terça-feira, 21 de julho de 2015

Um abraço



Antes
Era ainda uma menina. Uma adolescente com uma longa trança. Na sala de aula, agia com todos com toda a delicadeza. Com uma serenidade responsável, nada deixava por fazer. Os trabalhos eram pensados e feitos com rigor e persistência. Era difícil ter uma aluna assim. Ela era assim. No seu nome tinha mar e nenhum professor a esqueceria.

Depois
Passaram-se anos. A professora de Francês pensava, por vezes, o que seria daquela aluna da trança doce e delicada.

Hoje
Na escola, chega uma professora do Ensino Especial ao Gabinete de Psicologia, onde, por acaso, a ex-professora de Francês se encontra. A Psicóloga apresenta a visitante à antiga professora de Francês. Esta gaba-lhe o sorriso, bem necessário na função que ocupa.
Foi quando a professora do Ensino Especial disse que já tinha sido sua aluna. 
"O quê? És a menina da trança? Quando deixei de te ver, eras uma menina e agora és uma mulher, mas com a mesma doçura no sorriso e no olhar."
"Também nunca a esqueci. Foi sempre uma referência para mim" - disse com os olhos brilhantes e  humedecidos".
"Já ganhei o dia. Que bom rever-te. Foste uma aluna que nenhum professor esqueceu pela tua delicadeza, trabalho e responsabilidade.
E foi quando a ex-menina e agora mulher disse à sua ex-professora de Francês: "Posso dar-lhe um abraço, mas com os dois braços?"
E, entre sorrisos, pousaram as carteiras e os papéis em cima da mesa e deram um abraço longo. E a língua que falaram foi a do reconhecimento mútuo. Para não falar da felicidade dos pequenos momentos que adoçam toda uma vida.

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