domingo, 16 de setembro de 2012

Douro - Ouro do Nosso Património (Mundial da Unesco)



No rescaldo das férias

Não me posso queixar. Pude ter férias, dei alguns passeios no nosso belo país, aproximei-me do mar, estive mais tempo e mais perto da minha família mais chegada e fundamental para mim, convivi com amigos também muito importantes na minha vida. E sabia que continuava a ter trabalho e salário ao fim do mês, apesar da supressão de subsídios.

Mas sei que milhares (se calhar, milhões) de portugueses não poderão dizer o mesmo, sobretudo em relação ao trabalho e à possibilidade de deslocações, ainda que curtas. Ontem, as ruas de muitas cidades mostraram-no bem. Com ou sem cor partidária, as pessoas manifestaram-se pacificamente, mostrando os seus rostos para que os governantes saibam que o país tem identidade e não é uma massa amorfa a quem se aplicam sucessivas experiências.

Eu não participei das manifestações, mas, ao ver as reportagens, senti que os cidadãos não podem continuar sempre do outro lado. E louvei quem foi porque o país é de todos e não apenas de alguns que mal conhecem as realidades profundas.

Dos cartazes que vi - mostrados pelas televisões - chamou-me a atenção um com um espelho. Segurava-o uma jovem, com uma bolinha vermelha no nariz, e que dizia com um sorriso empático e expressivo: "Sorria, estar a ser roubado"

As inquietações manifestadas pelas pessoas, para além de muitos desgovernos, nasciam do desemprego, da necessidade de emigração, da redução de salários, da falta de esperança, da descrença nos governantes...

Oxalá os políticos tenham visto estas imagens (a tática habitual é dizer que não viram o que não lhes interessa) e tenham alguma sensibilidade para as ter em conta em algumas medidas, até agora  tomadas às cegas.

Sei que muitos portugueses nem férias puderam ter. Até o mar, que está tão próximo, foi-se tornando mais distante.

Será que um dia se poderá dizer: Sorria, não está a ser roubado!?


Maria Clara Miguel partilhou O Tesouro, na Feira do livro de Gondomar - 2012



sexta-feira, 14 de setembro de 2012

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

LISBOA



No bairro de Alfama os carros eléctricos amarelos chiavam nas
subidas.
Ali havia duas prisões. Uma era para ladrões
que acenavam através das grades.
Gritavam, queriam ser fotografados.

"Mas aqui", disse o guarda-freio com um risinho de hesitação,

"aqui estão ois políticos". Olhei para a fachada, a fachada, a fachada, 
e no último andar, a uma janela, vi um homem
com um binóculo a olhar para o mar.

Roupa que fora lavada secava pendurada ao sol. As pedras dos

muros estavam quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde, perguntei a uma senhora de Lisboa:
"Aquilo era mesmo verdade ou fui eu que sonhei?"

Tomas Transtromer
http://www.livrariapoetria.com/livro.php?m=2&l=2704

O PAPAGAIO QUE DIZIA “AMO-TE”


Talvez por ser órfã de mãe e por o seu pai estar sempre fora de casa, Beatriz crescera triste e solitária. Na escola, chamavam-lhe “Beatriste”, porque se sentava sempre sozinha e não queria brincar com os colegas.
Em casa, depois de feitos os deveres, metia-se no quarto e lia até adormecer.
Beatriz tinha um pesadelo frequente: estava numa ilha deserta e não avistava nenhum barco. À noite, tinha frio e, de dia, fome e sede, pois o único alimento que havia na ilha era o coco. Ao acordar, Beatriz dizia para consigo: “Afinal, a minha vida é igual à do meu pesadelo”.
Não tinha amigos e os dias sucediam-se sem sentido, uns atrás dos outros, como cocos a cair de palmeiras.
Como dormia mal de noite, Beatriz acordava com sono e com poucas forças para falar com o pai. Este via o noticiário e saía logo a correr para o escritório, onde ficava a trabalhar até muito tarde. Quando voltava, já Beatriz estava a dormir, ou melhor, acordada, na sua ilha deserta cheia de coqueiros.
A menina interrogava-se se o pai gostaria mesmo dela ou se viera a este mundo por acaso, já que ele nunca a abraçava, beijava ou dirigia palavras de carinho. As conversas com ele eram sempre do género:
— Beatriz, não te esqueças, como ontem, do caderno dos deveres.
— Sim, papá.
— Já puseste o lanche na pasta?
— Sim, papá.
— Não atravesses a rua com o sinal vermelho ou amarelo!
— Sim, papá.
As trocas de palavras entre ambos não passavam disto, porque o pai, se calhar, era tão tímido como ela. Talvez ele também vivesse numa ilha, que barco algum jamais visitava…

