quinta-feira, 29 de março de 2012

Não sei se conseguirei

Não sei se conseguirei, mas vou tentar ler estes dois livros até à Páscoa. Se o conseguir, ficarei a saber um pouco mais e  sentirei alegria ao dialogar com os meus alunos que  estão a participar no CNL (Concurso Nacional de Leitura).
As capas prometem, os nomes dos autores também, os títulos nem se fala...  o que é preciso agora é entrar nos livros e começar a viagem.
Acho que vou começar "nos passos de Magalhães".

Tardes + livres

São belas as tardes mais livres. Sem cumprimento de tantos horários. Apetece repetir o verso de Pessoa: "Ai que prazer ter um livro para ler e não o fazer..."
Eu, que sou mais comum e mais mortal, direi: Ai que prazer ter um livro para ler e podê-lo fazer...
Fui ao quintal e reparei que as pétalas das margaridas parecem maiores e mais aveludadas com a luz do sol, que as tangerinas só existem nos ramos mais altos da tangerineira, que a salsa cresceu muito porque está a espigar, que as ervilhas têm ervilhas, apesar de os pássaros gostarem de comer as flores das ervilhas...
Que a terra ao sol tem reflexos da infância, quando corríamos pelos campos e as preocupações eram chegar a casa antes de o sol se pôr.
As tardes (mais) livres sabem bem porque habitualmente as tardes não são livres. Se todas as tardes fossem livres, agora não dava valor às tardes livres.
A janela está aberta ao sol. Abri-a porque assim a tarde parece-me mais livre.

quarta-feira, 28 de março de 2012

O Porto Aqui Tão Perto - Sérgio Godinho

Vá comboio, meu comboio
carrega na velocidade
pára só quando chegarmos
à cidade

Olá cidade do Porto
a lágrima ao canto do olho
estava fechada há que tempos
com um ferrolho

Custou tanto cá chegar
mil e uma peripécias
quando menos se espera
o diabo tece-as

Ai, eu estive quase morto
no deserto
e o porto
aqui tão perto

Mal chegado, vislumbrei
dois amigos do alheio
vasculhando a minha caixa
do correio

Ah, tratantes, apanhei-vos
com a boca na botija
com certeza não esperam
que eu transija

Não é nada do que pensas
Viemos trazer-te um recado
Que nos foi entregue
Por um embuçado

Ai, eu estive quase morto
no deserto
e o Porto
aqui tão perto

Dizia assim o recado
no Palácio há variedades
se lá fores, verás que vais
matar saudades

Eu, matar, não gosto muito
mas saudades, é diferente
é como matar pulgas
alivia a gente

Cheguei lá e deparei
com uma mulher embuçada
intimei-a: Pára lá
com essa tourada

Ai, eu estive quase morto
no deserto
e o Porto
aqui tão perto

Desembuça-mos, vá lá
e já agora, desembucha
com esse capuz, mais pareces
uma bruxa

Diz-me o que fazes aqui
canto ali com as atrações
no conjunto do "Godinho
e os seus Godões"

Já te topo, há quanto tempo
te não punha a vista em cima
diz-me lá
se és ou não és
a Etelvina

Ai, eu estive quase morto
no deserto
e o Porto
aqui tão perto

Sou a Etelvina, sim senhor
não me digas, Etelvina
que andas assim por andares
clandestina

Clandestina? Não estás bom
Eu fugida? Nem se pense
Este fato é só p´ra aumentar
o suspense

Sou cantora no conjunto
e aparecemos embuçados
e ficam os espectadores
arrepiados

Ai, eu estive quase morto
no deserto
e o Porto
aqui tão perto

Mas na vida é bem diferente
ando de cara descoberta
com a cabeça e os sentidos
bem alerta

Já vi tantas injustiças
falo de dentro de mim
e o que me sai cá de dentro
sai-me assim:

Faço música p´ró povo
e tu, povo, retribois
e tu me inspiras sustenidos
e bemois

Ai, eu estive quase morto
no deserto
e o Porto
aqui tão perto

E eu também faço o mesmo
com o que o povo me dá
gratuito o dó-ré-mi
e mais o lá

Lá fiquei a noite toda
numa de improvisação
a regenerar o corpo
e o coração

Ai, eu estive quase morto
no deserto
e o Porto
aqui tão perto

"E o Porto aqui tão perto!"

