sexta-feira, 6 de julho de 2018

Uma manhã em A Velha Casa e Outros Dias


Questionamento

Passei a noite com várias horas sem dormir.
Donald Trump ganhou as eleições americanas, ao contrário de sondagens e previsões. Para espanto de milhões de americanos. E do mundo.
Esta eleição terá de ser respeitada, porque foi democrática, mas dá fortes sinais de que a política e os políticos vão mal e têm feito muita coisa de mal e que, por isso, o mundo não está nada bem. Pior lição era impossível.
Como pode a um homem, em quem o mundo não confia, ser-lhe confiado o mundo? Um homem que desrespeita tudo e todos, que tem pose de boçal apresentador de reality show, que é populista, autoritário, arrogante e egocêntrico, que afirma que as alterações climáticas são uma mentira, que não conhece o mundo para além do que lhe está próximo e que ele se habituou a manipular, causando retrocesso ao país e à Humanidade.
De facto, a manipulação cresce cada vez mais, mesmo nos pequenos círculos. Não é só a que é levada a cabo pelos governantes, mas também pelos que detêm mais poder do que o homem comum.
Os casos de corrupção divulgados são de igual modo preocupantes. Banqueiros e políticos que roubaram incontáveis dinheiros públicos apresentam-se perante os meios de comunicação social como se fossem seres irrepreensíveis.

Desculpem, também é publicidade!


Está à venda na livraria Latina, na rua de Santa Catarina, no Porto (quase em frente à rua 31 de Janeiro).

Mesmo que não comprem, vale a pena a visita porque é uma livraria bonita e das mais antigas do Porto.

Imagem da net


quinta-feira, 5 de julho de 2018

Outro dia na Velha Casa e Outros Dias


Sábado, 24 de setembro
Uma joia

A vida é, de facto, como uma casa, pensei eu, enquanto colocava as peças de louça nos armários, depois de terem sido lavadas de tanto pó acumulado. E recordei como tinha sido bom o facto de as casas ligadas à minha infância terem tido livros, árvores e flores. Tinha sido bafejada pela sorte. Sorri pelo meu crescente otimismo.
Como tinha tempo, vagueei pelo exterior da velha casa, passando pelo azulejo azul onde se pode ler: Casa do Laranjal.
Fotografei duas rosas vermelhas que floriam, olhei as azáleas e as belas-donas, parei debaixo da figueira e comi figos que colhi. Sob os meus pés, as folhas secas estalavam como vidro preso à terra. Levantei os olhos para as janelas da casa que eram também olhos que se abriam para dentro e para fora.
Também de mim, Madalena, ex-professora, nascida nos anos cinquenta, amante de livros e de tantas outras coisas que a vida vai revelando, tal como as diferentes estações.
Quero viver este tempo de outono escrevendo e arrumando esta velha casa que remete para tantos retratos ainda visíveis.
Julgo que não me voltarei muito para o passado, porque dele não sou muito saudosa. Porém, sei que estas árvores, que vejo à minha volta, se aguentam porque têm raízes. Eu, sem elas, também tombaria como uma velha figueira que um dia vi ser arrancada pelo vento forte, caindo sem proteção.
Nesta casa, olharei as árvores de fruto que, como é natural, florescem e frutificam na estação certa. Neste final de setembro, as laranjeiras abrem os braços onde se penduram bolinhas de um tom verde carregado. Como dedos papudinhos que, crescentemente luzidios, crescerão e se inclinarão, mais tarde, do céu para a terra.
Vamos lá, Madalena, digo para mim, está mais do que na hora de começares a escrever. Sim, oiço esta espécie de grilo-falante que me diz que não se deve adiar o que há muito se deseja. Que me recorda a idade, a experiência acumulada e a necessidade de não perder demasiado tempo. Que me lembra as palavras sábias do escritor Mário Cláudio: "Escrever é expor-se", mas que não me deixam vacilar.
Escreverei o que cada dia me for ditando. E como um diário também pode implicar  disciplina, defini um tempo para a conclusão dos trabalhos: final do outono. Conseguirei? Serei suficientemente perseverante para levar este meu projeto até ao fim? Não surgirão obstáculos a impedi-lo?

