Como toda a gente já sabe e já viu em imagens, num ataque, enquanto discursava num comício, Trump foi atingido numa orelha. Agora, muitos seguidores do candidato a presidente dos Estados Unidos dizem que foi um sinal que o seu amado líder recebeu de Deus para ser o amado líder de todo o país e, mais ainda, o amado líder do mundo inteiro.
Como é possível?
E a imagem de Trump, à frente de grandes multidões, em êxtase, é agora quase santificada e todos os crimes - sobretudo de corrupção, que ele cometeu e já provados pelos tribunais - os seus apoiantes dizem ser falsos, inventados, criados para o denegrir e abater. E que ele, com a sua aura, agora mística de poder, vencerá.
E o ego imenso do candidato mais cresce para atingir o céu de todo o poder e apagar de uma vez por todas as nuvens que lhe causam turbulência.
Já nem precisa de levantar o punho enfurecido nem fazer esgares de raiva e vingança.
Como é possível?
E as multidões rejubilam, choram, gritam, aplaudem, gesticulam perante o seu deus maior que foi escolhido por Deus. Algumas pessoas até usam um penso branco na orelha, não para se igualarem ao seu deus, mas para mostrarem que estão com ele.
Estranho fenómeno das massas.
Estranho país de tanta clarividência e de tanto negacionismo.
E que reduz a estranheza de nada parecer estranho.