"Por cá, alguém que não conhecesse o país suporia que foi o PS que esteve no Governo nos últimos quatro anos.
Da direita à esquerda só se discute o PS, o programa do PS, as
promessas do PS, os cortes na segurança social do PS, o acordo da troika
que o PS assinou, o plano secreto que o PS tem para se aliar à CDU e ao
BE para não deixar o centro-direita governar. A coligação Portugal à
Frente acusa o PS de criar instabilidade e insegurança, a CDU e o BE
acusam o PS de subscrever as políticas da direita.
E ninguém debate os últimos quatro anos, os 485 mil emigrantes que vão de engenheiros, economistas e médicos a investigadores, enfermeiros e bombeiros, os cortes nos salários da Função Pública e nas pensões dos reformados, a desmotivação completa dos funcionários públicos, o desemprego, o emprego que está a ser criado (90% é precário), os 50% de portugueses que ganham menos de 8000 euros por ano, o facto de estarmos a trabalhar mais 200 horas por ano e a ganhar em média menos 300 euros,
o descalabro na educação (com o silêncio ensurdecedor de Mário Nogueira
e da FESAP, ao contrário do que aconteceu quando Maria de Lurdes
Rodrigues era ministra da Educação), a miséria que se vive no Serviço
Nacional de Saúde (onde muitos profissionais são obrigados a comprar
luvas ou a fazer garrotes com material improvisado), os medicamentos que
faltam nas farmácias e só estão disponíveis daí a dois dias, a machadada que levou a ciência e investigação, os problemas que se continuam a verificar na justiça, a inexistência de respostas ao envelhecimento da população (em 2014 já havia mais de 4000 pessoas acima dos 100 anos em Portugal e há 595 mil portugueses com mais de 80 anos),
a irrelevância do ministro dos Negócios Estrangeiros, a fragilidade da
ministra da Administração Interna, as múltiplas garantias de Passos
Coelho que foram sempre desmentidas por decisões do próprio Passos
Coelho, o programa da coligação que não se discute porque não existe, etc, etc."
(...)
Nicolau Santos
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