Fomos a uma escola do primeiro ciclo, nas Antas. Levávamos uma atividade que incluía o desenho, o recorte e a leitura. Porém, no grupo dos meninos do segundo ano nasceram, espontaneamente, muitas perguntas, sobretudo sobre as ilustrações do livro.
Queriam saber quem fez a capa, como tínhamos escolhido as letras, como é que se faz um livro, se demora muito tempo a fazer os desenhos e muitas, muitas mais. Ver aqueles meninos com os bracitos no ar a perguntar, a querer saber, a ser curiosos parecia o melhor de tudo.
E como as questões incidiam mais sobre as ilustrações e a parte gráfica, puxei a brasa à minha sardinha e se, tal como tinha sido referido pela ilustradora, para desenhar como se quer é preciso desenhar muito, também para escrever uma história é preciso ler e escrever muito. Com paciência e com amor.
E logo mais perguntas: escreves a lápis primeiro? Tens computador? Já escreveste outras histórias? E mais bracitos no ar. E mais e mais perguntas. E outras tantas respostas.
E a atividade era como a procissão: ainda ia no adro. E uma turma tinha o tempo contado porque ao início da tarde havia uma visita de estudo.
Foi quando uma das professores interveio e em voz bem alta e doce disse:
- Para já, vamos guardar as outras perguntas no coração.
Os meninos ouviram com livre atenção e fizeram silêncio. E, naturalmente, também guardei o momento no coração.
Excelente a curiosidade dos miúdos e se calhar (como eu faria na idade deles e não faço agora por vergonha) ligaram mais à forma do que ao conteúdo, contra, talvez, a expectativa das coordenadoras.
ResponderEliminarSim, habitualmente, os miúdos não têm preconceitos a que muitos de nós fomos habituados. Felizmente. E isso é maravilhoso numa época em que se diz que pouca coisa lhes interessa, para além do que veem nos ipads, etc.
EliminarMas o interesse deles também nos motivou muito, só que queríamos que a atividade se realizasse. Ninguém gosta de frustrar expetativas. Oxalá isso tenha acontecido.
Bom fim de tarde.
Por cá tem chovido toda a tarde, o que também é muito bom para a horta.
A curiosidade das crianças é ilimitada.
ResponderEliminar.
Feliz fim de semana.
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Poema: “” Traições são trilhos sem nada ””…
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Também concordo e, quando surge espontaneamente, é muito bom.
ResponderEliminarfeliz fim de semana também. Obrigada.
Que professora tão espectacular. Nunca me lembraria tal afirmação. Mas, se mal pergunte, para que se guarda no coração uma pergunta? Por gostarmos dela? Ou da resposta? Ou para a não esquecermos já que o afecto é dínamo da memória. Mas para que se guarda uma pergunta para a qual não houve resposta? Dá que pensar.
ResponderEliminarTambém achei o máximo a atitude da professora. Posteriormente, poderiam colocar as perguntas. Na verdade, não houve tempo para perguntas e respostas em grande grupo, mas, enquanto faziam o trabalho prático - desenhar, pintar e recortar uma fadinha para ser colocada na sala - iam perguntando e nós íamos respondendo. Eram de facto meninos que estavam habituados a questionar para saberem mais. Maravilha.
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