domingo, 19 de maio de 2024

Mais um problema para alguns professores

 

Felizmente aconteceu-me poucas vezes, mas houve alturas em que ouvi alunos a dizer: ‘Eu digo o que eu quiser, porque há liberdade’

Para responder com eficácia nessas ocasiões, não há modelos e mesmo o que se diz pode ser bom para uns e o contrário para outros, o que é natural.

Continuo a ter muito mais dúvidas do que certezas sobre muitas coisas e sobre esta também. Como vivi também no tempo em que não havia liberdade de expressão, defendo que esta tem de existir, mas deve haver o cuidado de não se ofender nem amesquinhar seja quem for.

Isto tem a ver com o que se passou recentemente na Assembleia da República, cujo presidente defendeu que tudo pode ser dito na ‘Casa da Democracia ‘, uma vez que há outros escrutínios.

Como houve bastante ruído em relação a este episódio, JPAB já argumentou em sua defesa, mantendo a posição tomada. Ele estará no seu direito, mas, na minha opinião, crescerá o número de alunos a afirmar: ‘Posso dizer o que eu quiser, porque há liberdade’. 

Se tal acontecer, esses professores sentir-se-ão mais indefesos e sós. Viver em liberdade é um dos maiores bens humanos, mas ver pessoas tristes não celebra o seu sabor.


sábado, 18 de maio de 2024

Hoje comecei o meu dia a olhar flores

 




Ainda não eram oito da manhã quando saí de casa. Minutos depois, noutro espaço, onde vivem muitas árvores,  podia olhar e fotografar algumas flores - que estão ao sol e à chuva. E as rosas, apesar de mais imperfeitas e rugosas do que as de estufas, têm perfume e as cores são vivas.
E há pequenas margaridas a irromper na relva com muitas ervas daninhas à mistura. 
E há um banco comprido que chama para um pouco de descanso, mas que não é ouvido e continua só a maior parte do tempo. Quando está vento, as camélias dançam e fazem-lhe festas nas costas.
Chuviscava e afastei-me.
Quando voltei a casa, vi as fotos. E sentei-me no banco comprido com o olhar mais descansado.


quinta-feira, 16 de maio de 2024

Quem fala assim não está afónico!

 

Tenho seguido, ainda que de forma intermitente, o caso da exoneração de Ana Jorge da Santa Casa da Misericórdia. 

Tinha visto a entrevista com a ministra do trabalho e solidariedade em que disse e repetiu que a ex-provedora não tinha feito nada no cargo e a acusava de inação. Falava de rosto fechado, com secura e ar cáustico de justiceira.

Vi depois Ana Jorge a defender-se com muitos números à mistura, muita citação de documentos, tudo com alguma lentidão, o que já mostrou ser característica sua, como é fechar os olhos de vez em quando, o que não a revela desempoeirada, ainda que séria.

Fiquei com curiosidade e quis ver e ouvir as explicações da atual ministra. E, pelas seis da tarde, estava eu no sofá, com um trabalhinho nas mãos, para ver e ouvir o que pudesse. 

Aparece então a ministra, saúda ‘afavelmente’, como referiu, os interlocutores, diz que está constipada e pode ficar afónica e expõe longamente factos, documentos, números, etc, que incriminam Ana Jorge e, no seu entender, justificam a exoneração.

Retive sobretudo a forma veloz de se expressar, a capacidade de argumentar durante umas duas horas, sempre a encostar com força a ex-provedora às cordas. Havia momentos quase de êxtase crítico do poder, embora tivesse dito que sabe que este é finito.

Não vi tudo, mas não me lembro de ouvir referir uma única coisa que a ex-provedora tivesse feito bem. Quem fala assim achará que é perfeito e devem-lho ter incutido desde tenra idade. 

Crucificar assim alguém na praça pública, ainda que tenha cometido erros de gestão, nem parece de alguém em cujo título está a palavra solidariedade.

No final da audição, referiu, ufana e vigorosamente, o nome do novo provedor da Santa Casa, como um trunfo que só ela detinha. Minutos depois, era noticiado que  o nomeado, Paulo Alexandre Sousa, já teve problemas num banco onde trabalhou em Moçambique, tendo tido uma sanção pesada.

Uma Santa Casa de santos ou pecadores?



Nota de hoje, 6a f:

Dizem as notícias que, após recurso, o tribunal deu razão ao provedor agora nomeado. 

Vá-se lá saber a razão de tal trabalho num banco em Moçambique ter sido omitido pela ministra no currículo que evidenciou do provedor. 

Se me permitem a ironia: isso ficou por dizer por causa da possível afonia!



terça-feira, 14 de maio de 2024

O aeroporto e a churrasqueira

 

Estive a ver as notícias sobre o anúncio da construção do novo aeroporto e, logo a seguir, passou uma reportagem em Alcochete, local escolhido para o efeito. As pessoas interrogadas mostravam agrado pela escolha e estavam confiantes sobre o desenvolvimento mais que provável que o aeroporto traria consigo. Num diálogo curto com um habitante, o jornalista perguntou se não o incomodaria o ruído dos aviões e logo se ouviu a resposta: que não, de maneira nenhuma.

Ora, recuei umas dezenas de anos e dei comigo no apartamento onde vivi durante os meus primeiros cinco anos de casamento. Um dia, tivemos a notícia de que em breve haveria uma churrasqueira na loja que dava para a rua, mesmo por baixo do nosso apartamento. Ficámos radiantes. Quando chegássemos tarde do trabalho ou não apetecesse cozinhar, o problema estava resolvido. 