Enquanto varria a eira da velha casa, encontrei, por baixo de um vaso, um brinco com uma pedra azul. Sentei-me no banco de pedra e olhei-o longamente, segurando-o entre os dedos.  Parecia estar ali há muito tempo. Nunca o tinha visto em ninguém.  Caíra junto a um velho vaso, com plantas agora ressequidas e já quase sem espaço para as raízes. Aproveitei para arrancar a planta e substituí-la, assim como a terra. Deitei água abundante e olhei de novo o brinco. A quem teria pertencido?
Pela forma do brinco e cor da pérola, teria sido usado por uma pessoa discreta, pensei.
Uma pequena joia que jazia adormecida ou que ficara perdida como o sapatinho de cristal. Um belo brinco à espera de um príncipe encantado que o devolvesse à sua amada ou a uma princesa que o voltasse a usar. Muitas outras histórias também convocaria aquele brinco de pedrinha azul água.
Entrei em casa e coloquei-o dentro de uma pequena caixa em cima da cómoda que tinha sido limpa de manhã.
Se eu tivesse mais imaginação, poderia criar uma história à volta do brinco encontrado, mas chego à conclusão de que sou mais contemplativa do que imaginativa. A realidade é tão fértil em acontecimentos que prefiro prestar atenção ao real. Mas pode ser que a realidade me conte a verdadeira história do brinco. Veremos.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Um dos dias em A Velha Casa e Outros Dias


O girassol

Hoje o dia voltou a amanhecer chuvoso. O céu carregado de nuvens cinzentas vai mostrando que tanta chuva não poderá ser contida.
E, ao ver pela janela um envelhecido e delgado girassol, veio-me à memória uma personagem da minha infância, a D. Marieta, muito alta e muito magra, que vinha a A Ver O Rio, uma vez por mês, entregar revistas de moda.
E, tal como a chuva, estes versos foram tombando, gota a gota:

D. Marieta chegava 
No primeiro dia do mês 
E as crianças brincavam 
Alegres fora de casa
Com o galo ou a galinha pedrês

D. Marieta chegava
E vinha com o seu chapéu
Colocado sobre o lenço
E debaixo do guarda-sol
Que tapava todo o céu

D. Marieta chegava
E logo os meninos corriam
Para olharem o saco
Muito escuro como buraco
Donde as revistas saíam

D. Marieta chegava
Para vender as revistas
E as janelas que se abriam
Mostravam as clientes
Costureiras e modistas


E D. Marieta partia
Com as crianças por perto
Sem dela terem sorriso
Dizia que tivessem siso
E que fossem para o deserto

D. Marieta partia
A pé como sempre se andava
Não parecia feliz
Afastava qualquer petiz 
Só da perfeição gostava

D. Marieta partia
Achando o mundo imperfeito
Muito austera ia pensando
Que só em revistas de moda
A vida é bela e sem defeito

domingo, 1 de julho de 2018

Ontem, na "Mimos e Livros" - em Gondomar

Como previsto, ontem à tarde, realizou-se uma pequena tertúlia à volta de (dois) livros, da Editora Lugar da Palavra:
. A velha casa e outros dias - de Maria Dolores Garrido
. História que daria um livro - de Manuel Maria


Por sugestão do editor, a conversa girou à volta de temas como:
- O processo literário e a presença do autor na obra produzida.

Para mim, foram bons momentos de diálogo sobre o trabalho recentemente apresentado.

À noite, os portugueses é que não foram mimados com um bom resultado da Seleção Nacional.
Infelizmente não houve golos que nos bastassem. 
Felizmente há também alegrias pelos livros que se partilham em momentos que nos mimam.

