sábado, 26 de setembro de 2020
Uma sugestão de escrita sobre o Natal
LUGARES E PALAVRAS DE NATAL – VOLUME IX
Coletânea de poemas e contos 2020
A Lugar da Palavra Editora quer editar (mais) um livro memorável para este Natal. E gostaria de contar consigo! Participe!
REGULAMENTO
1.
O prazo de inscrição para participação na coletânea LUGARES E PALAVRAS
DE NATAL e envio de textos decorre até 27 de outubro de 2020.
2. Os textos devem ser enviados em suporte informático (tipo word) e remetidos para editora@lugardapalavra.pt
3. Serão admitidos textos do género lírico (poemas) e narrativo (contos).
4.
Cada autor poderá participar com um ou vários textos, que pode(m)
ocupar até um máximo de quatro páginas, sendo que cada página
corresponde a um conjunto de 1700 caracteres (incluindo espaços) ou 1400
caracteres (sem espaços), para os contos, ou 30 linhas de verso
(incluindo espaços de transição de estrofe e eventuais versos
demasiadamente longos).
5. A ordem de publicação obedecerá a um critério a definir, posteriormente, pela organização.
6.
Os autores podem utilizar pseudónimo, embora sejam obrigados a
identificar-se e o seu nome ser incluído na breve biografia a constar do
livro.
7. Os autores devem enviar uma curta nota biográfica, que será publicada, com um máximo de 600 caracteres, incluindo espaços.
8. O tema de todos os textos é o Natal e/ou os valores à data associados.
9.
No caso de a organização entender que o número de participantes não é
suficiente para a edição do livro, os textos serão publicados on.line no
site da editora Lugar da Palavra, em www.lugardapalavra.pt
e enviado um exemplar em formato pdf a todos os participantes. A
organização é soberana na seleção dos textos a incluir na obra.
10.
A obra estará disponível em vários pontos de venda, com um preço de
venda ao público (PVP) a definir em função do número de páginas, sendo
certo que os autores beneficiarão de vantagens na sua aquisição
diretamente à Lugar da Palavra Editora. Os autores selecionados
obrigam-se a adquirir pelo menos um exemplar da obra.
11. Todos
os textos serão alvo de revisão, com vista a apresentar um trabalho da
maior qualidade possível, comprometendo-se, obviamente, a organização a
nunca desvirtuar o original do autor.
12. Os participantes
disponibilizam os seus textos exclusivamente para a presente publicação,
sendo- lhes, obviamente reconhecido o seu direito de autor (pelo qual
assumem essa responsabilidade), mas não serão pagos quaisquer direitos
patrimoniais. Ou seja: o participante envia textos da sua autoria (se já
publicados, com a respetiva autorização competente) e cede-os
exclusivamente para o fim em questão, não resultando da sua publicação a
obrigação da editora de pagamentos de direitos patrimoniais ao autor.
- Será constituído um Conselho Editorial formado por três elementos: ANA MARIA BESSA, MARIA EUGÉNIA PONTE e MARIA ISABEL GONÇALVES.
- A participação implica a aceitação de todos os termos do presente regulamento.
15. Os casos omissos serão resolvidos pela organização
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Diálogos improváveis que deixaram de o ser
1.
- Filho, que tal a Faculdade?
- Muito fixe, mãe.
- Foram boas, então, as tuas primeiras impressões.
- Mesmo. Já nem me lembrava de estar numa sala de aula.
- E dos teus colegas, gostaste?
- Claro. Poder falar sem ser pelo zoom, a gente conhecer-se pessoalmente, conversar... nem parecia verdade; foi mesmo fixe.
2.
- Bom dia, setora, desculpe o atraso.
- Bom dia, sente-se então no seu lugar.
- Até me admira não me dizer nada por ter perdido a camioneta.
- O que podia dizer? Só estou a conhecê-lo agora.
- Como assim?
- Vim hoje fazer esta substituição.
- Desculpe, setora, com a máscara, nem reparei que não era a nossa setora.
3.
- Mamã, quando não houver vírus, podemos ir a Portugal?
- Sim, filha, claro. E estamos com a família, brincas com os primos, vamos à praia...
- Gostava tanto de ir. Já não vamos lá há tanto tempo.
- Também tenho saudades de Portugal, filha.
