sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Rosa Linda



Cheguei, de metro, à estação do Dragão, no Porto. Pensava que logo haveria táxis, mas enganei-me: não vi  táxi nenhum. Passava uma mulher jovem. Perguntei-lhe onde poderia arranjar um táxi. Disse-me, com um sorriso: um pouco mais acima, mas como a mala é grande, se quiser, posso chamar o meu marido que é taxista.
Disse-lhe que sim. Pegou no telefone e referiu a situação. Luís, o marido, logo mandou um táxi. Ela disse que esperava comigo porque, assim, seria melhor o reconhecimento. E falámos. Era de Gondomar. O tempo tinha estado mauzito para ir à praia. Mas, felizmente, o mar não fica longe...
E o táxi chegou. Agradeci-lhe a simpatia (embora sabendo que ter arranjado uma cliente para o táxi também lhe tinha dado jeito).
Perguntei-lhe o nome. Rosalinda.
 Então, foi uma Rosa Linda que me apareceu na hora certa.
E ela abriu ainda mais o sorriso.
Lembrei-me de uma ideia de Mia Couto: há menos pessoas más do que muitas vezes  se julga.    
Ainda bem.



Cores de Londres


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Londres - alguns olhares





domingo, 2 de agosto de 2015

As amoras


Josefa de Óbidos
O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Sophia de Mello Breyner 

Também numa toalha se escreve/borda poesia!



sexta-feira, 31 de julho de 2015

Boas cores de verão!

Zínias

Para um verão sereno


Melody Gardot

quarta-feira, 29 de julho de 2015

INTERTEXTO


Primeiro levaram os negros 
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho o meu emprego
Também não me importei

Agora estão a levar-me
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
                                                         Bertold Brecht

Enviado pelo Clube das Histórias



segunda-feira, 27 de julho de 2015

domingo, 26 de julho de 2015

No Entardecer dos Dias de Verão

Van Gogh

No entardecer dos dias de verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa…
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria…
Ah, os sentidos, os doentes que veem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão …
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos …
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir … 
 
Alberto Caeiro, in “O Guardador de Rebanhos – Poema XLI”
Heterónimo de Fernando Pessoa

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Verão

Caminha, rio Minho
Obrigada, Ci, pela foto.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

ROXY MUSIC - A Song For Europe

Cristina Peres, no seu Expresso Curto de hoje, deu esta sugestão que partilho agora.

"Antes que este café curto saia um abatanado, sugiro-lhe ainda para esta manhã sete estupendos minutos de música: “A Song for Europe”, um original de 1973 do álbum “Stranded” dos Roxy Music, aqui interpretada ao vivo em Londres em 2001, ano da entrada em vigor do €. Brian Ferry canta lyrics a que estas últimas semanas na EUropa deram relevância acrescentada. Não é difícil imaginar uns certos europeus a pensarem noutros certos europeus ao trautearem com Ferry “Now only sorrow, no tomorrow, nothing is there for us to share but yesterday”

terça-feira, 21 de julho de 2015

Um abraço



Antes
Era ainda uma menina. Uma adolescente com uma longa trança. Na sala de aula, agia com todos com toda a delicadeza. Com uma serenidade responsável, nada deixava por fazer. Os trabalhos eram pensados e feitos com rigor e persistência. Era difícil ter uma aluna assim. Ela era assim. No seu nome tinha mar e nenhum professor a esqueceria.

Depois
Passaram-se anos. A professora de Francês pensava, por vezes, o que seria daquela aluna da trança doce e delicada.

Hoje
Na escola, chega uma professora do Ensino Especial ao Gabinete de Psicologia, onde, por acaso, a ex-professora de Francês se encontra. A Psicóloga apresenta a visitante à antiga professora de Francês. Esta gaba-lhe o sorriso, bem necessário na função que ocupa.
Foi quando a professora do Ensino Especial disse que já tinha sido sua aluna. 
"O quê? És a menina da trança? Quando deixei de te ver, eras uma menina e agora és uma mulher, mas com a mesma doçura no sorriso e no olhar."
"Também nunca a esqueci. Foi sempre uma referência para mim" - disse com os olhos brilhantes e  humedecidos".
"Já ganhei o dia. Que bom rever-te. Foste uma aluna que nenhum professor esqueceu pela tua delicadeza, trabalho e responsabilidade.
E foi quando a ex-menina e agora mulher disse à sua ex-professora de Francês: "Posso dar-lhe um abraço, mas com os dois braços?"
E, entre sorrisos, pousaram as carteiras e os papéis em cima da mesa e deram um abraço longo. E a língua que falaram foi a do reconhecimento mútuo. Para não falar da felicidade dos pequenos momentos que adoçam toda uma vida.