segunda-feira, 2 de março de 2015

NEVOEIRO

Turner

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!
Fernando Pessoa, Mensagem

4 comentários:

  1. O inevitável Pessoa, sempre actual.
    Hoje escrevi um poema como aqueles do tempo de escolinha. Se a professora quiser ler, fica aqui.
    Beijinho.

    http://euaindaquediferente.blogspot.pt/2015/03/a-policia-do-gosto.html

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    1. Sim, João Pedro, o "inevitável Pessoa". O dia estava cinzento, com muito nevoeiro e como o país também se tem carregado de nuvens, logo me lembrei deste poema. Julgo que já o publiquei, aqui, outras vezes.
      Um beijinho
      DG

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  2. Olá, João Pedro
    Visitei o teu blogue e gostei muito do que vi, nomeadamente do poema que referes e da prosa poética a que deste o nome Rosa.
    O poema remete para o lado irreverente que, nos dias que correm, é muito bom.
    As palavras em prosa abrem uma janela logo à primeira leitura. Parabéns. Quer(em)o(s) mais.
    Um beijinho
    DG

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