******
Contudo, numa segunda-feira de manhã, aconteceu algo extraordinário que mudaria para sempre a vida de Beatriz.
Ainda não bem desperta, a menina teve a impressão de estar a ser observada. Todavia, ao abrir os olhos, viu que não havia ninguém no quarto. Nem se ouvia sequer o barulho da televisão, sinal de que o pai já tinha saído e lhe deixara o pequeno-almoço em cima da mesa.
Mas, quando olhou para a janela, Beatriz viu um papagaio grande e verde, pousado nas cordas do estendal. A ave olhava para ela de esguelha. Recuperada do susto, a menina perguntou-se de onde teria vindo aquele papagaio e o que faria ali, a espiá-la. Cheia de curiosidade, saltou da cama e abriu a janela para o ver melhor.
— Papagaio, pequenino, vem cá! — chamou-o em voz baixa, para não o assustar.
Tinha certamente escapado da casa de algum vizinho, pois logo respondeu ao convite de Beatriz, acercando-se dela.
— Perdeste-te? — perguntou a menina. — Vens de alguma ilha longínqua, cheia de palmeiras?
A ave pousou no braço de Beatriz, que a princípio se assustou. Porém, quando viu que o papagaio não a picava e que queria ser seu amigo, pô-lo no seu quarto, onde colocou um copo de água e um prato com migalhas de pão. Em seguida, saiu para a escola, muito feliz.

******
Ao meio-dia, telefonou ao pai para lhe contar o que se tinha passado e para lhe pedir que a deixasse ficar com o papagaio. Ia chamar-lhe Tequilha porque imaginava que ele tinha vindo de um país longínquo onde bebiam esse licor.
O pai falava pouco mas era muito atento. Por isso, quando Beatriz voltou da escola, já encontrou Tequilha instalado numa gaiola dourada, com o comedouro cheio de sementes de girassol.
— Olá! — cumprimentou-a, na sua voz estridente.
— Sabes falar! — exclamou a menina, admirada. — Ora vê se consegues dizer o meu nome: Beatriz, Beatriz, Beatriz…
Tequilha seguia atentamente a lição e movia o bico, mas não conseguia repetir o nome. Beatriz, que lera que os papagaios e os periquitos têm muita facilidade em pronunciar o “t”, disse-lhe:
— Chama-me então Beatriste, como fazem na escola. Beatriste, Beatriste…
Nem precisou de o repetir pela terceira vez, porque o papagaio logo exclamou:
— Beatriste!
A dona, orgulhosa, pulou de alegria. Depois de um dia tão bonito e emocionante, e logo após a empregada lhe ter servido o jantar, Beatriz deitou-se e adormeceu, cansada. Quando a luz da manhã a acordou, Tequilha estava a descascar uma semente, que segurava com uma pata.
— Bom dia, Tequilha! Não cumprimentas a tua Beatriste?
O papagaio acabou de descascar a semente, comeu-a com prazer e bradou:
— Amo-te!
Quando ouviu isto, Beatriz não conteve um grito de emoção. Depois, pensou que não era normal que o papagaio tivesse dito uma expressão típica de um galã de telenovelas. Será que vira muitas ou teria pertencido a algum par de recém-casados?
Podia ser apenas uma casualidade. Os papagaios brincam com as palavras que vão ouvindo e, por vezes, dizem coisas com sentido.
“Deve ser isso”, pensou Beatriz.
Contudo, na manhã do dia seguinte, Tequilha acordou-a com uma saudação igual:
— Amo-te!
— Quem te ensinou isso? — disse Beatriz. — Só os adultos usam essa palavra.
Como os papagaios falam, mas não conversam, Tequilha continuou a olhar para a sua dona e amiga com grande interesse, sem, contudo, dizer mais nada. Depois descascou outra semente.
Quando na quinta-feira, logo de manhã, o papagaio voltou a exclamar “Amo-te”, Beatriz resolveu investigar. Era estranho que as declarações de amor do papagaio só ocorressem de manhã. Quer de tarde quer à noite, Tequilha só dizia “Olá!”, “Beatriste” ou “Caramba!”.
******
Sabendo que o pai ainda estava a tomar o pequeno-almoço, Beatriz correu a expor‑lhe o mistério. Mas o pai, muito vermelho e quase a engasgar-se, nada respondeu. Levantou-se, apressado, despediu-se da filha com um beijo e saiu de casa com a pasta.
De repente, Beatriz compreendeu o que acontecera e teve vontade de chorar. Só que de felicidade, desta vez! É que Tequilha repetia, cada manhã, o que o pai de Beatriz lhe dizia à noite, quando ela já dormia.
******
Agora reflete…
O Afeto
“O amor é a cura de todos os males”.
Leonard Cohen