Há sítios no Porto onde apetece entrar e ficar algum tempo. Se estiver sol, tudo parece mais azul; se houver névoa,  a profundidade  adensa-se. 
De preferência fazê-lo com vagar para descansar ou observar. Ou com um caderninho para tomar notas. Ou com um computador para avançar um pouco mais no trabalho.
Um desses lugares é o Café Vitória, em frente às galerias Lumière. Local sossegado, não muito grande, mobiliário antigo e confortável, um pequeno jardim onde cadeiras e mesas se enquadram, pessoas que dialogam sem demasiado alarido ou que se concentram no écrã do monitor...
Alguém disse que parecia um cafezinho de Londres. 
Também se comentou que em Londres deveria haver cafezinhos assim!...

No pátio exterior, sente-se bastante o cheiro a tabaco,

Se calhar, porque o nome é Vitória e não Perfeição!

terça-feira, 27 de março de 2012

A viagem mais longa que fiz foi a Macau


Já foi há alguns anos. Lembro-me bem da travessia de Hong-Kong para Macau. Nós, um grupo de portugueses com laços de amizade e de profissão, quase dormimos, porque o cansaço da viagem era muito. Muito distante de Portugal, a terra surgia estranha, como estranho era ver placas também escritas em português. 
Porém, a língua portuguesa parecia estranhíssima nas lojas, nas ruas, nos restaurantes...
A não ser na Livraria portuguesa, num restaurante com comida  que tinha sabores de qualquer região do nosso país, numa loja de uma macaense que aprendera a falar português com os clientes a quem vendia sobretudo carteiras e bordados...
Na minha memória também está a praça em calçada portuguesa, o mercado central, os monumentos do tempo dos Descobrimentos, as varandas com vidros e grades, as lojas de gaiolas de pássaros, o casino Lisboa (percorremos as salas de jogo como uma criança visita um parque de diversões pela primeira vez. Não esqueço o rosto de uma mulher já idosa a perder muito dinheiro na roleta).
Ficou-me igualmente a diversidade de pessoas, com ar natural e tranquilo, nos jardins públicos, a fazer a sua ginástica matinal. Indiferentes aos olhares, alongavam braços e pernas como uma coisa boa e necessária. Também vi grupos de meninos, com farda escolar, a dirigirem-se para as escolas. E senti o cheiro do incenso nos locais de meditação.
Dificilmente lá voltarei, mas muitas imagens ficaram. Apesar de a viagem ter sido turística e não de viajante que observa, com tempo, captando diferentes atmosferas dos locais por onde passa.

Comentário: Um dia também gostava de ir a Macau (e gostei muito deste texto por me levar a imaginar como será). em A viagem mais longa que fiz foi a Macau

segunda-feira, 26 de março de 2012

Lisboa (também de Tabucchi?)

Lisboa
  Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores,
Lisboa com suas casas
De várias cores...
À força de diferente, isto é monótono.
Como à força de sentir, fico só a pensar.

Se, de noite, deitado mas desperto,
Na lucidez inútil de não poder dormir,
Quero imaginar qualquer coisa
E surge sempre outra (porque há sono,
E, porque há sono, um bocado de sonho),
Quero alongar a vista com que imagino
Por grandes palmares fantásticos,
Mas não vejo mais,
Contra uma espécie de lado de dentro de pálpebras,
Que Lisboa com suas casas
De várias cores.

Sorrio, porque, aqui, deitado, é outra coisa. 
À força de monótono, é diferente.
E, à força de ser eu, durmo e esqueço que existo.

Fica só, sem mim, que esqueci porque durmo,
Lisboa com suas casas
De várias cores.

