Antes
Era ainda uma menina.
Uma adolescente com uma longa trança. Na sala de aula, agia com todos com toda
a delicadeza. Com uma serenidade responsável, nada deixava por fazer. Os
trabalhos eram pensados e feitos com rigor e persistência. Era difícil ter uma
aluna assim. Ela era assim. No seu nome tinha mar e nenhum professor a
esqueceria.
Depois
Passaram-se anos. A
professora de Francês pensava, por vezes, o que seria daquela aluna da trança
doce e delicada.
Hoje
Na escola, chega uma
professora do Ensino Especial ao Gabinete de Psicologia, onde, por acaso, a ex-professora de Francês se encontra. A Psicóloga apresenta a visitante à
antiga professora de Francês. Esta gaba-lhe o sorriso, bem necessário na função
que ocupa.
Foi quando a
professora do Ensino Especial disse que já tinha sido sua aluna.
"O quê? És a menina da
trança? Quando deixei de te ver, eras uma menina e agora és uma mulher, mas com a mesma doçura no sorriso e no olhar."
"Também nunca a
esqueci. Foi sempre uma referência para mim" - disse com os olhos
brilhantes e humedecidos".
"Já ganhei o dia.
Que bom rever-te. Foste uma aluna que nenhum professor esqueceu pela tua
delicadeza, trabalho e responsabilidade.
E foi quando a
ex-menina e agora mulher disse à sua ex-professora de Francês: "Posso
dar-lhe um abraço, mas com os dois braços?"
E, entre sorrisos, pousaram as
carteiras e os papéis em cima da mesa e deram um abraço longo. E a língua que falaram foi a do reconhecimento mútuo. Para não falar da felicidade dos pequenos momentos que adoçam toda uma vida.
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