- O vírus ainda vai ficar muito tempo, mamã?
- Não se sabe, filha, mas ele é muito chato e não quer ir embora.
- Mamã, posso começar a fazer a minha mala?
- Já, filha? Ainda nem marcamos a viagem!
- Assim, o vírus não entra porque vê que vamos sair!
segunda-feira, 21 de setembro de 2020
Um (quase) poema que me chegou
O silêncio da casa
Deixo coisas por fazer
para que a casa continue assim
em silêncio
não sei se exala passado
ou sobretudo o agora
mas o momento é sereno
e não quero desperdiçar nada
do silêncio da casa de hoje
a cama está por fazer
a cozinha por arrumar
a roupa por passar a ferro
mas nada disso importa
não posso perturbar
o silêncio da casaolho a tua fotografia
e não te digo nada
volto a olhar
volto a nada dizer
não é preciso
conheces o meu amor
pelo silêncio
- com arrumação,
pressinto que vás acrescentar.
15.09.2020
sábado, 19 de setembro de 2020
Master KG - Jerusalema
"... é sempre um bálsamo constatar que uma música conquistou o mundo pela diversidade de coreografias que inspira. Não sei se já ouviu falar da sul-africana “Jerusalema”, mas vale a pena ouvir", in Expresso Curto de ontem, escrito por Jorge Araújo.
Concordo que vale a pena ouvir. E ver, é claro.
sexta-feira, 18 de setembro de 2020
Despedidas de verão
A minha mãe chama a estas florinhas 'despedidas de verão'.
Ela costuma conhecer bem a vida das flores.
Vou trazer para casa umas estaquinhas ou ganinhos, como sempre ouvi dizer, e plantar num canteiro.
Assim, terei um anúncio de outono natural e com a vantagem de ser bonito.
Como as flores já estão há uns dias na jarra, algumas estão murchas.
Também acontece nas despedidas de verão.
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Conversa com caracóis desconhecidos
- Olá!
- Já não vinha aqui à loja há uns tempos. O seu visual está diferente.
- Sim, há meses que não vou cabeleireiro e o cabelo cresceu bastante.
- Os caracóis são naturais?
- Sim, são. A minha mãe dizia-me que em pequena eu tinha caracóis, mas nem sabia que ainda os tinha.
- A sério?
- Desde os meus dez anos que usava o cabelo muito curto e nem dava pra ver.
- Tem piada.
- Quarenta anos sem saber que o meu cabelo tinha caracóis!
- É engraçado. Como na publicidade: há sempre uns caracóis desconhecidos que esperam por si!!!
quarta-feira, 16 de setembro de 2020
Os números a mais no telemóvel
Uma vez, ia eu no comboio e, muito perto de mim, alguém começou a apagar números de telemóvel, mas sem tirar o som. Não será necessário dizer como foi irritante a operação do procura-apaga.
Lembrei-me disto ontem, porque, enquanto esperava por uma chamada, comecei a apagar números que usei muitas vezes por necessidades da profissão, mas que há anos não preciso de utilizar.
Embora estivesse em casa, tinha o telemóvel sem som (sou muitas vezes criticada por não atender o telefone, embora depois ligue de volta. Acho péssimo, sobretudo em sítios públicos, ouvir-se o cantar poluente e estridente de telemóveis).
Ora, e retomando o que dizia há pouco, embora se apaguem alguns números, não se apagam momentos que ficaram registados na memória.
Nem os sons a eles associados.
terça-feira, 15 de setembro de 2020
Às vezes caem estas coisas nas notícias
Abro o Expresso curto de hoje, dia 15 de setembro, escrito por Paula Santos, diretora adjunta do jornal, e leio logo as primeiras palavras em destaque que são estas:
As aulas recomeçam. O futebol regressa e há
polémicas que não saiem do debate. Chegou a fase de
Contingência
Dra Paula Santos, onde diz saiem, deve dizer saem, que é a forma correta.
É que, num jornal de referência, sobressaem ainda mais estas coisas.
Por falar em aldeia...
"O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada
Quem está ao pé dele está só ao pé dele".
Alberto Caeiro - Heterónimo de Fernando Pessoa
Por acaso, na minha aldeia não há um rio, mas havia um riacho.
Nós, as crianças, brincávamos junto dele e, à noite, já em casa, gostávamos de ouvir as rãs.
