Sábado à noite, fui à Feira do Livro, no Porto, este ano
nos jardins do Palácio de Cristal. O arvoredo cria um bom cenário para o
passeio entre os stands de livros. Mas não só. Também há um stand de vinhos a
copo; outro de francesinhas, comeres e beberes que podem ser consumidos em
tempo sossegadamente sentado e conversado, saboreado junto a mesas pequenas
onde ardem velas tranquilas. Mesmo ao pé, rasga-se a paisagem e surgem,
luminosas, as linhas da marginal do Douro e da ponte da Arrábida.
Na Biblioteca Almeida Garrett, era tempo para ouvir e
aplaudir CHULLAGE – em poético e criativo rapp
com voz e música a convocar rimas atuais.
Mas até agora – dirá quem me acompanhou até aqui – qual a
razão do título?
Ora aqui vai então: para se ver os livros, para serem
olhados, tocados, folheados, existem uns estrados junto aos stands. Os estrados
são descontínuos, o que implica saltar de um para outro ou descer para logo
voltar a subir.
Comentários que ouvi dos vendedores de livros:
- “No próximo ano, terá de ser diferente. Quem vem de
cadeira de rodas não consegue chegar aos livros”.
- “Espero que não haja nenhuma queda com tanta subida e
descida”.
-“Que ginástica é pedida às pessoas!”
E este bem português:
- “Podia ser pior, podia ser pior!”
Malgré tout, vale a pena visitar a Feira do Livro que decorre nos
Jardins do Palácio de Cristal, de 5 a 21 de setembro. Há “Debates”, “Festival
de spoken word”, “Dos livros no
cinema”, “Animação” e muito mais em passeio acompanhado pelo cheiro colorido
dos livros.
Mas, por favor, quem de direito, corte na altura dos
stands dos livros e não gaste dinheiro nos estrados. Em tempo de cortes,
poderia haver poupança e não se poupava no acesso mais fácil de todos aos
livros. Não é para isso que os livros estão expostos na Feira?
Assim, podia ser melhor, podia ser melhor!