sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Diz-me, espelho meu!

 

Diz-me, espelho meu, 

haverá mais medricas como eu?

Quando faço exames médicos,

fico triste a cismar

nos resultados que vou ter

e a espera até aumenta

cá a minha nostalgia

que a vida me revelou

a par de muita alegria.

 

Diz-me, espelho meu, 

há esquisitos como eu?

Eu sei que sou emotiva,

que quero muito a esta vida,

mas gosto de ser racional.

Então, por que penso no mal

quando há incerteza

sobre o que o laboratório

- que me parece um purgatório,

apesar de nele verem

o que dizem ser beleza - 

vai contar

em tabela nunca igual?

 

Diz-me, espelho meu, 

se outros sentem como eu

este pico de ansiedade

antes de saber a verdade

de análise ou diagnóstico.

Eu, um ser crente e não agnóstico,

já devia saber

que não é preciso sofrer

com esta antecipação,

apelando à calma e à razão 

e, com boa disposição,  

pensar como diz o ditado,

mas sempre de olhar animado,

que tudo passa

- ainda que nem tudo passe -

e haverá por cá sempre gente

que a vida convida a ficar,

embora ficar cá não fique

ninguém para a semente! 

 


6 comentários:

  1. Com a idade também me estou a tornar "medricas", hipocondríaco e mais atento aos pequenos sinais que o corpo nos vai dando. Acho que faz parte do "pacote" (como agora sói dizer-se) da condição humana.
    Comigo acontece uma coisa terrível Maria Dolores, que é: se julgo que padeço de uma doença, entro num estado psíquico de tal ordem, que começo a sentir os sintomas relativos a essa doença, mesmo que seja infundada. Inclusivamente o subconsciente, durante o sono, provoca-me suores noturnos ao ponto de acordar uma e duas vezes durante a noite todo transpirado.
    Há uns tempos um amigo tentou acalmar-me usando o seguinte argumento: eh pá nós temos de morrer de qualquer coisa, já viste alguém morrer saudável?
    Tenha um dia bom.

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  2. Gostei da ideia do 'pacote', Joaquim. Um bocadinho de boa disposição dá cada vez mais jeito. Para nós e para os outros.
    Se calhar, somos todos um bocadinho hipocondríacos, se calhar pelas histórias que vamos ouvindo.
    Se isso acontece, mais vale ir logo ao médico e resolver a situação. Eu digo isto, mas não sou muito bom exemplo porque vou ao médico quando tem de ser e pouco mais. E quanto aos exames médicos, sou bastante como tentei descrever.
    Muitas vezes, sofre-se por antecipação, perde-se tempo e não se vive como sabe bem viver. Por isso, o melhor é ver se há razão ou não, e muitas vezes são cismas, como sempre ouvi dizer.
    Um dia bom, Joaquim, com alegria, saúde e um sorriso que, quase sempre, é correspondido e animador.

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  3. Uma confissão em jeito de poema, que presumo sincera e senti irónica! Se estamos em tempo de "confissão", direi que nunca penso na morte, vou tratando do corpo quando ele me pede e tento viver os dias como sei e gosto…
    Abraço com serenidade dentro!

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  4. Bonita resposta, Justine. Obrigada. Eu também não penso muito, mas não é que me stressa fazer exames médicos (na verdade, os outros também me stressavam!)!
    Talvez por insegurança ou receio de sofrimento, mas, felizmente, estou de boa saúde. Assim sendo, também procuro fazer como diz, embora acrescente: e como posso.
    Outro abraço também sereno e bom fim de semana.

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  5. Penso que a grande maioria dos seres humanos são assim. Eu sou muito medroso, algo negativo, lol
    .
    Bom fim-de-semana
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  6. Todos o somos em determinados momentos, mas quando se produzem e partilham coisas boas, como o Ricardo, é porque o lado positivo (solar) está lá à disposição.
    Feliz fim de semana

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