Há bastante tempo, fui até lá e já não encontrei o riacho, mas ervas secas em seu lugar.
Quando puder, vou até lá outra vez.
Ainda tenho uma leve esperança de ver que a natureza lhe devolveu a água.
Ou então dou voltas ao provérbio:
Água mole em ação dura a tudo leva secura.
segunda-feira, 14 de setembro de 2020
"Ó sino da minha aldeia"
Sábado passado, fui à Igreja que fica perto do lugar onde moro.
Vi e ouvi tocar o sino.
E logo me veio à memória o poema de Fernando Pessoa: "Ó sino da minha aldeia".
Vale a pena lê-lo ou relê-lo, porque há sempre diferentes imagens e sons que nos
trazem memórias - às vezes boas, outras nem tanto, mas que fazem parte da vida.
Ó sino da minha aldeia,
Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
Fernando Pessoa
domingo, 13 de setembro de 2020
A escola e o futuro
A minha tradução do postal:
Ainda que adorássemos a escola, não tínhamos compreendido
como a instrução era importante, até ao momento em que tentaram impedi-la.
Ir às aulas, ler, fazer os deveres não era só um modo de passar o tempo, era
o nosso futuro.
Malala Yousafzai
sábado, 12 de setembro de 2020
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
Clã - "A Paz Não Te Cai Bem"
Hoje ouvi que Trump foi ou vai ser proposto para Prémio Nobel da Paz.
Pensei até que tinha ouvido mal ou que havia um outro qualquer dia de enganos
e não só o 1 de Abril.
Paz???? Não lhe cai mesmo nada bem!!!!
Conversa ao fim do dia
- Então, filha, como correu o primeiro dia da primeira classe?
- Adorei, mãe, brinquei muito no recreio. Foi mesmo fixe.
- E da professora, gostaste?
- Muito, mãe, é muito simpática.
- E da sala de aula?
- Também gostei, mas menos.
- Como assim?
- Não tem brinquedos, como as dos anos anteriores!
terça-feira, 8 de setembro de 2020
No Auchan, mas podia ser Pingo Doce, Continente...
Levantou-se pela hora do costume. Sempre antes das nove. Mesmo vivendo sozinho, parecia ouvir a voz antiga da mãe: daqui a bocado é noite.
Como quase todos os dias, o que tinha para fazer não era muito demorado. Hoje, tinha de ir ao supermercado. A fruta tinha acabado, o pão e o queijo também.
Podia almoçar lá. Uma vez, tinha travado conhecimento com uma mulher bem bonita e sorridente que também estava sozinha a almoçar. Pediu-lhe o número de telefone, ela esquivou-se, mas o prazer do momento já ninguém lho tira.
Podia ser que hoje acontecesse uma situação semelhante e até tomar café juntos. Juntos, isto é, na mesma mesa, porque manteriam as distâncias e também as sociais.
Vestiu uma camisa preta e umas calças da mesma cor. Viu-se ao espelho. Como estava moreno, gostou da imagem que viu. Molhou o pente e penteou o cabelo para trás. Estava um pouco comprido, mas devia ficar-lhe bem, porque já lho haviam dito por duas vezes. Devia ser verdade porque acabaram sempre a frase por: 'A sério!'
Chegou ao supermercado e aproximou-se do balcão. Sentou-se no banco de pernas altas. Olhou à sua volta. As mulheres que via sozinhas pareciam apressadas ou estavam muito interessadas em escolher ou ver os preços dos produtos.
Acabou por almoçar no balcão solitário e triste. Talvez no exterior encontrasse alguém a tomar café e gostasse de conversar um bocado.
Saiu e dirigiu-se para um dos pontos onde serviam café.
As quatro mesas estavam cheias de gente animada.
Acabou por tomar o café ao balcão solitário. Agora menos triste, mas a alegria estava distante, apesar de a sentir bem perto.
Entrou de novo no supermercado, comprou a fruta, o pão e o queijo e voltou para casa para ver um filme.
No dia seguinte, iria a outro supermercado. Talvez uma roupa mais clara desse mais sorte.
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
domingo, 6 de setembro de 2020
sábado, 5 de setembro de 2020
Fui hoje à Feira do Livro do Porto
Com a mosca!
Que raio de título - pensarão.
E eu digo: que raio de moscas!
