São muitos os barcos de recreio que circulam no rio Douro, entre o Cais de Gaia e a Afurada. Silenciosos ou com mais ruído vão passando para lá e para cá, num vai-vem colorido de turistas e de publicidade a marcas de vinho do Porto. Isto de passear no rio, nem que seja só por uns minutos, pode animar o corpo e a alma já que a alegria de brincar às viagens curtas num longo rio é para todas as idades. E quem vê corpos não vê corações, embora se pressinta o seu pulsar se o observador não for uma canoa demasiado pequenina.
Em pleno outubro, estes barcos turísticos, uns mais vagarosos outros mais aventureiros, navegam como se fosse verão, apesar de todos os elementos mostrarem sinais de outono, sobretudo ao início e ao final do dia.
E as gaivotas, nos intervalos em que o rio não é riscado por rastos de espuma de barcos mais velozes, valsam com leveza na água ou aproximam-se, sem medo, dos pacientes pescadores à linha, pousando nas grades do passadiço ou sobrevoando os telhados. Ou abrem as asas e voam bem alto. Não sei se para verem a serra do Pilar ou a ponte Luís I mais de perto. Ou outras belezas das duas margens que não cansam o olhar. Ah, e o olhar humano é também um bom modo de voo.