O Tesouro de Maria Clara
Miguel
Em primeiro
lugar, muito obrigada à Isaura Afonseca, Maria Clara Miguel, pelo convite que
me fez para apresentar este seu segundo livro: O Tesouro, dedicado à sua
irmã Fernanda. Pessoalmente, também estou grata à Editora Lugar da Palavra por
ter publicado um livro que, para além do prazer que tive com a sua leitura, sei
que muitos alunos o poderão partilhar, nomeadamente em Contratos de Leitura.
Também quero referir a ilustração. Acho a capa muito bonita e muito motivadora
para a leitura do livro. Reunidas estas qualidades, este livro é um tesouro que
ajudará, por certo, a descobrir outros.
Um dia, falando
com uma amiga comum sobre a vontade e capacidade de escrita, ela utilizou um
termo que muitas vezes recordo: A Isaura arranja tempo para escrever e escreve
com este fascínio porque tem a chave. Nessa altura, ainda não existia O
Tesouro e ela referia-se sobretudo às Histórias para lermos juntos.
O tempo foi
passando, e para além de poemas e de contos, a Isaura ia dizendo que estava a
escrever um livro ao qual viria a dar o título O Tesouro. Tive o privilégio
de acompanhar a escrita que ia dando vida a um grupo de personagens que seguiam
muitas pistas que iam, secretamente, encontrando.
A palavra “tesouro”
é sempre motivadora pelo mistério que sugere, pelo avivar do nosso imaginário,
pela recordação de leituras que ficaram na nossa memória, de filmes, de
brincadeiras de infância…
O Tesouro de Maria Clara Miguel está
envolvido num ambiente propício à sua procura. Existe uma velha casa que
acompanhou várias gerações de uma família, um jardim, um sótão, baús que o
tempo foi cobrindo de pó, cartas antigas, uma estante bem guardada e que é geradora
de pistas e indícios, morcegos a voar numa real biblioteca…
A este propósito, queria salientar o cuidado e
minúcia da autora em procurar e encontrar pistas verosímeis mas inesperadas que
conduzissem ao tesouro.
Durante este
tempo de escrita, a Isaura, sempre com o seu entusiasmo e brilhozinho nos
olhos, falava da avó Margarida, da velha Amélia, da Joana, do Pedro, do Afonso
como seres que passaram a existir através das suas palavras e cuja vida ia
construindo e partilhando. Queria que os vocábulos e os diálogos saíssem com verdade
e naturalidade…
E por falar em
palavras, é um livro muito bem escrito, embora de leitura muito acessível. A história
e o modo como é contada prendem o leitor pelo ritmo e vivacidade. As
personagens são igualmente motivadoras: poderíamos dizer que são pessoas que
conhecemos ou que poderíamos conhecer: os mais novos gostam de se divertir, têm
bom humor, vão fazendo descobertas amorosas, falam da escola, esforçam-se por
conseguir chegar ao fim das suas buscas, embora às vezes, apeteça desistir, respeitam
a família e são respeitados, guardam segredos, cumprem promessas,
entusiasmam-se com as pequenas coisas da vida... Os mais velhos organizam a
vida com carinho e alegria.
Ao longo da
obra, no sentido de encontrar o tesouro, Maria Clara Miguel não dá todas as
respostas porque sabe que quem está a ler é inteligente. E os leitores poderão
ser de idades muito variadas. Tal como as personagens. O mais novo, Afonso, tem
onze anos, a mais velha da casa, Amélia, tem 93. Todos são uma mais-valia na
busca do tesouro. Eu diria que todos são uma mais-valia na busca do tesouro que
é a própria Vida.
Le Clézio, o
escritor francês que ganhou o prémio Nobel em 2008, escreveu um livro
intitulado O caçador de tesouros. Essa personagem fez uma longa viagem
para encontrar a riqueza escondida. Quando chegou ao local, depois de consultar
livros e mapas, de atravessar rios e mares, chegou à conclusão que a principal
riqueza estava dentro de si.
Com este livro,
Maria Clara Miguel, com o seu talento e amor que põe em tudo o que faz, revelou
também que há muitos tesouros, materiais ou não, perto de nós e que podem ser
encontrados. Se se acreditar, como podemos ler nas primeiras páginas da narrativa.
Retomando as
tais palavras da nossa amiga comum, a Isaura Afonseca, ou Maria Clara Miguel
mostrou, mais uma vez, que tem a chave. Parabéns, muito obrigada e continuação
de boas escritas.
Para todos, boas
leituras. Muito obrigada
Os comentários não deviam vir aqui, mas....
Os comentários não deviam vir aqui, mas....
Dolores,
mais uma vez não consigo comentar na tua Mariana.
Por isso segue aqui o meu comentário.
Espero que gostes e não o censures! Eh eh eh...
Um beijinho grande e muito obrigada!
Za
Depois
da releitura deste teu texto de apresentação que prendeu quem o ouviu, ontem,
no auditório da Biblioteca Municipal de Gondomar, só posso concluir, mais uma
vez, que os verdadeiros tesouros caminham connosco! Em casa. No trabalho. Nos
cada vez menos momentos de encontro e de lazer...
Um
muito obrigada pelo teu texto, pelo teu carinho, por teres seguido a escrita
deste "O Tesouro", do qual és também uma espécie de autora, e, principalmente,
um muito obrigada por acreditares...
um
beijinho muito grande desta que gosta muito de ti
Isaura, também Maria Clara Miguel
Pois não sei, Clarinha, o que se passa com a publicação e leitura dos comentários. Ai como eu gostava de
saber resolver estes problemas informáticos. Como não sei, ficam sempre para
quando houver tempo e ele sempre a fugir. Mas também quando passa depressa é bom
sinal! É porque há tesouros que vamos procurando e, felizmente, às vezes encontrando.
Za, obrigada pelas tuas palavras. Escolheste bem o título: O Tesouro.
Também o és.
Um beijinho
Dolores e também Mariana