quinta-feira, 12 de junho de 2014
quarta-feira, 11 de junho de 2014
"A palmeira"
A palmeira da ESG não é uma simples palmeira. É um sítio
com muitas histórias. Há quem diga até que se a palmeira falasse, muito teria
para contar. Talvez por ser um local simbólico não foi derrubada pelas obras a
que a escola foi submetida.
Durante muitos anos, era o ponto de encontro, sobretudo
nos “intervalos grandes” da manhã e da tarde. Havia bancos à sua volta que eram
ocupados pelos alunos. Traziam-nos os mais variados motivos: a amizade, o amor,
a vontade de desabafar, o desejo de comunicar, de falar, de interagir de forma
mais descontraída...
A palmeira “entrou” em histórias escritas por alunos, a
sua imagem saiu em jornais da escola e, sobretudo, foi tendo lugar na memória
de muitos jovens, ao longo de diferentes gerações. E de professores que se
compraziam, carinhosamente, ao reconhecer que também os lugares ajudam a
construir os mais variados saberes sociais.
Hoje, sentei-me com colegas, perto da palmeira, enquanto
almoçávamos durante o pouco tempo de que dispúnhamos.
E notámos as diferenças. Não com nostalgia do passado,
mas porque o local mudou devido à nova configuração do espaço.
Apesar de continuar a ser “a palmeira”.
terça-feira, 10 de junho de 2014
Overdose
Admiro quem não
tem televisão em casa. Há muito tempo, tendo um televisor avariado, pensei que
era uma maneira de começar esse caminho, mas, pronto (prontos, como dizem muitos dos meus alunos e não só), lá o mandei
reparar.
Ligo a
televisão sobretudo à hora das refeições e quando não estou a fazer um trabalho
que exija muita concentração. Mas, muitas vezes, desligo o som. Algumas vozes
dos apresentadores ouvir-se-iam a léguas de distância, mesmo sem cabos. Os
apelos repetidos: ligue já. Os 20.000
euros podem ser seus são irritantes e embrutecedores. O número de telefone
aparece em evidência e constantemente no écran.. Imagino muitas pessoas idosas
e sós a terem de suportar tais ruídos para que a solidão não se oiça tanto.
Embora me ligue
sobretudo aos canais de notícias, sábado à noite deparei-me com a Júlia
Pinheiro, no seu programa da SIC em horário nobre, a acenar, maliciosamente,
com dinheiro a dois jovens que, em palco, eram convidados a irem tirando peças
de roupa. Conforme os visados aceitavam, o dinheiro era colocado ao seu lado. Tudo
no meio de muita gargalhada e gritaria. É caso para dizer: sra d. Júlia, quanto
é que a sua conta bancária sobe para a senhora descer tão baixo?
Um outro dia,
já depois do jantar, vi que quase todos os canais generalistas portugueses
estavam a dar futebol, sobretudo as lesões de Ronaldo, se Ronaldo treina, se
Ronaldo fica no ginásio, se Ronaldo está em campo com os outros jogadores, se
Ronaldo treina sozinho…
Claro que o
Mundial de Futebol interessa a muita gente, mas a muitas criaturas como eu, que
gosta de futebol q.b., sabendo que há outras coisas na vida, impõem overdoses de mais do mesmo.
Claro que as
toma quem quer! E o que vale é que se pode fazer zapping, porque já não estamos nos velhos tempos de O programa segue dentro de momentos. E
há livros. E há internet. E há filmes. E há música. E há o silêncio.
Felizmente!
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Sementes
Deram-me
broa com azeite
Era
macia e saboreei-a devagar
Ao fim
da tarde
o meu
quintal cheirava
a ervas
aromáticas
Mistura
de cheiros a alecrim e a hortelã
Ouvi ao
telefone
que há
escritores que são semeadores de ideias
e
gostei da ideia
Como
gostei de ver os meus alunos do 10º ano
a
apresentarem
trabalhos
sobre poetas do século XX
Achei
poética a prática
Fui à
Bertrand do Dolce Vita
e
comprei o último livro de Herberto Hélder
Tinha
plástico à volta
e não
estava exposto
como os
outros livros
Também
este poeta se fecha e não se expõe
porque
o silêncio
é semeador da escrita
Se eu
fosse poeta, estas linhas não estariam dispostas desta maneira
As
palavras seriam outras
formando
versos
e deles
talvez
nascesse um poema!
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