sábado, 22 de novembro de 2014

A mesa da cozinha



           Alguns dos seus bons momentos são passados à mesa.
Não só para comer, é claro.  Lá, está o computador, o telefone tirado do seu suportezinho escuro, uma chávena de café ou de chá…  Ao lado, em duas cadeiras vazias, estão trabalhos para corrigir, um filme à espera de ser visto, uma cestinha com novelos, agulhas, trabalhos inacabados, um livro para ler um pouco mais…
Por isso, quando chega o tempo de se sentar à mesa, vem a pausa desejada. E quando surgem ideias para um texto ou para uma estória, em vez de ser só pausa é a abertura à imaginação, ao prazer tranquilo, à reinvenção de tempos e de espaços, aos mimos às palavras que se escolhem.
E quando das mãos saem pequenos trabalhos, que são um pequeno mimo para quem os recebe, agiganta-se o gosto das coisas simples, pequenas mas originais.
E hoje, sábado sossegado e de chuva miudinha, estar à mesa da cozinha é uma das melhores opções. E há tanto para fazer!
Em frente à mesa, está a pequena televisão. Muitas vezes sem som. Hoje, as imagens, os títulos, as citações recaem sobre “Sócrates detido”. Desde o início da manhã.
Parafraseando uma frase de Vergílio Ferreira, “Da minha língua vejo o mar”, apetece dizer que também de uma mesa da cozinha se vê o mundo. Que poderia e deveria ser bem melhor!



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