sábado, 1 de novembro de 2014
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Onde está a polícia? Fui apanhada por ladrões!
Há mais de uma dezena de anos, pedi recibos verdes
às Finanças. Preenchi todos os documentos que me impuseram. O tempo foi
passando. O trabalho foi bastante (embora poucas as tarefas), mas o dinheiro que
ganhei foi pouco. Porém, não é esse o problema que agora me preocupa.
Apesar de ter feito sempre todos os meus descontos e
pago todos os meus impostos, recebi há alguns meses uma carta comunicando-me
que devia ao Estado uns milhares de euros – mais do que o que ganhei em todo o
tempo em que usei os recibos verdes – por, alegadamente, não ter feito descontos para a
Caixa Geral de Aposentações.
Como sou professora, perguntei várias vezes: “Então
não há cruzamento de dados”?
Pedi ajuda, pus-me a caminho e entreguei todos os
comprovativos como sempre havia descontado para a CGA, aliás, como acontece com
todos os docentes.
Enquanto esperava pela resposta, ia perguntando se o
pedido havia sido deferido ou não.. Na Segurança Social, ouvi: “Isso não é nada
connosco, mas são coisas que demoram muito tempo”.
Nas Finanças: “Isso não é nada connosco, mas são
coisas que demoram muito tempo”.
Na Caixa Geral de Aposentações: “Tem de esperar. A
resposta seguirá por carta. Estas coisas demoram muito tempo”.
Hoje, soube que em algumas destas situações estão a
ser penhoradas, silenciosamente, contas
bancárias.
E, estou mesmo a ver, vou ter de pagar de novo uma
conta que já paguei. E como eu outros haverá.
E agora pergunto: para quem vai este dinheiro, uma
vez que a política é roubar aos fracos para dar aos fortes?!
A que estado chegou o estado deste país! A
verborreia monocórdica da ministra das finanças causa repulsa, porque o que
afirma agora com veemência inexpressiva nega depois com o mesmo tom de voz e
igual cara de pau.
O estado anda a espreitar os bolsos de cidadãos
honestos e desprevenidos. Com os outros nem se metem porque sabem que daí não
levam nada. E até lhes dão milhões.
E o pior é que com este sobressalto todo de valores
humanos nem se sabe se se pode confiar no polícia ou, pura e simplesmente, dar
logo o dinheiro ao ladrão!
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
Durão é excêntrico
Não parece
muito, pois não? Foi sempre obediente e
fiel. Aos mais poderosos do mundo, é claro. Aceitou todos os cortes impostos a
milhões de europeus. E aceitou outros não cortes a muitos, por vontade de
poucos.
Nunca deve ter
jogado no Euromilhões porque, mesmo sem jogar, teria um prémio que faria dele
um dos excêntricos da Europa.
Claro que o
homem teve de governar uma Europa zangada e em crise económica. Nem duvido que
tenha tentado fazer o seu melhor, porque fazia parte do grupo de políticos bons alunos que sorriem muito quando
estão entre os que mandam fazer os trabalhos de casa, embora nem sempre os
façam.
O facto de ter
desertado do país, deixando-o em maus lençóis, ou melhor, de tanga deve-lhe ter tirado o
sono, acredito, apesar de quase todos os políticos dizerem sempre que estão de
consciência tranquila e que dormem bem.
Pois, o dr
Durão Barroso, segundo os jornais de hoje, vai ter na sua conta, mensalmente,
muitos milhares de euros. Mesmo que coma cherne todos os dias, a conta
continuará a aumentar chorudamente. E de certeza que não haverá BES nenhum que
lho tire. E havemos de vê-lo, com ar sério e sentido de estado, como alguns, de peito feito, gostam de dizer, em
congressos, em conferências, em programas de televisão… a ensinar como se deve
fazer para se viver sem ser excêntrico.
Felizmente não
se vai candidatar a presidente da República. Para excêntrico já basta assim.
domingo, 26 de outubro de 2014
Há gostos que não mudam
Há muitos anos
que gosto de ouvir Pedro Barroso. Embora não o oiça com muita regularidade, o
meu prazer em ouvi-lo mantém-se.
Hoje – que bom
o dia durar mais uma hora – pus-me a arrumar CDs que há muito esperavam por
vizinhanças menos poeirentas e menos apertadas.
