domingo, 16 de junho de 2019

Conversa ao pé da porta

- Hoje ouvi coisas importantes numa homilia na televisão.
- O padre falou de quê?
- Do papel de cada um na preservação do planeta.
- Julgava que só tinha falado do céu.
- Se a terra não for sustentável, não há céu que resista.


quinta-feira, 6 de junho de 2019

Conversa ao pé da porta

- Hoje quero ler um conto do princípio ao fim.
- E acha que consegue? Há sempre tantas solicitações!
- Vou tentar e talvez desligue o telemóvel.
- O pior é que o pensamento não desliga do telemóvel que está desligado.


O Dia D está a ser comemorado. "Quelle connerie la guerre"!

Elisabeth Sohier-Poirier : « Barbara » de Jacques Prévert

Do princípio ao fim

Não tenho o hábito de telefonar por tudo ou por nada. Penso sempre que a outra pessoa pode estar ocupada (ou queira estar desocupada) e a chamada possa incomodar. Faço-o, portanto, quando o assunto é urgente e com vantagens de ser conversado. Recorro, por isso, com mais frequência às mensagens.
Mesmo sendo curtas, verifico que muitas mensagens de telemóvel ou de whatsapp (não tenho facebook) não são lidas até ao fim. E não o critico porque também o faço, às vezes. Infelizmente.
A mensagem é enviada e são lidas apenas as primeiras linhas, sobretudo as que aparecem logo no ecrã e passa-se a outra ou a outra coisa que se quer fazer.
Às vezes, penso que o melhor é enviar uma mensagem por cada assunto, mas também fica mais caro, para além de outras poluições, incluindo a sonora, porque há quem prefira ter o som alto sempre ligado. 
Moral da mensagem: por mim, vou tentar ler sempre as mensagens do princípio ao fim. Espero é que não sejam muito longas !!!!

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Agustina Bessa-Luís (1922-2019)

Foi leitora compulsiva e observadora atenta dos comportamentos  humanos.
Deixou a longa vida, deixando uma obra imensa.


domingo, 2 de junho de 2019

Um domingo e um funeral

O funeral era de um rapaz de uns quarenta anos. Também pela idade, o ambiente era de consternação, de bastantes silêncios, de vozes baixas, muitas lágrimas e muitas flores.
Dei comigo a olhar à minha volta e a lembrar-me de outros velórios e funerais em que o telemóvel tocava de forma estridente, as pessoas falavam alto, riam-se... desprezando a vida e memória daquela pessoa que jazia ali bem perto depois de muito sofrimento.
E hoje, naquele ambiente de muita dor, ia pensando que o melhor é valorizar o que de facto é essencial na vida, que pode ser demasiado efémera, e não perder tempo com coisas menores que não valem a pena.
De regresso a casa, liguei o rádio na TSF. Falava-se de corrupção, tema que remete igualmente para formas de morte, neste caso, da democracia, desprezando também a vida e memória dos que trabalharam e trabalham honestamente durante a vida inteira. E que tubarões e advogados da mesma espécie ignoram e de quem se riem, mostrando os dentes ávidos da ganância.
 


sábado, 1 de junho de 2019

O berlinde - Matilde Rosa Araújo

Era uma vez uma pomba
Sem um ninho, sem um pombal,
Era branca como a Lua
E os seus olhos de cristal.

Era uma vez uma pomba
Que não sabia chorar:
O seu choro trrru… trrru…
Era um modo de cantar.

Era uma vez uma pomba
Que noite e dia voava:
Fosse noite, fosse dia,
Nunca a pomba descansava.

Era uma vez uma pomba
Que nos céus, longe, voava,
Seu coração um berlinde
Grande segredo guardava.

Era uma pomba tão estranha
Que voava noite e dia:
Quanto mais alto voava
Mais da terra ela se via.

Era uma vez uma pomba
Com penas de seda real:
Era uma pomba do Mundo
Com seus olhos de cristal.


Seu coração um berlinde
De vidros de sete cores,
Que do sol tinha o brilhar,
Um espelhinho de mil flores.

Um dia longe nos céus,
Viu um menino a chorar
Sentadinho sobre um monte,
Numa noite de nevar.

Não era branco nem negro
Assim na neve o menino,
Seu chorar era triste,
Tornava-o mais pequenino.

E a pomba logo o viu
Com seus olhos de cristal:
Logo desceu para o monte
– Era aquele o seu pombal.

Poisou nas mãos do menino
Com seu corpo, seu calor:
Mãos por debaixo da neve,
Ninguém lhes sabia a cor.


Dorme, dorme, meu menino…
Branco ou negro tanto faz:
Meu coração é um berlinde,
Tem o segredo da Paz.

E o menino já ria,
Podia dormir sem medo,
Sonhava com o berlinde,
Coração feito brinquedo.

Há quem diga que uma estrela
Fugiu do céu a correr,
Atravessou todo o mundo
Para o segredo dizer.

Escutaram-na os meninos,
Têm um berlinde na mão:
Seja noite de Natal,
Seja noite de S.João.


Matilde Rosa Araújo
Mistérios
Lisboa, Livros Horizonte, 1988

Os brinquedos diferentes



Os brinquedos da Clarinha
Têm nomes engraçados,
Todos, todos diferentes,
Todos muito apreciados!

É a boneca-carrapito,
O peixe de boca aberta,
O boneco narigudo,
A bonequinha-risota,
O panda que é sortudo
E o cãozinho sem casota.

A bola  do Cristiano,
A outra dos coelhinhos,
A bela caixa de música
E o jogo dos peixinhos.

Tal como estes brinquedos,
As pessoas diferentes são.
E o mundo só é bonito
Se todos derem a mão!



