sábado, 12 de setembro de 2020

Partilhando o sol da manhã

 





quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Clã - "A Paz Não Te Cai Bem"

 Hoje ouvi que Trump foi ou vai ser proposto para Prémio Nobel da Paz. 

Pensei até que tinha ouvido mal ou que havia um outro qualquer dia de enganos 

e não só o 1 de Abril.

 Paz???? Não lhe cai mesmo nada bem!!!!

Conversa ao fim do dia

 

 - Então, filha, como correu o primeiro dia da primeira classe?

- Adorei, mãe, brinquei muito no recreio. Foi mesmo fixe.

- E da professora, gostaste?

- Muito, mãe, é muito simpática.

- E da sala de aula?

- Também gostei, mas menos.

- Como assim?

- Não tem brinquedos, como as dos anos anteriores!

 

terça-feira, 8 de setembro de 2020

No Auchan, mas podia ser Pingo Doce, Continente...

 

Levantou-se pela hora do costume. Sempre antes das nove. Mesmo vivendo sozinho, parecia ouvir a voz antiga da mãe: daqui a bocado é noite.

Como quase todos os dias, o que tinha para fazer não era muito demorado. Hoje, tinha de ir ao supermercado. A fruta tinha acabado, o pão e o queijo também.

Podia almoçar lá. Uma vez, tinha travado conhecimento com uma mulher bem bonita e sorridente que também estava sozinha a almoçar. Pediu-lhe o número de telefone, ela esquivou-se, mas o prazer do momento já ninguém lho tira.

Podia ser que hoje acontecesse uma situação semelhante e até tomar café juntos. Juntos, isto é, na mesma mesa, porque manteriam as distâncias e também as sociais.

Vestiu uma camisa preta e umas calças da mesma cor. Viu-se ao espelho. Como estava moreno, gostou da imagem que viu. Molhou o pente e penteou o cabelo para trás. Estava um pouco comprido, mas devia ficar-lhe bem, porque já lho haviam dito por duas vezes. Devia ser verdade porque acabaram sempre a frase por: 'A sério!'

Chegou ao supermercado e aproximou-se do balcão. Sentou-se no banco de pernas altas. Olhou à sua volta. As mulheres que via sozinhas pareciam apressadas ou estavam muito interessadas em escolher ou ver os preços dos produtos.

Acabou por almoçar no balcão solitário e triste. Talvez no exterior encontrasse alguém a tomar café e gostasse de conversar um bocado. 

Saiu e dirigiu-se para um dos pontos onde serviam café.

As quatro mesas estavam cheias de gente animada.

Acabou por tomar o café ao balcão solitário. Agora menos triste, mas a alegria estava distante, apesar de a sentir bem perto.

Entrou de novo no supermercado, comprou a fruta, o pão e o queijo e voltou para casa para ver um filme.

No dia seguinte, iria a outro supermercado. Talvez uma roupa mais clara desse mais sorte.


segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Flores de Londres

 



domingo, 6 de setembro de 2020

Tal como a formiguinha...


 

sábado, 5 de setembro de 2020

Fui hoje à Feira do Livro do Porto

 

 
Miguel Guedes e Fátima Vieira dialogavam sobre Utopias.
O moderador era o extraordinário jornalista da TSF - Fernando Alves

 
O jardim do Palácio de Cristal tem bocadinhos de paraíso.



Dois livros para a Clarinha. Vou lê-los antes de os enviar.

 

 

Com a mosca!

 

Que raio de título - pensarão.

E eu digo:  que raio de moscas! 

Chego à cozinha, vejo moscas. Vou à sala, moscas vejo. Abro o computador, pousa-me uma mosca nos dedos nos nos braços. Irritante.

Nos últimos dias, andei com umas pequenas obras em casa. As janelas tinham de estar abertas por causa do pó. E assim ficaram abertas às moscas, porque há campos e árvores muito próximos. 

Não gosto muito de usar inseticidas, mas lá terá de ser.

Para não ficar como o meu pai dizia muitas vezes: com a mosca!

 

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Com postais também se matam saudades!

 


Flores da época



 

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

No Lugar do Desenho

 


As fotos

Talvez não me aconteça só a mim. Quando arrumo ou organizo fotografias, sinto sempre alguma nostalgia.

Impossível conter palavras ou pensamentos quando se olham fotos já com uma série de anos, do tempo em que eram em papel e o fotógrafo colocava os negativos numa separação do envelope, para serem reproduzidos quando se quisesse.

Olha, como eras tão pequenina. O sorriso já era como agora. 

Como os meus pais eram novos e bonitos.

Tanta gente no casamento e todos tão juntos na foto de grupo.Sem os medos de agora.

Como tocavam bem viola. Gostava tanto de ouvir.

Que saudades das paisagens de inverno em Trás-os-Montes.

Tantos que já partiram.

Aqui gosto mais de me ver. 

Pareciam tão apaixonados e agora nem se podem ver nem pintados.

Quem diria que a farta cabeleira daria lugar a careca tão completa. 

Parece que ainda estou a ouvir o que dissemos naquele dia.

Que caracóis tão vincados.

Perdi-os completamente de vista. O que lhes terá acontecido?

Os passeios que dávamos eram tão divertidos.

Tudo parecia eterno.

E as blusas aos folhos! Um tempão para passar a ferro.