Pois bem, a churrasqueira abriu e a alegria continuava. Não sabíamos era que essa alegria seria breve. Os dias foram passando e o fumo voando e passando na minha varanda. O tempo não contemplava as exigências atuais, por isso o cheiro e o fumo mantinham-se e circulavam à vontade. O meu dia mais feliz da semana passou a ser a segunda-feira porque a loja estava fechada.

O tal senhor de Alcochete, que diz não se importar com o ruído dos aviões, ainda  vai poder desejá-los durante muito tempo, porque construir um aeroporto não é a mesma coisa que abrir uma churrasqueira.

Se não for vegetariano, ainda poderá comer sossegadamente muitas vezes frango no churrasco. E o melhor é aproveitar enquanto não chegam os ruídos dos desejados, porque não faltará ocasião para dizer, enquanto tapa os ouvidos: parem  de chatear o Camões!


segunda-feira, 13 de maio de 2024

Por falar em cores

 

Desde que me conheço, em nossa casa sempre vi entusiasmo pelo FCP. Já casada e com filhas adolescentes, cheguei a ser sócia e a assistir a alguns jogos. Eu própria me surpreendia com o entusiasmo que exteriorizava e me fazia levantar bem alto o cachecol azul e branco que levava comigo e que se juntava a tantos outros na cor e calor da festa.

As minhas filhas iam também muitas vezes aos jogos e era vê-las muito jovens, alegres e bonitas com os cachecóis azuis amarrados à cintura.  Com o tempo, elas  foram perdendo o entusiasmo e agora só sabem aquilo que os media anunciam, repetem e toda a gente conhece. 

No meu caso, há anos que não vou ao Dragão nem a outro campo qualquer, mas continuo a ser adepta do FCP - um pouco como quando se diz ‘sou católico mas não praticante’. Nem sequer conheço o nome de todos os jogadores, mas as vitórias do FCP continuam a dar-me alegria.

Porém, estas feias macacadas muito faladas recentemente - embora já muito antigas - e ontem ainda mais divulgadas envergonham - ou deviam envergonhar - quem as pratica e quem as apoia. Infelizmente uns e outros já estão tão habituados a esses esquemas de ilícitos lucros dourados que nem param para refletir ou mudar.

Ainda bem que algumas coisas poderão mudar com a nova direção do clube, mas vai ser tarefa muito difícil porque árvores muito enraizadas custam a arrancar.

E como seria bom, mesmo arrumados os (meus) cachecóis, ter a alegria de ver o clube sem esta péssima, continuada e alargada macacada de ‘bilhetes dourados’. Seria oiro sobre azul.



sábado, 11 de maio de 2024

A bela aurora

 

Estas fotos chegaram-me agora de Londres, onde também as belas cores róseas da aurora boreal foram vistas há poucas horas, tal como cá em Portugal.

Pelo que li, esta tempestade solar poderá tornar-se ainda visível durante o fim de semana. Vou tentar olhar o céu.





quarta-feira, 8 de maio de 2024

Ontem foi um dia em cheio!


Ontem, dia 7 de maio, o dia nasceu com o sol a brilhar. E entrou no Auditório Municipal de Gondomar através de grupos de meninos e meninas do primeiro ciclo ao ensino secundário, acompanhados por professores e pelos responsáveis pelas Bibliotecas dos diferentes agrupamentos do concelho de Gondomar.

Todos ali estavam para o Primeiro Concurso concelhio de Leitura. Cada aluno  participante tinha escolhido um livro e alguns objetos ligados à respetiva história. A prova consistia na leitura de um excerto da obra e na argumentação a partir do seu conteúdo e dos objetos selecionados.

Tive o privilégio de fazer parte do júri e de assistir de perto a todas as provas, vendo o nervosismo de alguns alunos, a segurança de outros, o à vontade de outros tantos, a preocupação de todos em cumprir bem a função…

E foi bonito, na parte da manhã, ver chegar ao palco, por ordem crescente, o grupo do primeiro ciclo e logo a seguir os participante mais crescidos do 2o ciclo. Todos com o seu livro, os seus objetos, a sua vontade ativa de participar.

O dia ia crescendo e, à tarde, subiram ao palco os concorrentes do terceiro ciclo e ensino secundário. O entusiasmo não parou de aquecer e iluminar a sala onde decorria a atividade que havia sido pensada e organizada ao pormenor. Com todo o cuidado e amor pelas causas da Cultura e da Educação.

E considero que foi um dia em cheio, porque todos aprendemos um pouco mais: os alunos que foram os protagonistas, os professores que os ajudaram, os pais que amorosamente estiveram presentes, os organizadores que novas atividades poderão sonhar, o staff que apoiou para que tudo corresse bem no lugar e no momento certo…

Todos os alunos participantes tiveram um prémio oferecido pela CMG. Os prémios maiores foram para os três alunos que o júri distinguiu (tarefa tão difícil!) em cada um dos ciclos. E foi animador ver as crianças e jovens, felizes, em palco com o seu prémio e diploma pelo desempenho que irradiou de um livro e de trabalho conjunto. 

Um dos jovens terminou a sua prova de argumentação com a palavra Esperança. Oxalá o sentido dessa palavra também se escreva e leia num futuro em cheio.