Foto do Expresso publicada em 2019 |
Éramos muito jovens e julgo que felizes. O 25 de Abril de 1974 tinha acabado de acontecer.
No primeiro 1 de Maio em Liberdade, fomos festejá-lo na avenida dos Aliados, no Porto.
Nessa tarde e nessa praça, para mim a mais bonita da cidade, juntava-se uma multidão que, em poucos dias, tinha aprendido a sorrir mais porque se tinha libertado de muito medo.
E havia canções revolucionárias que, até então, eram silenciadas e clandestinas; havia muitos cravos, havia muitas bandeiras, muitas delas até esse dia escondidas; muitas manifestações de alegria, como se a multidão saísse de uma prisão coletiva na qual a maioria tinha vivido durante quase cinco décadas, sem quase nada se poder questionar.
Éramos muito jovens, tudo era novo e belo e festivo.
Hoje, o Porto como tantas outras cidades, estará quase deserto, por imposição da pandemia.
Hoje, 1 de maio de 2020, cada um pode mais facilmente gerir a sua liberdade, sem nunca se esquecer de si nem da saúde e bem-estar dos que o rodeiam.
Será um modo feliz de a festejarmos. Mesmo sem bandeiras. Mesmo sem flores frescas dentro de casa. Mas com sorrisos sinceros.
Se se puderem vencer os entraves do momento.
Se se puderem vencer os entraves do momento.
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