Quero eleger e celebrar
O homem novo
Ou melhor o novo homem
Que começa por aí a despontar
Por isso é do sexo masculino
De que vou aqui e agora falar
Sem esquecer que o feminino
Também mais longe está a chegar
Nomeio esse novo homem que nem sempre é homem novo
Porque pode renascer em qualquer idade
Não se faz notar pela prosápia ou vaidade
Ama o bem, o belo e a verdade
Sabendo porém que estes conceitos
Têm diferentes leituras e interpretações
Não tem a mania que destroça corações
Valoriza sentimentos e emoções
E já não diz que um homem não chora
Respeita os mais próximos e os de fora
E vai à luta em muitas situações
Não separa ingenuamente o bem e o mal
E é competente na sua vida profissional
Como é um ser animado
Tem de se alimentar
Para isso não se senta no sofá
À espera que a pessoa companheira
Arranje sempre maneira
De cozinhar com afã
Para sempre lhe apresentar
Um bom e diferente jantar
E este homem que agora elejo
Também não cospe no chão
Nem acende um cigarro
Sem sequer reparar
Que mesmo ao seu lado
Há uma criança
Ou uma pessoa com catarro
E esse homem que agora louvo
Ouve melhor os outros
E a si próprio também
Vai-se despindo de preconceitos
Em si reconhece virtudes e defeitos
E é um bom português
Estando aberto ao mundo
E às necessárias modificações
Para que o planeta seja habitável
Pelas atuais e futuras gerações
Ele vive só ou acompanhado
Sabendo que pode desiludir
Mas não é por ter o hábito
De fingir e de mentir
É fiel às amizades
Conhece bonanças e tempestades
E não esquece o passado
Estando voltado para o presente e futuro
Não é mole mas não tem coração duro
E até sente um calafrio
Quando ouve dizer com desdém ou antigo brio
Que tudo era melhor
No tempo do outro senhor
Apesar de bem trabalhar
Esse novo homem arranja tempo para ler
Também gosta de viajar
Ah e o que é muito importante
Para que a vida não morra em cada instante
Também gosta de escrever
A ideia surgiu num ateliê de escrita, em Serralves
Sugestão:
Não queira(mos) ser o(a) melhor, mas, se possível,
um bocadinho melhor em cada dia.
Algumas das coisas referidas são, nos dias que correm, quase luxo.
Oxalá isso venha também a melhorar (não se sabe é quando!).