quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Diário de Mariana


13 de outubro

Querido diário,

Chegou o dia de contar à minha mãe.

Sempre tive muita confiança com a minha mãe e agora parecia que estava sem jeito e não sabia nem como começar. E disse assim: ó mãe, há muito tempo que ando para te dizer…

A minha mãe não me deixou acabar e perguntou logo com uma cara tão preocupada que parecia que tinha morrido alguém: Mariana, estás doente? E eu: não, mãe, não é nada disso. É por causa do Gi. Ah, disse ela como a despachar, então diz lá (não gostei muito de este “diz lá”, mas, enfim).

Então, comecei a contar: hoje no intervalo grande, fui ao bar comer um croissant…

E a minha mãe: já te disse, Mariana, que é melhor comeres pão do que croissant. É mais barato e não tem tanta gordura. E eu: ó mãe, deixa-me continuar.

E lá continuei …fui comer um croissant, mas no bar há sempre muitos alunos com a mão estendida com o cartão para pagar, porque é muita gente ao mesmo tempo. E a minha mãe de novo a interromper-me: por que é que não fazem fila ou tiram senha como no talho?

E eu: ó mãe, deixa-me contar, fogo! E logo a minha mãe: Mariana, se houver fogo, liga-se o extintor ou chamam-se os bombeiros. Vê lá como falas.

Já estava a perder a paciência e a vontade, mas lá continuei: … eu estava com o Gi e a Bea e, enquanto não vinha o croissant, ele começou a encostar a mão dele à minha e eu parece que fiquei com o coração aos saltos. E a minha mãe sem eu contar: Mariana, parece é uma novela aos solavancos.

Bem, resolvi ficar por ali. Não havia condições. E toda a gente fala da solidão dos velhotes, das pessoas que vivem sós e não sei quê. E nós, os adolescentes, também não estamos sós? Não ser ouvida nem pela minha mãe?! Fogo! Pensava que ela me ia sentar no colo e dizer com meiguice: conta, Mariana. E que ouvia com atenção, sem interromper e sem ironias, E depois vem com aquela da novela aos solavancos por causa de eu dizer que o meu coração ficou aos saltos.

Sinto-me como se eu andasse numa rua cheia de movimento e toda a gente passasse com pressa e sem me ver. O que vale tenho-te a ti, querido diário. Nunca me interrompes e posso sempre continuar a contar seja o que for. Se a minha mãe não me chamar de repente, é claro!

Um abracinho muito apertadinho.

Mariana

Sem chave

Gostosa tradição

Diário de Mariana

13 de outubro

Querido diário,

A minha mãe, ontem, chegou contente e com vontade de falar da reunião. A minha mãe diz-me que eu, quando entro em casa, tenho sempre coisas para contar, mas acho que saio um bocado a ela. Quando ela fica à mesa com alguém desconhecido, e que fala pouco, arranja sempre conversa. Eu até lhe digo assim: ó mãe, é fixe ficares na mesa, senão ficávamos calados a olhar uns para os outros. E a minha mãe responde logo: olha quem fala. A melhor amiga de uma das minhas irmãs também é assim. Tem sempre coisas para contar e eu gosto de ouvir.

A minha mãe disse que vinha satisfeita da reunião com a Dê Tê. Até disse: parece querida e empenhada. Hoje, a Joana disse a mesma coisa na aula à Dê Tê je ela ogou um bocado à defesa e disse assim: o melhor é não porem a fasquia muito alta, porque pode haver alguma deceção.

A minha mãe contou que a Dê Tê levou um guião para a reunião e pôs um poema também. No final da reunião, perguntou quem queria ler o poema e a mãe da Rute ofereceu-se. Depois da leitura, alguns pais disseram que ela tinha lido bem. Ela sorriu de contente e disse que já não lia um poema há vinte anos.

Fogo. Será que eu também vou ser assim? Eu não sou capaz de estar sempre a estudar. Faz-me doer tudo (a minha mãe diz-me que são os bichos carpinteiros que entram em ação), mas de ler gosto. E ainda mais se não for obrigada.

Ando a tentar ser mais disciplinada e agora marco as páginas que quero ler por dia. A minha mãe já me disse: Mariana, tens de fazer o mesmo para os livros de estudo.

É assim: a gente quer dar a mão e pedem logo o braço todo. Não acho nada bem.

Bem, até amanhã, meu amigo.

Mariana

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Arrumado e fora do lugar


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Pensando com os meus botões