Hoje, este blogue - Mariana - faz anos.
Daí ter-lhe preparado uma roupa nova.
"O Vouguinha" foi o primeiro texto que publiquei, aqui, no dia 14 de julho de 2011.
Dias antes, pelo meu aniversário, as minhas filhas perguntaram-me
o que queria como presente.
Eu disse-lhes: 'gostava que me ajudassem a criar um blogue'.
E assim abri (com algum receio, mas carinhoso apoio inicial)
esta janela que, despretensiosamente, me ajuda a olhar
com mais atenção para dentro e para fora
e a gostar muito destes momentos de partilha.
Passados estes nove anos, quero dizer:
Obrigada, obrigada a todos
que me inspiram e visitam estas páginas.
O mundo sem este blogue seria, de certeza, igual;
mas eu, não.
A primeira foto - tirada do Vouguinha |
O Vouguinha
Hoje, fui, com duas amigas, fazer
uma pequena viagem na linha do Vouga: o vouguinha, como algumas pessoas lhe
chamam.
Saímos de Espinho por volta das nove
e meia da manhã e, passadas umas duas horas, estávamos em Sernada do Vouga.
Ao longo da viagem, fomos vendo
campos verdes de milho, algumas casas rente à linha, em avançado estado de
degradação, longa extensão de mato e árvores a tapar o serpenteado do percurso…
Quem motivou também para esse olhar, na
carruagem quase vazia, foi a D. Eduarda, uma funcionária simpática e expedita
que, nos apeadeiros, saía do comboio para abrir e fechar as cancelas. Para além
disso, sorria, falava com sensato à vontade, comunicando bem com os
passageiros. A pedido, marcou três almoços, por telefone, no café da estação.
Não sem antes informar que o prato do dia era arroz de legumes e costeleta
grelhada.
Em Sernada, havia calor, linhas
antigas ainda ativas, um velho comboio no centro aberto da estação, uma horta
bem regadinha e verde, buganvílias frondosas, um rio com corrente fraca e
interrompida, secas ervas daninhas, feijões a secar ao lado das vagens vazias,
belos e antigos pinheiros mansos, algumas casas com silêncio de riqueza antiga…
E uma expressiva senhora magrinha no
café da estação a dizer que espera que a linha não acabe.
Depois do almoço, deixámos o local,
entrando num velho comboio onde se lê que presta serviço há 100 anos. E apetece
(-me) dizer: se ainda há tantas flores frescas, muitas mais deverão florir.