Maria Keil (Silves, 1914 / Lisboa, 2012) |
Não vejo a vida sem elas, porque contam, evocam, recordam, estabelecem ligações, alertam, fazem pensar, ajudam a sorrir, ensinam, transformam...
São as histórias de encantar que o Era uma vez... tantas vezes inicia, o abracadabra de um mundo inventado mas também humano e sustentado.
Não, não existem sem eles e sem elas, que as inventam, que as escrevem, que as contam, que as desenham, que as pintam, que as imprimem...
São os autores e as autoras que dão vida às histórias, reescrevendo a História.
Não vejo, igualmente, a vida sem o conhecimento delas, que guiam, que orientam... Sem elas, as personagens tropeçam, os espaços amontoam-se, os tempos confundem-se, a ação turva-se...
Elas são as regras da língua materna que é preciso amar e entender para serem utilizadas ou, criativamente, transgredidas.
Assim, eles e elas podem sorrir às histórias, sempre à espera de serem ouvidas, lidas e reinventadas.
E eles e elas, meninos e meninas, precisam cada vez mais de Era uma vez...
Este meu texto foi publicado
in Livro Aberto 2021, Rádio Voz de Alenquer, p.139