quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Uma carta de Pessoa a Ophélia...



Bébézinho do Nininho-ninho
Oh! Venho só quevê pâ dizê ó Bébézinho que gostei muito da catinha d’ella. Oh!
E tambem tive munta pena de não tá ó pé do Bébé pâ le dá jinhos.
Oh! O Nininho é pequinininho!
Hoje o Nininho não vae a Belem porque, como não sabia s’havia carros, combinei tá aqui ás seis o’as.
Amanhã, a não sê qu’o Nininho não possa é que sahe d’áqui pelas cinco e meia (isto é a meia das cinco e meia).
Amanhã o Bébé espera pelo Nininho, sim? Em Belem, sim? Sim?
Jinhos, jinhos e mais jinhos
Fernando
31/05/1920


sábado, 7 de fevereiro de 2015

Plantar uma floresta








Graça Morais
 
Quem planta uma floresta
Planta uma festa.

Planta a música e os ninhos,
Faz saltar os coelhinhos.

Planta o verde vertical,
Verte o verde,
Vário verde vegetal.

Planta o perfume
Das seivas e flores,
Solta borboletas de todas as cores.

Planta abelhas, planta pinhões
E os piqueniques das excursões.

Planta a cama mais a mesa.
Planta o calor da lareira acesa.
Planta a folha de papel,
A girafa do carrocel.

Planta barcos para navegar,
E a floresta flutua no mar.
Planta carroças para rodar,
Muito a floresta vai transportar.
Planta bancos de avenida,
Descansa a floresta de tanta corrida.

Planta um pião
Na mão de uma criança:
A floresta ri, rodopia e avança.


Luísa Ducla Soares

A gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca
Lisboa, Teorema, 1990



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

À luz de fevereiro



Uso de ferramenta "proibida" ao serviço da diferenciação pedagógica


Hoje, a minha aula de Português do 11º ano foi diferente e ainda bem.
Assim é mais fixe - disseram alguns alunos.
Pois, recorri a uma ferramenta cujo uso é "proibido" na sala de aula - telemóveis. 
Explico, então, o como e o porquê.
Estando a frequentar uma ação de formação - Diferenciação pedagógca na sociedade de informção, online e offline, criei um blogue para uso esccolar. Dei-lhe um título: Letras não são tretas.
Claro que tive de ter ajuda das formadoras e de colegas, porque o wordpress não era, de modo nenhum, "a minha praia".
Criado o blogue - como é bom ver um produto "nosso" -  tinha de o utilizar nas aulas. Foi ontem, então, que passei à prática.
Na sala, só havia um computador e convidei os alunos a utilizarem os seus telemóveis ou tablets. Ora, num universo de 27 alunos (um estava a faltar), havia um tablet e uns 25 telemóveis com ligação à internet.
Partilhámos, visionando-os, os posts que eu já havia colocado no blogue e passámos para a partilha de um trabalho sobre Os Maias realizado muito recentemente.
Falei-lhes de algumas regras, da desilusão que seria se fizessem um mau uso de todas as ferramentas disponíveis e que são extraordinárias na nossa vida.
E houve a escrita de alguns textos e envio de mensagens.
Terei de corrigir muita coisa, mas, embora ainda esteja tudo muito fresco, acho que houve mais "letras do que tretas", o que me deu muita satisfação.
E quem passasse junto à sala veria o uso de um instrumento proibido no Regulamento Interno,. mas, pelo sorriso empenhado dos alunos, logo se veria que era por uma boa causa.
Assim o espero.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O guarda-chuva e a boa ação do dia

14.15, mais minuto menos minuto. Regressava, com uma colega, à escola depois de um almoço a olhar para o prato e para o relógio. Antes das duas e meia, retomaríamos as atividades. O tempo estava cinzento, carregado, ameaçador
Ainda a umas centenas de metros da escola, começa a chover - pingos grossos, constantes. Cada vez mais grossos e constantes.
Olha! Com isto é que não contávamos. E está quase na hora. E o guarda-chuva no carro!
Chegámos, ufa!, ao portão. Junto à guarita, uma pequena cobertura. Muitos alunos a aproveitar o desejado abrigo. 
Parámos também. A chuvada não era nada meiga. Da cobertura até à porta de entrada, ainda se estendem uns bons metros. Mesmo a correr, a molha seria grande pela certa.
Foi quando um miúdo, talvez do oitavo ano, que estava também sob a cobertura e tinha guarda-chuva, nos disse:
setoras, venham cá que eu abrigo-as até à porta. E lá fomos os três. Que alívio. Agradecemos e, debaixo do guarda-chuva e com um sorriso, ainda dissemos:
- Foi a tua boa ação do dia.
Entretando um pequeno grupo  mandava umas bocas do género: olha o puto, que simpático!
E porquê esta estranheza de um aluno tomar a iniciativa de abrigar, por alguns metros, duas professoras?
É que guarda-chuvas há muitos, a boa ação do dia é que anda cada vez mais distante. Como  o arco-íris que vi pela manhã. Mas não se diga que não existe.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A união faz a cor


domingo, 1 de fevereiro de 2015

Parabéns!


 
Maravilhosa
Afável
Risonha
Inteligente
Adorada


Lutadora
Unica
Cosmopolita
Inspiradora 
Atenta

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Quando...

Quando ficares velha, grisalha e sonolenta
E te aqueceres à lareira, toma este livro
Lê-o devagar e sonha com a doçura
E  as sombras profundas outrora nos teus olhos;

Quantos amaram os momentos de teu alegre encanto
E a tua beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou em ti a alma peregrina
E as tristezas que alteravam o teu rosto;

E curvando-te mais sobre a lareira ao rubro
Murmura, um pouco triste, como o Amor se foi
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.


 
 
 
 
William Buttler Yeats,  poeta irlandês, 
nasceu a 13/6/1865 e morreu a 28/1/1939, há 76 anos.
(Informação da livraria Poetria)