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

domingo, 25 de março de 2012

As palavras não morrem tão facilmente


Morreu Antonio Tabucchi
Vou reler A mulher de Porto Pim, livro que a minha irmã me trouxe há muitos anos dos Açores. E Afirma Pereira. Que já devia ter sido lido porque há muito se ergue na estante.
Aos 68 anos, o escritor poderia ainda alargar a sua obra. Mas por que é que as pessoas parecem fazer mais falta quando já não podem recontar as suas histórias?
Dizem as notícias que um dia este italiano se apaixonou por Portugal e optou por ficar cá o resto da vida. Continuaria o estudo e a paixão pela obra de Fernando Pessoa. E sobre muito mais escreveria.
A luz de Lisboa também o teria seduzido. Ou seriam os olhares que ajudaria a acender?

sábado, 24 de março de 2012

Tomando notas

     Na mesa, muitos papéis. Quero arrumá-los. Se o conseguir, sentirei a cabeça também mais organizada. E partirei para as outras coisas com mais discernimento.
     Tenho a televisão ligada, o que habitualmente não acontece quando quero concentrar-me. Na RTP 2, passa um programa de Laurinda Alves. Chama-me a atenção. Já tinha  visto um outro, por acaso, numa noite mal dormida. 
     Em comum, vi pessoas ligadas a atividades criativas (arquitetura, fotografia, dança) falando, com pacífica alegria,  de momentos de comunhão com a natureza, sem descurar a atividade profissional.
     No programa de hoje, um fotógrafo dizia que andava sempre com a máquina fotográfica, como um escritor traz um bloco, como quem desenha se faz acompanhar de um caderno... Em qualquer momento, pode surgir uma situação inspiradora.
     Senti imperiosa a vontade de arranjar tempo para percorrer mais caminhos que a natureza nos dá, ou que a mão do homem também nos proporciona.
     Se o conseguir, será como arrumar uma mesa, vendo tudo mais  claro e arejado. Sem andar sempre aos papéis.
     
    

Como Natal é quando o homem quiser, o livro está pronto!


O livro No caminho do Natal está pronto. E bonito. 
Relemos os textos muitas vezes para não haver gralhas (mesmo assim, aparecem sempre algumas, Deus meu!)
Foi necessário motivar para a escrita - o que nem sempre é fácil. Teve de se apelar para o interesse em escrever histórias, partindo de coisas simples que se podem passar à nossa volta.
Arranjou-se tempo para a escrita, para a leitura, para a correção linguística. Elogiou-se, pediu-se para substituir, para acrescentar, para concluir... Sugeriu-se observação, atenção...
E agora aqui está o produto de bastante trabalho em conjunto.
Os olhos dos alunos, ao ver o seu conto impresso, brilham expressivamente. E fico com a impressão que o trabalho valeu a pena. Ou melhor, confirmação.

Texto introdutório:

 Contos de Natal

No ano letivo de 2011/2012, a Oficina de Língua da ESG promoveu um Concurso de Contos de Natal, com a colaboração do Departamento de Línguas, do Centro de Recursos e do Ateliê de Artes Visuais, no qual puderam participar todos os alunos, professores, funcionários e encarregados de educação.
Os concorrentes foram distribuídos em diferentes escalões: 1º (7º e 8º anos); 2º (9º e 10º anos); 3º (11º e 12º anos); 4º (outros elementos da Comunidade Educativa).
Para a apreciação dos trabalhos concorrentes, foi nomeado um júri constituído pelos professores:
- João Carlos Brito, coordenador do Centro de Recursos;
- Luísa Matos, coordenadora do Departamento de Línguas;
- Florentina Gonçalves, coordenadora do Ateliê de Artes Visuais e também autora da capa deste livro.
A adesão ao projeto revelou grande entusiasmo e foi  elevada a participação. Foram escritas umas sessenta histórias, cujas personagens principais teriam de ser um sem-abrigo e um jovem, sendo o espaço de ação uma cidade.
Esta coletânea integra os contos vencedores e outros também apreciados pelo júri. É com muito gosto que os partilhamos, visto que “Natal é quando o homem quiser” e a leitura, a escrita e os valores humanos podem ser partilhados em todos os momentos.
Todos os autores, para contarem as suas histórias, terão olhado à sua volta, recorrido a vivências e memórias, recordado outras narrativas, abrindo novos caminhos.
Parabéns aos vencedores e a todos os participantes. Boas leituras e boas escritas!
A Oficina de Língua,
Dolores Garrido
Glória Poças
Idalina Ferreira


Flores de março



sexta-feira, 23 de março de 2012

Retiro lexical

Gosto do sabor de
certas palavras...
Silêncio sabe-me tão bem!
E há tanta paz na palavra
Silêncio!...
Tudo vive na palavra
Silêncio...
porque
todas as palavras dormem
na palavra
Silêncio!
IA (Isaura Afonseca)
Soube-me tão bem este Silêncio que não resisti a partilhá-lo!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Isto não é poesia