Não quero morrer sem voltar aos Açores.

Como era magrinha.

...

O tempo é mesmo um grande escultor, como escreveu Marguerite Yourcenar.

Espalhadas, muitas fotos estão à espera de novas caixas para serem guardadas, porque as antigas estavam cheias de bolor. 

No fundo, procura-se guardar pedaços de tempo. Tarefa inglória a que não escapa a nostalgia.

Mas também se foram bons os momentos vividos, o tempo já não os tira. Como os menos bons, é claro.


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Ai os acentos!

Hoje no Expresso Curto:

 

       O verbo "Estar", no pretérito perfeito, não tem acento. Ai, ai, senhores do Expresso!!!

 

Pagar ou apagar a multa, eis a questão!!!!

 

                      Notícia da TVI há bocadinho (a gralha, engraçada, foi corrigida de seguida)!


Sérgio Godinho - "O Novo Normal" - a que temos de nos habituar!

"No novo normal
Há cidades inteiras
Por onde rasgaram
Invisíveis poeiras
Malignas benignas
Ninguém sabe se sabe
Nem que acaso ou que destino nos cabe
O novo normal
É terreno minado
De acasos
No novo normal
Caem corpos à sorte
Em valas comuns
Num silêncio de morte
Cortado somente
Por soluços distantes
Longe vão os tempos de ser como dantes
No novo normal
Nunca nada vai ser
Nunca igual

Dadas as circunstâncias
Mantenha as distâncias
Respeite os espaços
Controle essas ânsias
De beijos e abraços
Refreie as audácias e as inobservâncias

Escolha bem as audácias
Refreie essas ânsias
De beijos e abraços
Dadas as circunstâncias
Respeite os espaços

No novo normal
Nunca são contas feitas
Acordaste informado
E ignorante te deitas
E amanhã pela manhã
Será que algo mudou
(tudo) não passou de um pesadelo fugaz
Uma história do medo
Largada ao ouvido
Em segredo

No novo normal
Há grandes filas de fome
Nomes tão desgastados
Até deixar de ter nome
Até que o medo não tenha
Racionais fundamentos
E seja só um buraco negro no céu
Um horizonte de eventos
Memorial do que
Se viveu

Dadas as circunstâncias
Mantenha as distâncias
Respeite os espaços
Controle essas ânsias
De beijos e abraços
Refreie as audácias e as inobservâncias

Escolha bem as audácias
Refreie essas ânsias
De beijos e abraços
Dadas as circunstâncias
Respeite os espaços"

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Hoje é dia de vários recomeços

 
Recomeça

Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

Miguel Torga

domingo, 30 de agosto de 2020

Nem só agosto


Vieira Portuense - Pintor neoclássico  - Porto, 1765/Funchal, 1805


Espero setembro como quem espera uma visita calma, organizada e alegre. Será?

Que me desculpem tantas pessoas que precisam do mês de agosto para descansar, relaxar, mudar rotinas, não cumprir tantos horários, não ouvir palavras desagradáveis no trabalho... Que passam diariamente muito tempo em autocarros cheios (muitos vezes com passageiros de narizes fora da máscara), em estradas pejadas de carros apressados e nervosos...

Mas agosto é também mês de adiamentos. Uma coisa avaria em casa: fica para depois de agosto. Por isso, se repete e justifica: mete-se agosto, meteu-se agosto...

E vem-me à memória o filme "Meu querido mês de agosto" com emigrantes que vinham, sem limites, matar saudades. Os arraiais não estavam proibidos e nem sequer se pensava em possíveis quarentenas. Todos os ajuntamentos felizes eram bem-vindos.

Depois, meteu-se a pandemia...

sábado, 29 de agosto de 2020

"O silêncio"


                                                                 António Dacosta - 1942

 

Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,

e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos

e procuram
nos meus navegação segura,

é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,

pelo silêncio fascinadas.

                                       Eugénio de Andrade, in Obscuro Domínio  - 1942                                                            

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Sabe bem um tempo de (quase) silêncio!

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Com "madressilvas a brilhar"?

 Hoje, recebi o "Conto gigante", de Elsa Bornemann (escritora argentina), 

baseado no poema que procurei e agora partilho.

O conto foi enviado pelo Clube das Histórias:

 clubecontadores@gmail.com

 

                                                                      Imagem da net

 

O GIGANTE DE OLHOS AZUIS

Ele era um gigante de olhos azuis
Amou uma mulher pequenina
Cujo sonho era uma casa pequenina
Que tivesse no jardim
madressilvas a brilhar.

O gigante amava como um gigante
As suas mãos feitas para os trabalhos pesados
Não poderiam erguer os muros ou puxar a sineta
Da casa que teria no jardim
madressilvas a brilhar.

Ele era um gigante de olhos azuis
Amou uma mulher pequenina
Que em breve se cansou dele, a bonequinha.
No caminho largo do seu gigante
Sentia muito a falta de comodidades
Adeus, disse então para os olhos azuis
E pegando no braço de um anão rico
Entrou na casa que tinha no jardim
madressilvas a brilhar.

O gigante sabe agora
Que os amores de gigante
Não podem ser enterrados
Na casa de madressilvas a brilhar.

Nâzim Hikmet (tradução de Rui Caeiro)

Nâzim Hikmet - Poeta e dramaturgo turco

Grécia, 1902/Moscovo, 1963