Chego à cozinha, vejo moscas. Vou à sala, moscas vejo. Abro o computador, pousa-me uma mosca nos dedos nos nos braços. Irritante.
Nos últimos dias, andei com umas pequenas obras em casa. As janelas tinham de estar abertas por causa do pó. E assim ficaram abertas às moscas, porque há campos e árvores muito próximos.
Não gosto muito de usar inseticidas, mas lá terá de ser.
Para não ficar como o meu pai dizia muitas vezes: com a mosca!
sexta-feira, 4 de setembro de 2020
quinta-feira, 3 de setembro de 2020
As fotos
Talvez não me aconteça só a mim. Quando arrumo ou organizo fotografias, sinto sempre alguma nostalgia.
Impossível conter palavras ou pensamentos quando se olham fotos já com uma série de anos, do tempo em que eram em papel e o fotógrafo colocava os negativos numa separação do envelope, para serem reproduzidos quando se quisesse.
Olha, como eras tão pequenina. O sorriso já era como agora.
Como os meus pais eram novos e bonitos.
Tanta gente
no casamento e todos tão juntos na foto de grupo.Sem os medos de agora.
Como tocavam bem viola. Gostava tanto de ouvir.
Que saudades das paisagens de inverno em Trás-os-Montes.
Tantos que já partiram.
Aqui gosto mais de me ver.
Pareciam tão apaixonados e agora nem se podem ver nem pintados.
Quem diria que a farta cabeleira daria lugar a careca tão completa.
Parece que ainda estou a ouvir o que dissemos naquele dia.
Que caracóis tão vincados.
Perdi-os completamente de vista. O que lhes terá acontecido?
Os passeios que dávamos eram tão divertidos.
Tudo parecia eterno.
E as blusas aos folhos! Um tempão para passar a ferro.
Não quero morrer sem voltar aos Açores.
Como era magrinha.
...
O tempo é mesmo um grande escultor, como escreveu Marguerite Yourcenar.
Espalhadas, muitas fotos estão à espera de novas caixas para serem guardadas, porque as antigas estavam cheias de bolor.
No fundo, procura-se guardar pedaços de tempo. Tarefa inglória a que não escapa a nostalgia.
Mas também se foram bons os momentos vividos, o tempo já não os tira. Como os menos bons, é claro.
quarta-feira, 2 de setembro de 2020
Ai os acentos!
Hoje no Expresso Curto:
O verbo "Estar", no pretérito perfeito, não tem acento. Ai, ai, senhores do Expresso!!!
Sérgio Godinho - "O Novo Normal" - a que temos de nos habituar!
"No novo normal
Há cidades inteiras
Por onde rasgaram
Invisíveis poeiras
Malignas benignas
Ninguém sabe se sabe
Nem que acaso ou que destino nos cabe
O novo normal
É terreno minado
De acasos
No novo normal
Caem corpos à sorte
Em valas comuns
Num silêncio de morte
Cortado somente
Por soluços distantes
Longe vão os tempos de ser como dantes
No novo normal
Nunca nada vai ser
Nunca igual
Dadas as circunstâncias
Mantenha as distâncias
Respeite os espaços
Controle essas ânsias
De beijos e abraços
Refreie as audácias e as inobservâncias
Escolha bem as audácias
Refreie essas ânsias
De beijos e abraços
Dadas as circunstâncias
Respeite os espaços
No novo normal
Nunca são contas feitas
Acordaste informado
E ignorante te deitas
E amanhã pela manhã
Será que algo mudou
(tudo) não passou de um pesadelo fugaz
Uma história do medo
Largada ao ouvido
Em segredo
No novo normal
Há grandes filas de fome
Nomes tão desgastados
Até deixar de ter nome
Até que o medo não tenha
Racionais fundamentos
E seja só um buraco negro no céu
Um horizonte de eventos
Memorial do que
Se viveu
Dadas as circunstâncias
Mantenha as distâncias
Respeite os espaços
Controle essas ânsias
De beijos e abraços
Refreie as audácias e as inobservâncias
Escolha bem as audácias
Refreie essas ânsias
De beijos e abraços
Dadas as circunstâncias
Respeite os espaços"
terça-feira, 1 de setembro de 2020
Hoje é dia de vários recomeços
Recomeça
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…
Miguel Torga