7 de novembro 2011
Querido diário,
Hoje tive outro teste. Acho que os setores deviam combinar para não termos testes tão juntos.
Quando chegámos à sala, o quadro tinha bastantes mensagens escritas. Uma rapariga até disse assim: ei, carago! Fiquei admirada da prof não dizer nada e só depois é que vi porquê: estava afónica e o que queria dizer já tinha escrito no quadro.
A sala estava fria e alguns alunos espirraram. Quando isso acontecia, alguns diziam: santinho. A setora, então, quase sem poder falar, disse assim: são todos santos, por isso não é preciso dizer mais vezes santinho.
Eu por acaso nunca fui de copiar, mas se ficasse ao lado da Bia (vou dizer Bia porque lê-se melhor do que Bea), sentia mais confiança. A setora separa sempre a Bia, dizendo que é para não haver “contágio”.É, se calhar, precisamos todos de um anti-histamínico.
Acho que não me correu mal o teste, mas, sei lá, os setores lembram-se de tantas coisas de que a gente se esquece!
Depois das aulas, vim para casa. Enquanto estava a almoçar, vi uma cena horrível na televisão: numa escola, alunos a passar-se, a serem malcriados, a não ligarem nenhuma à professora dentro da sala de aula. Com gestos obscenos. Com provocações. Tenho mesmo de dizer fogo. Se calhar a prof estava doente, senão era mesmo de lhes dar dois chapos. E eu até sou contra a violência. Quando eu vou ao Porto, na rua de Santa Catarina, pedem-me sempre esmola. Uma vez, a Cláudia até me disse que eu devia ter cara de Madre Teresa de Calcutá.
Mesmo sendo pela paz no mundo, acho que quem faz destas asneiras, só para se armar em fortes ou em parvos e pôr no Youtube, devia ter um castigo. Que eu saiba, há poucos casos, mas há alunos que agridem os professores e o castigo é assim-assim. Outro dia, li um título de um jornal que dizia que as escolas têm medo dos encarregados de educação. Da minha não devem ter, porque ela só me diz para me portar bem. Espero é não ficar tolinha para fazer uma coisa destas.
E pensar que achava altamente ser professora! Ainda acho, mas apanhar um paravalhão pela frente, ser insultada ou agredida e depois dizerem que não sei quê, se calhar, coitado, tem muitos problemas, perdeu a cabeça, é novo, não pensa…
Muitos abracinhos que é o que é preciso.
Mariana
PS – A lista do Gi ganhou as eleições para a Associação de estudantes. Tenho pena é de ter acabado a música house nos intervalos das aulas. Era altamante. Acho que o Gi não gostou nada que eu tivesse votado na concorrência. Se calhar, julga que manda em mim!