Era uma vez uma Casa e um Museu Botânico...

Fica no Porto, no Campo Alegre. Nos seus jardins, correu e brincou
Sophia de Mello Breyner. E o seu primo Ruben A., também poeta.
A casa, por dentro e por fora, é inspiradora e foi-o magnificamente para a grande Poeta, que nasceu há cem anos. 
Ainda lá está a estatueta que deu origem ao conto/livro O rapaz de bronze.
Para além da beleza da casa e dos espaços exteriores, vale a pena a visita ao Museu Botânico 
que nela funciona. 
A exposição sobre Biodiversidade mostra como todos os seres são diferentes.
Quando lá fui, havia poucos visitantes, mas, felizmente, uma turma de crianças de Barcelos
enchia a escadaria exterior, depois da visita.
É, de facto, uma Casa que conta muitas histórias, 
umas imaginárias, outras bem reais, mas todas importantes nas nossas vidas.
Partilho algumas imagens do muito que lá podemos ver e conhecer.


sexta-feira, 31 de maio de 2019

Em Gent, na Bélgica

Estive uns dias em Gent, na Bélgica e gostei muito.
A zona antiga e histórica está muito bem preservada e são mais as bicicletas do que os carros. A circulação automóvel é muito limitada.
Os transportes públicos ajudam na qualidade de vida das pessoas
e da própria cidade que é bonita e calma.
Parece ser um bom exemplo urbano. Claro que passar uns dias num local não é o mesmo que viver lá muito tempo, mas penso que estas impressões não são enganadoras.
Sobretudo ao fim da tarde e à noite, as esplanadas e os pequenos restaurantes estavam cheios de pessoas tranquilas e animadas. 
Nas mesas, reluziam os copos de cerveja local. 
Também gostei muito de ver muitos grupos de crianças  que, com os seus professores,
visitavam sítios emblemáticos como a Catedral Saint Bavo.


A catedral





A biblioteca
O apelo do rio e suas sombras
Havia muita oferta musical

Olá, bom dia!

Confesso que já tinha saudades de me sentar, abrir o computador e partilhar algumas coisas dos meus dias.
Hoje, enquanto regava as minhas flores e a minha horta, ia pensando nisto e em muitas outras coisas, é claro.
Está muito calor e, nos últimos dias, muitas notícias houve e, como quase sempre acontece, não eram nada boas: violência doméstica, crianças maltratadas, corrupção, ganhos astronómicos indevidos, aldrabices, ganância...
E, enquanto isso, as flores continuaram a florir o mês de maio, as alfaces e os repolhos continuaram a crescer, as ruas foram percorridas por muitos e honestos cidadãos, na caixa do correio entrou a conta do IRS porque quem tem pequenas contas tem de pagar as suas contas!...
Pois, das coisas más nem valerá a pena falar muito, porque os media a elas dedicam tempos infinitos, para uns, necessários; para outros, nefastos.
Falarei de outras coisas, para mim, mais simples, mas sem esquecer os males que afetam a Humanidade e, tantas vezes, provocados por meia dúzia de pessoas a quem puseram nas mãos as chaves do poder.
Mas, antes de mudar de página, bom dia, mais uma vez.


domingo, 19 de maio de 2019

sábado, 18 de maio de 2019

Há alertas menos urgentes!


Conversa ao pé da porta


- Quando estou muitos dias sem escrever, 
  começo a ficar triste.
- A sério? E para quem escreve?
- Boa pergunta. Espero sempre que não seja só para mim.





Algumas imagens do desfile de escolas de Valbom

Foi na tarde do dia 14 de maio que desfilaram, da escola secundária de Valbom 
até à Fundação Júlio Resende,
os trabalhos que muitos professores, alunos e encarregados de educação
elaboraram, em diferentes escolas do Agrupamento, sobre o tema 'Viagem e multiculturalidade'.
Era nítido o trabalho de alegre e boa colaboração, 
assim como o envolvimento de uma grande comunidade.
Felizmente há escolas assim!
Estas boas iniciativas deveriam ser mais conhecidas 
para que não se tornem 
cada vez mais raras!

Tal como o cartaz abaixo indica, os trabalhos encontram-se expostos
na Fundação Júlio Resende. 
Merecem a visita. 
Ainda não o fiz, mas não quero perder a oportunidade.



quinta-feira, 9 de maio de 2019

Belas viagens!


quarta-feira, 8 de maio de 2019

Da Secundária de Valbom ao Lugar do Desenho

Na tarde da próxima terça-feira, dia 14 de maio, a Escola Secundária de Valbom vai organizar um cortejo até ao Lugar do Desenho, em Gramido, Gondomar.
O tema são as viagens multiculturais e os materiais produzidos, e que vão ser divulgados, resultaram de um longo trabalho da Comunidade Educativa.
Os materiais ficarão expostos no Lugar do Desenho. Merecem uma visita, assim como todo o Lugar que, apesar de não ser grande, mostra trabalhos de grandes artistas.

Num tempo em que se fala tanto de cansaço (e com razão) de muitos professores, é fantástico ver a dedicação de tantos profissionais.




segunda-feira, 6 de maio de 2019

Uma boa comunicação


Nota - O Lugar do Desenho situa-se em Gramido, Gondomar

Conversa ao pé da porta

- Olá, professora. Lembra-se de mim?
- ...
- Sou o António.
- Sim, sim, lembro-me. Parece que estou a vê-lo na sala de aula.
- Reconheci-a logo. Está tudo bem consigo?
- Sim, obrigada... 

Despedimo-nos com dois beijinhos. E lá foi passeio fora a mancar pelas pernas frágeis. 
Tal como antigamente nos corredores da escola. Tal como a memória que tantas vezes é frágil.