quarta-feira, 3 de junho de 2015

A língua e as francesinhas!

Leia~se (embora fosse necessária outra correção): 
Fazemos todos os dias francesinhas com o sabor  e qualidade 
de 40 anos - a fazê-las tão deliciosas!

Bom apetite!

terça-feira, 2 de junho de 2015

Momentos libertadores


LIBERTAÇÃO
E porque o teu coração encerra
a saudade do mar e a saudade da terra
- tua ilha é grande.

E porque teus sentidos traçam norte e sul
e traçam leste e oeste norte e sul
- tua ilha é grande.

E porque tens os olhos virados para o azul
para lá do azul e para cá do azul
- tua ilha é grande.

E porque teu sangue vive o destino de tantas raças
no mesmo latejar de ansiedade e resignações dores alegrias e desgraças
- tua ilha é grande.


                                                                           Manuel Lopes (poeta cabo-verdiano)

domingo, 31 de maio de 2015

Aproximação



sábado, 30 de maio de 2015

"Vem-nos à memória..."

Os poetas também nos guiam, mesmo que digamos que não.

E, por isso, vêm-me à memória algumas frases (atualmente) comuns:

- Professora, não posso ir à visita de estudo porque os meus pais estão desempregados.
- Talvez o aluno não tenha razão, mas como a mãe se queixou...
- Não ando com cabeça, os meus pais discutem muito e estão a separar-se.
- O meu filho nunca mente.
- Estudar duas horas por dia? Ó setora, tenho mais que fazer!
- Não sei se o meu filho estuda ou não, o que é certo é que está sempre no computador!
- Se não fossem os colegas da turma, o meu filho seria bem melhor!
- Não tenho amigos na turma, porque são fingidos: os setores não os conhecem.
- Eu depois faço os exercícios no Centro de estudos.
 - ...

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Os provérbios são como as cerejas!



A homem farto as cerejas amargam.
As palavras são como as cerejas, vão umas atrás das outras.
As conversas são como as cerejas.
A mulher e a cereja para seu mal se enfeita. 
Em maio, comem-se as cerejas ao borralho.



segunda-feira, 25 de maio de 2015

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Vi o documentário e gostei


O documentário que vi tem por título Pára-me de repente o pensamento, do documentarista Jorge Pelicano. O título foi colhido de um poema de Ângelo de Lima, poeta com textos publicados na revista ORPHEU - introdutora do Modernismo em Portugal (1915).

Ângelo de Lima, poeta e pintor,  esteve internado no hospital psiquiátrico de Conde Ferreira, no Porto, onde o filme foi realizado.
.

Ao longo de uma hora e meia, ouvimos as conversas de alguns pacientes, enquanto passeiam na alameda do hospital. Uns riem, outros esmiúçam  o que sentem, o que pensam, o que veem, o que aconselham...

Quase todos fumam, bebem café, falam de si com a verdade atormentada da doença mas não loucura, como alguns fazem questão de lembrar. 
Há diálogos de pureza quase hilariante; outros que geram silêncios, outros que atingem as profundezas da alma humana, seja ela considerada normal ou não.

E, neste contexto, surge um ator - Miguel Borges . que se instala, por umas semanas, no hospital para preparar uma representação, com a colaboração dos pacientes daquela comunidade de saúde mental.  Também fuma, também bebe café e sobretudo ouve muito mais do que fala. E criam-se laços e empatias. O ator - o Miguel - ouve muitas histórias, enquanto a chuva cai com grossa intensidade.
Era inverno. Estava frio e as camélias aguentavam as fortes chuvadas.

 Quando passar na VCI, ao lado do Centro Hospitalar Conde Ferreira (criado em 1883), lembrar-me-ei dos doentes que vi no filme, que vive(ra)m no edifício, que se apaixonam (como Rosa que está sempre ao lado do namorado, ainda que silenciosa), que sentem alegrias e tristezas, embora lhes "pare muitas vezes o pensamento", tal como referiu Ângelo de Lima no poema que é ensaiado nos pátios do hospital  quando o céu abranda, o dia clareia e o ator acelera o movimento:


Pára-me de Repente o Pensamento

Pára-me de repente o pensamento
Como que de repente refreado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz, do esquecimento...

Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado...
Pára e fica e demora-se um momento.

Pára e fica na doida correria...
Pára à beira do abismo e se demora
E mergulha na noite escura e fria

Um olhar de aço que essa noite explora...
Mas a espora da dor seu flanco estria
E ele galga e prossegue sob a espora.

Ângelo de Lima (1872/1921), in 'Antologia Poética'