Os sábios da Índia dizem que, quando olhamos para o mundo, o colorimos com as nossas próprias cores. Por isso, se olharmos os outros com ódio ou desconfiança, iremos receber ódio e desconfiança. Pelo contrário, se os virmos com amor, viveremos sempre rodeados de carinho.
E tu, como preferes viver?
Há quem tenha vergonha de expressar os seus sentimentos, mas isso não significa que não gostem de nós. Muitas vezes basta que lhes mostremos o nosso amor (com palavras amáveis, com um beijo, com um presente inesperado…) para nos abrirem o coração.
Se te custa dar carinho a alguém de quem gostas, imagina que o mundo vai acabar amanhã. O que farias hoje? Certamente correrias a abraçar os teus pais, irmãos e amigos. Dir-lhes-ias o quanto gostas deles, e falarias dos bons momentos que passaram juntos… Para fazeres isso, não é preciso esperar pelo fim do mundo! Podes começar hoje mesmo a dar-lhes afeto… mesmo que seja à tua maneira!

Mostra o teu carinho
Há muitas maneiras engraçadas e originais de demonstrar amor a quem te rodeia. Eis algumas:
a) Escrever um lindo poema no frigorífico com letras magnéticas.
b) Colocar um desenho muito alegre e bem colorido no seu quarto.
c) Compor uma canção para ele/a.
d) Oferecer-lhe um trabalho manual feito por ti.
Etc., etc.,…
Dr. Eduard Estivill; Montse Domènech
Cuentos para crecer: Historias mágicas para educar con valores
Barcelona: Editorial Planeta, 2006
(Tradução e adaptação)
s
 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Uma boa mensagem!

Como tenho dito nos últimos dias, a minha relação com a minha Seguradora, após ter tido um acidente (violento choque na traseira do meu carro) não tem sido boa.

Sou cliente há muitos anos da mesma Seguradora e sempre fui cumpridora. Também não tenho dado prejuízo. Esperava, por isso, em caso de acidente, ter uma melhor assistência.

Às vezes parece um pesadelo. Já não bastava ter tido o acidente e recebo várias vezes ao dia mensagens sobre a possiblidade de ter de entregar o carro de substituição, estando implícito que tal acontece porque a reparação do carro não se efetua numa das oficinas ligadas à Seguradora.

Será injusto generalizar, mas a experiência que estou a ter diz-me que as Seguradoras querem receber sempre a tempo e horas mas, se há problemas, tentam descartar-se o mais possível.

Também neste setor se parte do princípio que o cliente é corrupto e aproveitador das situações. 

Pois bem, após troca de e-mails e mensagens com muitos sublinhados, resolvi, ontem, mandar um e-mail mais amistoso, dizendo que esta situação de instabilidade quanto a ter ou não carro de substuição me estava a provocar desgaste e talvez também na minha interlocutora.

Não sei se foi também por me ter posto no papel do outro que recebi, hoje logo pela manhã, uma mensagem: o prazo de utilização da viatura de substuição foi prorrogado por uma semana!

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Mais devagar, Songogolo!



