"A arte de contar histórias
também é terapêutica e chama-se 'contoterapia'
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Lisboa, 09
mar (Lusa) - Terapeutas, psicólogos e investigadores encontram-se esta semana
em Sintra para debater os benefícios terapêuticos dos contos e da narração de
histórias para quem os diz e os ouve, num seminário internacional sobre
"contoterapia".
O
seminário, que decorrerá de terça a sexta-feira, em Sintra, "tem como
objetivo destacar e aprofundar a 'contoterapia', sendo que este método está a
ganhar cada vez maior reconhecimento mundial", afirma a organização.
Entre os
convidados estão o norte-americano Ken Land, um dos especialistas que
desenvolveu um modelo de terapia pela narração de histórias, e que estará em
Sintra para falar da experiência do trabalho com pacientes e com terapeutas e
para um 'workshop' sobre contoterapia a partir da narração de vários contos
de fadas."
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quarta-feira, 11 de março de 2015
Gostava de estar lá!
sábado, 7 de março de 2015
Dia 8 de março. Só?
Retrato de Mulher Triste
Menez |
Vestiu-se para um baile que não há.
Sentou-se com suas últimas jóias.
E olha para o lado, imóvel.
Está vendo os salões que se acabaram,
embala-se em valsas que não dançou,
levemente sorri para um homem.
O homem que não existiu.
Se alguém lhe disser que sonha,
levantará com desdém o arco das sobrancelhas,
Pois jamais se viveu com tanta plenitude.
Mas para falar de sua vida
tem de abaixar as quase infantis pestanas,
Sentou-se com suas últimas jóias.
E olha para o lado, imóvel.
Está vendo os salões que se acabaram,
embala-se em valsas que não dançou,
levemente sorri para um homem.
O homem que não existiu.
Se alguém lhe disser que sonha,
levantará com desdém o arco das sobrancelhas,
Pois jamais se viveu com tanta plenitude.
Mas para falar de sua vida
tem de abaixar as quase infantis pestanas,
esperar que se apaguem duas infinitas lágrimas.
Cecília Meireles, in Poema
Cecília Meireles, in Poema
Calçada de Carriche
Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheir
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Di Cavalcanti |
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheir
Graça Morais |
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
(...)
António Gedeão, in Poesias Completas
sexta-feira, 6 de março de 2015
quarta-feira, 4 de março de 2015
segunda-feira, 2 de março de 2015
NEVOEIRO
Turner |
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
Fernando Pessoa, Mensagem
domingo, 1 de março de 2015
Todos diferentes, todos desiguais!!
A propósito do "esquecimento" do sr 1º ministro de pagar o que devia à Segurança Social durante vários anos, lembrei-me do que me aconteceu e que relatei, aqui, no dia 18 de nov. 2014 (que transcrevo de novo).
De facto, iam-me penhorando a conta bancária porque, diziam, eu não descontara para a Caixa Geral de Aposentações, durante algum tempo, apesar de todos os comprovativos que apresentei de que sempre tinha pago.
Como eu, houve muita gente. A ser pago o montante indevidamente exigido, a receita seria significativa.
Agora, vem o primeiro ministro do país dizer que não sabia e que não foi avisado e que até já pagou uma parte à Segurança Social!!!
Quando é que os srs políticos se convencem que os cidadãos comuns pagam mas não parvos?!
Penhora?!
Como disse?
Hoje, o
meu fim de tarde foi avassalador.
Como já
contei há tempos, pelo mês de abril, recebi uma carta das Finanças,
apresentando-me uma dívida de uns quatro mil euros, pelo facto de não ter
descontado – diziam eles – para a Caixa Geral de Aposentações, enquanto tive
recibos verdes.
Nesse
momento, fiquei boquiaberta porque sempre havia descontado para a CGA. Aliás,
nem conheço nenhum professor do ensino público que não o faça, uma vez que nos
é resgatado do ordenado.
Pedi
ajuda (não se confunda com cunha) para organizar as papeladas e comprovativos
como, de facto, tinha as contas em dia.
Como o
tempo passava e não recebia qualquer resposta, fui várias vezes à Segurança Social,
mas a resposta era sempre que teria de aguardar, porque eram coisas demoradas.
Hoje,
ao fim da tarde, recebo um contacto do banco, dizendo-me que haviam tido ordem
para me penhorarem o ordenado. Apesar de já ter sido avisada que tal poderia
acontecer pela calada e de repente, não podia crer no que ouvia.
Estava
entre colegas e, claro, vieram à baila os casos conhecidos de pessoas
conhecidas que roubam descaradamente; que o país está a saque; que, se não fosse
a idade e a família, o desejo seria emigrar…
Seguiu-se
um frenesim de telefonemas: para quem me tinha ajudado a organizar o processo e
para o banco.
Bem, o
melhor era ir à Segurança Social, no Porto, e expor o caso de novo!
- Pode
ser amanhã?
- Sim,
claro. Vou telefonar e marcar.
-
Obrigada. Vemo-nos, então, amanhã.
Passados
uns minutos, através de novo contacto, fico a saber que, afinal, ontem havia
sido emitida ordem de cancelamento da penhora porque, de facto, como eu tinha
declarado e provado, nada devia.
Uf! Que
alívio!
E agora
pergunto: em vez do ministrinho do Ambiente andar a propagandear a redução dos
sacos plásticos do supermercado, não seria melhor contribuir para que não
houvesse estes desperdícios?!
O papel
utilizado foi bastante, a gasolina gasta também. Para não falar do stress que
provocam cartas maçudas e secas a apontar o dedo como garras para sacar
dinheiro que já havia sido descontado. E se o meu caso for multiplicado por
muitos mais, que prejuízo ambiental!
Soube
que seria penhorada e que, afinal, já estava tudo resolvido em menos de uma
hora! Um dos comentários que ouvi foi:
- O
melhor é saber destas coisas, porque sabe-se lá o que nos pode acontecer!!
- Poça!
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