude percorrer outras cidades do mundo. No entanto, fica(rá) sempre o desejo de voltar a Paris.



sábado, 5 de janeiro de 2013

Nem os cães o fazem por si próprios


A Castanha (a minha cadela) fareja à procura de alguma migalhita que tenha caído do pão do pequeno-almoço.

Raramente a deixo estar dentro de casa, porque faz asneiras: rói as cadeiras, salta à mesa, estraga peças de roupa a que consegue chegar...

Porém, quando contamos as façanhas da Castanha, logo dizemos: mas é tão querida, é alegre, dá gosto vê-la a correr de contente quando nos vê chegar...

Neste momento, continua a resistir a uns chinelos perto dela. Tenho de a habituar a estar calma e arranjar tempo para a educar. Talvez seja outro bom propósito para o ano que agora começa.

Tem de ter ajudada para ser educada, porque, mesmo para os cães, é difícil fazê-lo por si próprios.