Van Gogh
No
entardecer da terra
O
sopro do longo Outono
Amareleceu
o chão.
Um
vago vento erra,
Como
um sonho mau num sono,
Na
lívida solidão.
Soergue
as folhas, e pousa
As
folhas, e volve, e revolve,
E
esvai-se inda outra vez.
Mas a
folha não repousa,
O
vento lívido volve
E
expira na lividez.
Eu já
não sou quem era;
O que
eu sonhei, morri-o;
E até
do que hoje sou
Amanhã
direi, quem dera
Volver
a sê-lo!... Mais frio
O
vento vago voltou.
Fernando
Pessoa, in Cancioneiro
Nota:
Obrigada, IA,
pelo teu postal de fim de semana,
do qual retirei o poema e a pintura
que agora também partilho.
Sem comentários:
Enviar um comentário