23 de dezembro 2011
Querido diário,
Há tanto tempo que não te escrevo, querido amigo diário. Já
tinha mesmo saudades. Desde a última vez que te contei o meu dia, houve tantas
cenas: os testes, os trabalhos, os relatórios, o conto de Natal… Já estava
cansada. Agora é muito fixe porque estou de férias. Posso dormir até mais
tarde, mandar mensagens quando quero e preciso (se o cartão estiver carregado,
é claro), não tenho de estar sempre a pensar se já tocou, se tenho a mochila
arrumada… É chato é a minha mãe estar sempre a lembrar-me que tenho os tê pê
cês para fazer:
- Mariana, aproveita o tempo; Mariana, já começaste a
estudar?...
Ontem à noite, felizmente, não ouvi isso. Fomos jantar a um
restaurante no Porto. Quando entrámos, pensei que era para velhotes, mas depois
até gostei. Foi altamente. Estava eu, as minhas irmãs, duas primas mais novas
do que eu e uma amiga de uma delas. Ah, e também estava a minha mãe.
Escolhemos filetes de peixe com arroz. Mas nós, as mais
novas, queríamos também batatas fritas, mas pensei: népia, porque uma das
minhas irmãs não gosta mesmo nada de infrações à regra. Ela disse logo:
- Meninas, nada de batatas fritas porque vocês hoje já
ingeriram muitas calorias.
Mas foi mesmo fixe, porque o empregado parece que adivinhou
e trouxe-nos uma travessinha com batatas fritas às rodelas e estaladiças. Até a
minha mãe comeu algumas pegando nelas com a pontinha dos dedos.
Para além da comida, a gente falou de muitas coisas, tipo os
adolescentes que às vezes parecem um bocadinho parvinhos, as nossas escolas, as
mães que gostam que os filhos sejam estudiosos, os nossos professores
preferidos, os professores que berram como se estivéssemos muito looonge…
Toda a gente diz que há a idade da parvoíce, mas ninguém
pergunta porquê nem diz que também já foi assim. Às vezes, vejo adultos que são
mais parvinhos do que muitos adolescentes. E o pior é que falam deles como uma
árvore limpinha que perdeu todas as folhas secas. Que horror! Às vezes, dizem
assim: ai, ele é tão amoroso ou tão amorosa e vem logo um mas… Mas é teimoso,
mas é distraído, mas é descuidado…
Parece que só eles, os adultos, é que têm juízo e fazem
tudo bem. Também não fazem tudo mal, porque lembro-me sempre do que a minha Dê
Tê diz: não se pode generalizar.
A minha irmã do meio não gosta de assuntos muito sérios à
mesa e lembrou-se de coisas engraçadas. Eu às vezes olhava para a minha mãe e
quase adivinhava o que ela estava a pensar: que uma das minhas primas é uma
princesa; a outra é uma boneca; a amiga de uma delas é muito engraçada e tem um
nome que rima com maresia…
Foi um jantar altamente e a minha mãe, quando se despediu,
disse que todas tinham sido muito boa companhia.
Fico por aqui, querido diário. Não falei do Gi. Esteve com
gripe e teve de faltar nos dois últimos dias de aulas. Tínhamos combinado ir
ver os torneios mas népia.
Fiz-lhe um postal de Natal com colagens de pano e de papel.
Ficou mesmo fixe. Fiz em tons de azul e pedi ao Rui, que é vizinho dele, se lho
entregava. O Rui depois disse-me que o Gi tinha gostado, mas preferia que fosse
vermelho. Que nervos!
Muitos abracinhos. Sabes que mesmo no Natal, estarás perto
de mim, porque os amigos também são para as boas ocasiões.
Mariana