Há muito barulho em casa. Uzuti, o bebé, chora, Adelaide grita:
— Mongi, devolve-me a minha caneta amarela!
Na casa ao lado, o cão ladra para um transeunte. A mãe zanga-se:
Vem já aqui, Malusi!
Malusi gosta de andar devagar. Canta um pouco enquanto veste a blusa. Brinca um pouco enquanto calça as sapatilhas. As sapatilhas muito velhas. Quando eram novas, eram de Mongi. Agora, estão cheias de buracos e pertencem a Malusi. O cão do Sr. Motiki continua a ladrar. Malusi interroga-se:
Quem será que vem aí tão devagar? Só pode ser uma pessoa idosa.
O cão deixa de ladrar e começa a abanar a cauda. A senhora de idade que se aproxima pára de vez em quando, apoiada na bengala. É Gogo, a avó de Malusi. Gogo é idosa, mas a sua pele brilha como uma maçã. As mãos são grandes e gastas pelo trabalho, mas têm um toque suave. Apoia as mãos nos ombros de Malusi e diz-lhe:
Hoje preciso de ti.
Malusi cala-se e ouve com atenção.
Tenho de fazer compras na cidade e não gosto nada do trânsito e dos semáforos.
A mãe diz:
O Malusi vai contigo. Já é um homenzinho.
Malusi gosta de andar devagar. Anda um pouco e pára, para dar um pontapé numa lata de cerveja velha. Pang! A lata rola pelo passeio abaixo. Atrás dele, Gogo caminha devagar.
Ai, ai suspira a avó.
Está já sem fôlego quando chegam à paragem de autocarro. Malusi dá um último pontapé na lata e esta aterra na rua. Quando chega o autocarro, a lata é esmagada e Malusi ri-se.
Deixa-te de risotas e ajuda-me a subir para o autocarro ralha Gogo.
Malusi nem sabe o que fazer: será que deve empurrar ou puxar a avó? Esta apercebe-se do seu olhar preocupado e sorri.
Segura a minha bengala, Malusi. Sou velha demais para dar pontapés numa lata, mas ainda consigo subir para um autocarro.
O autocarro vai cheio. Só há lugar de pé. Malusi fica junto de Gogo. A avó vestiu o seu melhor vestido, cheio de cores, que o neto conta: vermelho, verde, rosa, preto, azul, amarelo e laranja. O autocarro pára e algumas pessoas descem. Avó e neto encontram lugar junto de uma janela.
Olha! Vê como aqueles carros vão depressa!
Malusi sabe tudo sobre carros. Conhece todas as marcas e vai-as dizendo a Gogo:
Volkswagen… Ford… Morris…
Gogo sente orgulho do neto, que não se cala até chegarem à cidade. De repente, ei-los na rua principal, barulhenta e animada.
Tanta gente! exclama Gogo.
A multidão adensa-se em torno deles.
Malusi caminha diante da avó e vai esperando por ela. Repara como parece mais velha, agora que está na cidade. Às vezes, enquanto espera por ela, vai olhando para as montras das lojas. Pára diante de uma loja de brinquedos. Olha só, um Volkswagen pequenino! Em seguida, chama-lhe a atenção uma sapataria. Vejam só! Sapatilhas! Malusi olha para as suas velhas sapatilhas e depois contempla as novas da montra. São vermelhas e têm riscas brancas de lado.
Para onde estás a olhar? pergunta Gogo, que chega finalmente junto do neto.
Olha, Gogo! diz Malusi. Sapatilhas vermelhas! Não são bonitas?
Gogo olha para as sapatilhas e depois vê as sapatilhas velhas do neto.
São, pois! comenta.
Têm de atravessar a rua para ir até aos grandes armazéns.
Lá está aquele homenzinho verde! exclama Malusi.
Gogo parece preocupada. O neto pega-lhe na mão e guia-a pela passadeira até ao outro lado da rua. Quando chegam ao outro lado, o semáforo muda e passa a vermelho.
Ai! lamenta-se Gogo. Estas mudanças constantes afligem-me.
Nos grandes armazéns, Gogo olha para a lista de compras que fez. Tem de comprar alguns artigos de mercearia, uma toalha de plástico nova, uma chávena e um frasco para pôr os feijões. É tudo tão caro! Gogo guarda o dinheiro numa pequena bolsa, que traz presa com um alfinete ao interior da sua manga. Aí está sempre segura.
São horas de regressar à rua barulhenta. O semáforo está verde e avó e neto apressam-se a atravessar. Passam pela florista e pela loja de roupas. E lá está a sapataria com as sapatilhas novas! Malusi cola a cara à montra para as ver pela última vez.
Anda daí, Songolo! chama Gogo.
Songololo é o nome especial que Gogo dá ao neto. Mas, em vez de passar diante da loja, Gogo entra. Malusi olha para os sapatos da avó. Parecem os pneus velhos de um carro.
Quanto custam as sapatilhas vermelhas da montra? pergunta Gogo.
O vendedor responde e Gogo pede:
Pode ver se servem a este rapaz?
Malusi tira as sapatilhas velhas e enfia os pés nas novas, com todo o cuidado. O homem apalpa os dedos dos pés do rapaz.
Servem-lhe perfeitamente diz.
Malusi sente-se tão feliz que mal se segura quieto. Olha para a avó e sorri.
Gogo tira as notas da bolsa e conta-as. Depois, diz ao neto que leve as sapatilhas já calçadas, e o vendedor põe as velhas na caixa nova.
Quando começa a andar depressa, cheio de orgulho, a avó avisa Songololo:
Vai mais devagar!
Na paragem do autocarro, Gogo senta-se e descansa.
Malusi senta-se junto dela, com os pés em cima do banco, para poder admirar as sapatilhas novas.
Sabes, Gogo, diz com ternura são mesmo muito bonitas!
Gogo olha para os seus sapatos velhos e diz:
Tens razão. Se eu tivesse umas sapatilhas vermelhas com riscas brancas de lado, talvez caminhasse tão depressa como tu!
Niki Daly
Not so Fast, Songololo
London, Frances Lincoln Ltd, 2001
(Tradução e adaptação)

