terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Procura-se cinema sem pipocas

Confesso que não gosto de ouvir roer, isto é, triturar a comida. Tenho, porém, de admitir que, naturalmente, também cause esses incómodos.

 Das últimas vezes que fui ao cinema, atrás de mim, havia roedores de baldes de pipocas. A minha atenção fica dispersa com os ruídos das mãos no balde em busca dos mornos milhos moles e depois a trituração dental. A avaliar pelos decibéis, os roedores deviam fazê-lo de boca aberta e, por isso, nada discretamente.
Brrrr... apetecia-me voltar-me para trás e dizer que, pelo menos, abrandassem o ritmo do atirar para a boca o conteúdo do balde. Por outro lado, ia pensando: aguenta, aguenta, é da maneira que o esvaziamento do balde é mais rápido.

Cá para mim, devia haver uma zona para quem comesse pipocas e outra para os não consumidores; tipo zona de fumadores e de não fumadores. Os funcionários que, logo depois do filme, se apressam, com baldes, vassouras e esfregonas, a limpar a pipocada que fica no chão também agradeceriam porque a zona de limpeza ficava mais restrita.

Daria uma fotografia curiosa: toda a gente de balde na mão com os dedos a depenicar os grãozinhos lambuzões e a levá-los à boca devoradora, em gestos repetidos. O pior seria o concentrado ruído produzido. Muitas cenas se perderiam com semelhante cena. Bem, o melhor é continuar a distribuir o mal pelas aldeias, ou seja, os baldes de pipocas por diferentes cadeiras.

Não gosto nada de ser fundamentalista, mas apetecia-me dizer: abaixo as pipocas roídas com ruído no cinema!
É por isso que tenho saudades de cinemas como o Pedro Cem, das pequenas salas do Cidade do Porto, do cinema Nun'Álvares...

Se conhecerem algum, em funcionamento, no Porto, digam(-me), por favor.
Garanto que não haverá prémios e, muito menos, a oferta de um balde de pipocas!

2 comentários:

  1. Pois, eu também gosto de cinema sem pipocas... Apesar de eu não ser o melhor exemplo, quando se pretende o silêncio necessário à visualização/visionamento (escolher o termo preferido) de um filme. Eu gosto de falar baixinho para o lado (Bem, assim de vez em quando. Se bem que na minha última ida ao cinema tivesse falado mais do que o que devia...).

    Um feliz 2015, para ti Dolores e para a Mariana também! Com alguns riscos cinematográficos! Também.
    beijinho
    IA

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  2. Obrigada, amiga, um Feliz Ano Novo para ti e para os teus filhotes.
    Claro que se houver pipocas, também as como! E às vezes até há acidentes/incidentes como quando o balde, no filme Os Maias, ia caindo e as pipocas se colaram a vários casacos!
    Como tenho estado com gripe, aproveitei o repouso mais caseiro e vi, por exemplo, Pontes de Sarajevo. Levo-to na próxima semana, À nossa espera estarão outros atores, mas também a fila J, com ou sem pipocas!
    Beijinhos e um bom fim de semana.
    M.

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