Sábado passado, fui à Igreja que fica perto do lugar onde moro.
Vi e ouvi tocar o sino.
E logo me veio à memória o poema de Fernando Pessoa: "Ó sino da minha aldeia".
Vale a pena lê-lo ou relê-lo, porque há sempre diferentes imagens e sons que nos
trazem memórias - às vezes boas, outras nem tanto, mas que fazem parte da vida.
Ó sino da minha aldeia,
Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
Fernando Pessoa