Hoje: da Afurada até Lavadores - "caminhada da diferença"


Cores naturais de Londres


sábado, 30 de junho de 2018

Mariza - Melhor de Mim (que, tristemente, rima com FIM!)

Portugal-Uruguai: Quem cantará mais ao cair da noite?

Ana Prada "Da buena suerte"

Elas também permitem voar

Orhan Pamuk

Nota - Estes e outros postais sobre a comemoração do Dia das Bibliotecas, dia 1 de julho, foram enviados pelo Clube das Histórias.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Post do dia 3 de junho

Há dias, Vítor Oliveira enviou-me um comentário ao post que publiquei no dia 3 de junho, domingo, em que abordava o lançamento, no dia anterior, do meu livro A Velha Casa e Outros Dias, da Edit. Lugar da Palavra.
Gostava de o partilhar e convoco-o agora, porque já publiquei bastantes posts posteriormente.

O comentário estabelece a ligação com o blogue

https://carruagem23.blogspot.com/2018/?m=0

Vale a pena entrar na Carruagem 23, bela, atenta e informada Carruagem, e, pela parte que me toca mais diretamente, achei o post, também de 3 de junho, maravilhoso, dando uma excelente visão do que se passou na Biblioteca Municipal de Gondomar no dia 2 de junho.

Se puderem, vejam! Vale a pena. Posso assegurar que a viagem é muito estimulante.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

CONVITE

 Como o texto não está bem legível, transcrevo o convite.

A Mimos e Livros e os autores Maria Dolores Garrido e Manuel Maria têm a honra  de convidar V. Ex.a e família a assistir e participar na tertúlia "Criação Literária", onde serão abordados temas como o processo criativo, a presença do autor no processo literário, etc.
No próximo dia 30 de junho, pelas 17 horas, na Mimos e Livros (Rua 5 de outubro, 91, em Gondomar - frente à empresa Águas de Gondomar).

Nota - Como Portugal irá jogar às 19 h, a "tertúlia" será às 16.30.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Convite



segunda-feira, 25 de junho de 2018

A cedilha no Continente

 Sabiam que
... o c, para ser lido ss, não leva cedilha antes do e e do i

Ex. Meiguice
       Acidez
       Comece

A cedilha, neste caso, é usada antes de a, o e u.
Ex. Cabeça
       Começo
       Doçura
                                                                                     Assim,      
     Como "As crianças aprendem
Com o exemplo que lhes damos",
Também temos de aprender
Os sinais que utilizamos!

Por isso, meus senhores,
Se "rende ir ao Continente",
Também rende escrever bem
Para bem de muita gente!

Obrigada, G. pela foto!

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Em véspera(s) de S. João


Ó meu rico S. João
Anda cá que és preciso
Está lançada a confusão
Por cabeças sem juízo!

O Bruno do triste Sporting
De seu apelido Carvalho
Abre tanto tanto a boca
Que ainda lhe sai um alho!

O Trump que quer ser rei
Da América e não só
Separa os filhos dos pais
De ninguém sentindo dó!

Ó meu rico S. João
Vou-te pedir um favor
Não concedas o poder
Ao louco e ao ditador!


quinta-feira, 21 de junho de 2018

Desintegração

Foto: Jornal El Dia

"Nos Estados Unidos, foram usadas jaulas para crianças, que personalidades como Laura Ingraham, putativa secretária de Imprensa, desvendaram com gentilezas como esta: “no fundo, são campos de férias”.

"“Mais de dois terços dos norte-americanos têm vergonha do que está a passar-se na fronteira sul com o México, onde cerca de duas mil crianças foram separadas dos pais, todos eles imigrantes ilegais, enquanto as autoridades processam as suas entradas”, conta o correspondente do Expresso nos Estados Unidos. “As imagens dos menores a dormir no chão em celas que mais se assemelham a jaulas foi a gota de água que fez transbordar um copo que se encheu aos poucos, fruto do paulatino endurecimento das políticas de integração.”"


in Expresso Curto de hoje