Hoje passei uma boa parte da manhã a arrumar uma divisão da casa que já estava à espera disso há muito tempo. Eu, pelo menos, estava, mas demorou a começar: umas vezes porque não havia tempo, outras, porque faltava vontade…
E, como estamos no tempo das cerejas (hoje comi algumas e souberam-me muito bem), umas coisas puxam outras. Recuei então ao tempo em que as minhas filhas eram pequenas e passávamos férias no Algarve. Tínhamos um Mini, onde cabíamos os quatro, mais as malas, mais uns sacos, mais um lanche e garrafas de água…
Nessa época, eu tinha o fraquinho pelo artesanato do Alentejo e por cestos em vime do Algarve.
Portanto, na viagem de regresso, o pobre do Mini aguentava também com cestos algarvios (alguns ainda duram) não muito pequenos e pratos ou outras peças do Redondo, que ainda conservo, embora já tenha dado algumas.
Ah, e da zona de Almeirim, ainda trazíamos um melão ou melancia e pequeninas abóboras decorativas.
E não havia autoestrada nem ar condicionado. Nem telemóveis. Saiamos de madrugada e, ainda assim, apanhávamos filas intermináveis. Éramos jovens, os perigos espreitavam, mas quase não os víamos.
Era o tempo da acumulação de objetos. Vou-me despojando, no entanto, de algumas coisas e não sinto vontade de ocupar esses lugares que ficaram vazios.
Agora, procuro rentabilizar o que tenho. E, quando faço arrumações, vou separando coisas para dar, para levar à loja social, para conservar pelo valor afetivo que algumas coisas têm…
E, apesar de achar que agora um Mini seria demasiado pequeno, cada vez gosto mais da palavra despojamento.