 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

"Procura-se..."

 

Este é um título enviado pelo Museu de Serralves, com vista à organização de uma exposição de obras de Julião Sarmento.

Se a intenção era publicitar o evento, a ideia é simples e excelente.

Se o quadro é, de facto, procurado, comunico que, quanto a mim, não o vi nem o tenho (não me importava nada de ter)!!!

 O jornal posso arranjar, o candeeiro também, as figuras geométricas também as poderia alinhar.

 Ah, também felizmente tenho as minhas mãos. Que seguram no jornal, que apagam e acendem a luz, que desenham no papel, mas que nunca seguraram este quadro. 

E, sobretudo, nunca o saberiam  pintar nem reunir tantas sugestões.

Também existe o olhar. Presente enquanto ausente.

Nada disto é ficção

Na passada 5ª f, dia 30 de agosto, tive, como referi no último post, um acidente. Felizmente não estava habituada a estas coisas nem ninguém se feriu. 

Para se tratar destes assuntos, perde-se um tempo incrível em contactos telefónicos, em explicações dos factos. Quem sofre o acidente parece ficar numa situação de pedir favores porque, do outro lado, acenam com palavras frias e certeiras iniciadas, neste caso, por D. Maria, ...

Logo após o acidente, houve ligação para o número fornecido pela Seguradora, sendo comunicada a ocorrência e perguntando-se o que fazer. Do outro lado, apenas quiseram saber qual a Oficina para onde deveria ir o carro depois de rebocado. Assim se fez.

Posteriormente, já com o veículo na oficina, foi comunicado que os dias de utilização de carro de substituição serão reduzidos, porque o carro acidentado não foi conduzido para oficina proposta pela Seguradora.

Perguntei se se pode ser penalizado por não utilização de um serviço que não é divulgado aquando de um acidente. Para além disso, já mostrei a intenção de mudar de Seguradora (tenho Fidelidade Mundial), mas já me avisaram que é sempre assim.

Tal como disse Miguel Sousa Tavares numa das últimas crónicas no Expresso, "estamos indefesos".

E o pior é que nada disto é ficção.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

"Mulheres ao volante"

Hoje, seguia na estrada com uma das minhas filhas e uma carrinha em grande velocidade embateu contra a traseira do meu carro. Por outras palavras, tive um acidente. O choque foi de tal modo violento que ambos os carros tiveram de ser rebocados, embora, felizmente, ninguém tenha ficado ferido.

Após o embate, logo que saímos do automóvel, o outro condutor, que logo depois se deu como  culpado, reagiu:
- Se calhar, vinham a falar ao telefone!

Por acaso nem telefone tínhamos connosco, o que, na verdade, fez bastante falta para resolver os problemas burocráticos.

Quando chegou o reboque,  ao preencher o documento, o motorista perguntou:
- Sabe o seu número de telefone?

Já na Companhia Seguradora, o funcionário, depois de ter verificado a descrição da ocorrência, exclamou sorridente:
- Pois vamos ver então. A solução que tenho para vocês é espetacular.

Sem pretender ser feminista, interrogo-me: se fossem homens, o discurso seria o mesmo?



Nota - Vou sugerir às minhas filhas, ao jantar, brindarmos por não nos termos magoado. Também brindaremos a um homem que passou e tentou prestar ajuda, partilhando o que sabia sobre estas situações.

Ou seria apenas por ver "mulheres ao volante"?!
.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sempre ouvi chamar-lhes veludos!


terça-feira, 28 de agosto de 2012