E dei de caras,
ou melhor, de mãos com um CD muito
velhinho de Pedro Barroso, intitulado longe
d’aqui.
Quis partilhá-lo aqui, mas não consegui.
Quis partilhá-lo aqui, mas não consegui.
Vejo que o
comprei ainda o euro não nos tinha tocado as mãos dos portugueses. Custou 2300$, a confiar na
etiqueta com o preço que o CD ainda conserva.
Quis ouvir as
músicas que o disco comunica. Comecei pela primeira: “Prefácio”.
Na minha
opinião, também a que partilho agora é uma boa música para começar um domingo com mais uma hora dentro.
sábado, 25 de outubro de 2014
Instantâneos de hoje
A
mão-cheia de anos
O menino chegou, pela mão, com a mãe. Os dois vinham
risonhos. Pelo caminho, teriam falado da festinha de anos já preparada em casa.
A mãe vinha arranjar o cabelo para ficar mais
bonita.
O menino, pelo caminho, se alguém conhecido parava
para falar com eles, logo dizia: “Eu hoje faço anos”.
E como o menino sorria ao falar do seu aniversário,
os adultos também. Ou vice-versa, não sei.
Quando chegaram ao cabeleireiro, logo o menino ouviu
a pergunta, depois de ter imediatamente dito que fazia anos:
- Parabéns. Quantos anos fazes?
O menino, levantando uma das mãos, disse:
- Cinco.
E logo acrescentou:
- Quando tiver outra mão-cheia, faço dez!
Vida
ou morte
Duas amigas encontraram-se. Nenhuma delas era nova,
mas uma era bem mais nova do que a outra. Há muito que não se encontravam.
Haviam ficado amigas na Faculdade. Ambas gostavam de livros.
A amiga mais velha, de saúde bastante debilitada, seguia
o caminho apoiada pela mais nova. Esta perguntou-lhe a uma determinada altura:
- Mas continuas a escrever?
E logo a amiga mais velha respondeu:
- Claro, se eu não lesse nem escrevesse, já tinha
morrido.
Entusiasmo? Sim, conheço!
Num almoço, duas professoras, perto da idade da
reforma, iam conversando sobre a vida na escola.
- Pois, eu podia pedir a reforma, mas o tombo da
penalização é muito grande – disse a mais nova.
- Essa hipótese é-me completamente vedada. Terei de
trabalhar até aos sessenta e seis anos, porque, aos cinquenta e cinco, faltavam-me
dois meses para completar trinta anos de serviço.
- Por apenas dois meses?
- Sim, é o que manda a legislação.
- Apesar de tudo, ainda bem que continuo a ter
ideias e a concretizá-las com entusiasmo com os meus alunos – continuou a mais
nova.
- Que bom ouvir isso. É que, felizmente, ainda sinto
o mesmo, apesar de ser mais velha do que tu.
E falaram da alegria que sentem com os textos que os
alunos escrevem para o jornal da escola, para o concurso de contos…
Concluíram, porém, que o mesmo não se passará com os
professores que têm turmas difíceis – pelo comportamento dos alunos e dos pais –
ou que, no mesmo dia ou na mesma semana, são colocados numa escola e logo
retirados por uma cratinice ou casanovice
sem aparente nem clara solução.
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Presente
Abro a janela
alta. Entra a luz da tarde. Não forte, porque é outono. Entram os ruídos: dos
cães a ladrar, dos carros que passam depressa, das motas que parecem riscar o
pavimento, das pessoas que contam o que lhes vai na alma enquanto caminham…
Nas janelas que
avisto bate a luz do sol. Algumas estão fechadas. Já não vejo as mulheres que,
domésticas, faziam da luz do dia um frenesim de lavagem de roupas, de limpezas
gerais das casas, de confeção de comidas donde sobressaía o estrugido bem
puxado…
Já não as vejo,
porque passam mais tempo sentadas, embora ainda lavem, cozinhem, costurem… A
diferença é que falam menos e também falam menos com elas.
Talvez espreitem
a vida cá fora pelas janelas semi-fechadas para que não entre demasiado calor.
A idade rejeita os excessos, o muito, o demasiado…
Conservo a
janela aberta. Vejo os telhados. E nenhum é já de vidro.
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