A poesia existe em coisas simples e quotidianas
Podem ser espirituais ou mundanas
Mas será possível encontrar poesia
Seja à noite ou durante o dia
Na correção de testes  em folhas dobradas
Que às vezes ficam amontoadas?
E dou comigo a dizer às vezes
São iguais as semanas e meses
E pergunto-me de novo
Sem querer de Colombo o ovo
É possível poesia encontrar
Nesta correção que quero acabar?
E começo de novo a dizer
Claro que é possível
Mas é difícil fazer crer
Posso encontrá-la
Ou pelo menos vislumbrá-la
Numa frase curta de uma composição
Numa resposta de interpretação
Numa criativa conclusão
Mas o que acho poético
Embora pareça patético
É chegar a um breve momento
De bastante contentamento
Da correção concluir
Meter os testes na pasta
E exclamar nem que seja só para mim
Corrigir testes não é ruim
Mas felizmente por agora basta
E tanto erro será pra me redimir?

terça-feira, 20 de março de 2012

Atenção, isto não é poesia. Apenas uma referência ao Dia do Pai


No Dia do Pai
Dei um decantador de vinho
Ao meu pai
A embalagem era de papel colorido
Com um laço bem garrido
Pegou no embrulho vistoso
Mas não abriu logo
Acho que gostou das cores
E de me ver a sorrir
Eu disse-lhe que o decantador era para usar

Por que é que as coisas mais bonitas
Têm de estar sempre guardadas
Como se pudéssemos
Guardar o tempo?

domingo, 18 de março de 2012

Aguardando a transformação

Verduras e flores após a (pouca) chuva

Comentário  (ainda não arranjei tempo para consertar o sistema de publicação e leitura de comentários):

A Primavera, que não é nada vera este ano, chegou e as flores que nos enchem a alma de cor e de odores não faltaram como é habitual. Eu também gosto de contemplar as flores nos jardins, nos quintais,nos vasos, enfim, onde elas estiverem eu perco-me a contemplá-las. A propósito desta foto, lembro-me de uma tarde de Primavera em que me ofereceram um ramo de fresias. Até aquele momento eu não conhecia estas belas flores. A partir de então planto fresias, coloco-as em jarras e aprecio o seu perfume. Para mim, representam os odores da estação do ano mais colorida,alegre e perfumada. E lembro-me daquele ramo de fresias e de quem mas ofereceu... CS em Verduras e flores após a (pouca) chuva

sábado, 17 de março de 2012

ANIVERSÁRIO

Paul Cézanne
Sentei-me com um copo em restos de
champanhe a olhar o nada.
Entre crianças e adultos sérios
Tive trinta em casa.
Será comovedor os quatro anos
e a festa colorida
as velas mal sopradas entre um rissol
no chão e os parabéns:
quatro anos de vida.

Serão comovedores os sumos de
laranja concentrados (proporções
por defeito) e os gostos tão
diversos, o bolo de ananás,
os pés inchados.

Será soberbamente comovente
toda a gente cantando,
o mau comportamento dos adultos
conversas-gelatinas e os anos
só pretexto.

Mas eu gostei. E contra mim gostei
mesmo no resto:
este prazer pequeno do silêncio
um sapato apertando descalçado
guardanapo e rissol por arrumar
no chão e um copo

