Não me lembro de ouvir falar tanto de Educação como agora, mas, quase sempre, por más, embora pertinentes razões: falta de professores, anos de trabalho que o Estado não pagou, etc. Os Sindicatos, como é atribuição sua, fazem-se ouvir, barafustam, criticam, apresentam propostas, etc. E, atualmente, perante o que dizem ser teimosia do governo, decretam greves - demasiado frequentes, na minha opinião.
Os rostos que mais aparecem nos media - pelo menos os que vejo mais, embora existam outros como o da Fne - são os de Mário Nogueira, da Fenprof, e de André Pestana, do Stop. Quanto ao primeiro, acho que está há demasiados anos - desde 2007 - à frente desse Sindicato; quanto ao segundo, acho-o demasiado efervescente para a função.
Existem outros problemas nas escolas - e um deles é a burocracia - mas são pouco referidos. Por outro lado, há boas práticas que nunca são relevadas, porque o que é evidenciado são sobretudo os problemas, nomeadamente o não pagamento de serviço prestado. E este é o principal motivo para a convocação das frequentes greves. Também sou de opinião que quem trabalha deve ser remunerado, mas o ruído às vezes é tanto que já cansa muitas pessoas - incluindo bastantes professores - e os motivos das greves às vezes nem são ouvidos por quem não é professor. E muitos docentes não as fazem porque o ordenado não é grande e assim ainda é menor.
Quanto a esses dois dirigentes bastante mediáticos, André Pestana parece ter surgido a correr e de forma súbita com a sua mochila de papéis tantas vezes desarrumados e nervosos; Mário Nogueira, por sua vez, está no cargo desde 2007 e teria trabalhado como docente uma dezena de anos. Muito tempo à frente de um Sindicato. Demasiado tempo. O desgaste pelo tempo não perdoa.
A experiência acumulada pode ter vantagens, mas traz uma habituação que não é vantajosa para o grupo a defender. Podem até ser justos muitos dos seus argumentos, mas vão deixando de ser ouvidos, para além do cansaço que a imagem provoca.
Discordo cada vez mais do prolongamento em demasia em quaisquer cargos públicos de chefia, como se detivessem para si esse ónus a que se habituaram, muitas vezes para manutenção do poder e de regalias, embora não ponha em causa muito do trabalho realizado.
Será que os professores vão ser ressarcidos do tempo de serviço não pago e as greves vão abrandar? Neste contexto, não creio.
Será que outros problemas das escolas vão sendo resolvidos? Neste caso, sou um pouco mais otimista. Pode ser que a Educação ganhe mais relevância, como será necessário.