Querido diário,
Depois que as
aulas começaram, ainda não me tinha aproximado de ti, querido diário.
Tanta coisa
aconteceu desde o ano passado. Ainda não sei bem a razão, mas estou numa turma
diferente. Sofri imenso porque com a mudança perdi alguns dos meus amigos. Eu
sei que estamos na mesma escola, que nos encontramos nos intervalos, que
falamos muitas vezes, mas não me venham dizer que é a mesma coisa porque não é.
Continuo com a
Bia, a minha melhor amiga, mas o Gi ficou na nossa antiga turma. Parece que foi
de propósito. Depois da nossa zanga sobre a boca racista que ele mandou no
comboio, quando íamos para a praia de Espinho, ainda não falámos com era
costume. E para mais mudaram-nos de turma. Assim, temos menos hipótese de fazer
as pazes! Às vez penso que é porque já tinha de ser, mas outras penso que ele
me faz falta, porque eu podia contar sempre com ele para desabafar, embora às
vezes parecesse que estava nas nuvens e pouco ouvia. Que raio! Serão todos os
rapazes assim?
O pior agora
seria vê-lo com outra. Acho que não aconteceu ainda, senão vinham-me logo
dizer.
Hoje lembrei-me
muito do Gi, porque fazíamos muitos trabalhos juntos. Ano passado, por exemplo,
escrevemos “Um conto sobre a palavra Amor” que ficou muito fixe. A professora de
português gostou muito. Disse foi que faltavam acentos e vírgulas. Sublinhou
tudo direitinho e tivemos de escrever a história de novo. Depois ficámos muito
felizes quando vimos o nosso conto no livro que a escola publicou.
Este ano, vai
ser diferente. Como o Gi não está na minha turma, vou escrever o conto com a
Bia ou até sozinha. Este ano, o tema do concurso é “Uma história com um livro
dentro”. Eu já tenho uma ideia e vou tentar realizá-la. Vou mesmo. E vou ver se
o Gi consegue chegar ao fim da história sem me ter, na sala de aula, ao lado
dele. No fundo, no fundo, acho que não, mas não sei muito bem, porque o Gi é
imprevisível. Será que é por isso que ainda gosto dele?
Um abracinho,
querido diário.
Mariana
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