Oiço pouco trânsito na rua. Na casa ao lado, de vez em quando ouvem-se crianças a brincar. Junto de mim, sobre a mesa da cozinha, está uma caixa com folhas de papel que, desde que aqui estou, fui recortando de revistas antigas (em breve, direi para quê).
A meio da tarde, liguei o rádio na antena 2 à hora em que falam de língua portuguesa e de literatura. Nada melhor para uma tarde de um sábado tranquilo em casa. Para mim, é claro.
Depois, na rubrica 'A força das coisas' de Luís Caetano, houve uma longa entrevista com Isabel Lucas que trabalha no Público e escreveu novo livro sobre viagens. Agora o espaço visado é o Brasil e alguns dos seus autores, como Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e outros.
Foi uma longa e interessante conversa sobre os diferentes lugares que a autora visitou para construir o seu livro, sobre as pessoas com quem conviveu, sobre as muitas histórias ligadas a essa viagem de trabalho e de encantamento.
Uma conversa calma cheia de emoção, em que os livros e os seus autores são bons companheiros para o prazer da leitura e para ajudar a conhecer as pessoas, as terras, os hábitos, a cultura. E, realço, o diálogo foi sempre claro, amistoso, culto, vivo, mas sem pressas. Tão raro, meu Deus!
O programa acabou e a noite já escureceu a janela. Vou fechar a caixa dos recortes das folhas, que ainda vai a menos de meio. Sinto vontade de ler um bocadinho. Com a força que vem de coisas assim.