olhando o nada

em restos de champanhe

Ana Luísa Amaral

Querido diário,


Hoje, é o aniversário da minha irmã mais velha 
e quero dar-lhe os parabéns.
Eu acho engraçada a prenda que vou dar à minha irmã: hoje vou ter sempre tempo para ela. Como estamos em crise, até nem custa muito. Vou ajudá-la naquilo que eu puder, porque cá em casa estamos sempre a dizer: eu hoje não posso, tenho muito que fazer, tenho de acabar este trabalho, não me dá jeito nenhum sair…
Isto cá pra nós, mas eu tenho mais tempo livre. Como sou a mais nova, tenho de ter algum proveito. Ora essa. Mas hoje, vou mesmo estar ao lado da minha maninha. Até me levantei mais cedo e tudo. Ela até vai ficar admirada quando me vir a pé e bem acordada. A minha mãe também já disse assim: já te levantaste, Mariana? Madrugaste! Estou banzada!
Como eu já tenho dito, a família compara-me às minhas irmãs.  Que mania! Eu já sei que sou mais distraída, mais preguiçosa, mais refilona… Enfim! O que vale é que são todos fixes.
Pois, mas voltando aos anos da minha irmã mais velha, eu às vezes até fico a olhar pra ela. Nunca está despenteada, não tem nenhuma gordurinha a mais, nunca se esquece de pôr perfume nem blush… E sai sempre a horas de casa para o trabalho. Ela é mesmo qualquer coisa, como a minha mãe diz quando quer dizer que é altamente.
Esta semana, andei à procura de uns papéis (ao contrário das minhas irmãs, eu ando sempre à procura de qualquer coisa que não sei onde está) e vi uma fotografia dela. Era da primária. Lá estava ela muito concentrada, muito responsável, a fazer um desenho. E o que eu também achei muito fixe foram os anéis que ela usava nos dedos pequeninos.
A  minha prenda é estar disponível para a minha irmã, mas acho que lhe vou dar um raminho de flores. Ela gosta muito. Ela é das primeiras a chegar a casa e a dizer: já viram  as magnólias? Já ouvi tantas vezes isto que conheço bem essas árvores que por acaso agora estão floridas. E também curto mesmo.
Como eu já tenho dito, eu gosto muito de escrever, mas fazer poemas já nem tanto. Mesmo assim, fiz estes versos. Não são poesia, mas um miminho para a minha irmã mais velha que adoro e a quem quero dar os parabéns.

Hoje fazes anos,
maninha do meu coração
quero dar-te muitos beijinhos
e um grande xi-coração
Contigo quero aprender
A ser como tu afreimada
E também muito bonita
E sempre muito bem arranjada
E se eu não conseguir
Como estou mesmo a ver
Sei que posso contar contigo
E muita felicidade ter
Parabéns, minha maninha
Maninha do meu coração
Recebe da tua irmã mais nova
Um muito apertadinho
E também muito fofinho  
Xi-coração

Mariana

PS - Esta semana, fui a uma visita de estudo e o Gi abraçou-me e deu-me um beijo. Foi altamente. Eu um dia conto. Ou sei lá se conto. A gente também não pode contar tudo. Hoje quero é estar com a minha irmã que faz anos.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Não querem ficar bem na fotografia?


Há pequenas situações quotidianas que revelam bem, a meu ver,  diferentes  posturas  dos jovens  na sua maneira de encarar o mundo:
- achar que tudo compete aos outros e que tudo podem fazer e dizer;
- contribuir com as suas atitudes para o bem estar pessoal e do grupo.
Vejo e oiço, por exemplo, nas aulas, alunos que se assoam ruidosamente enquanto outros estão a ler em voz alta; batem com a caneta na mesa durante a explicação do professor; estalam a garrafa de plástico vazia  no tempo em que alguém fala; bocejam  sem controle; mexem em objetos desconcentrando os mais próximos; conversam quando seria necessário silêncio…
Durante uma representação teatral, falam em voz alta como se estivessem no intervalo; fazem comentários quando as luzes se apagam; ligam os telemóveis sem ligar às recomendações…
 E são muitas vezes os que mais ruídos emitem, os que mais transgridem que mais se queixam, que mais descontentes se mostram, que mais críticas fazem, que mais confusão instalam, que mais pedras atiram e logo escondem a mão...
Um guia dá informações sobre um espaço, onde dificilmente o grupo voltará, e alguns elementos aproveitam para se sentar e conversar, em voz alta, sobre coisas que nada têm a ver.
Será um problema genético ou o resultado de muitas práticas educativas de desresponsabilização?
Em época de poupança, muitos dos nossos jovens desperdiçam recursos que outros lhes preparam para o seu sucesso. Muitos nem o reconhecem tão surdos que estão por todos os ruídos ouvidos e produzidos.
Felizmente a maioria dos jovens mostra a maravilha que é um ser humano a usufruir, com alegria, beleza e naturalidade, do mundo que nos rodeia. Outros ainda não tiveram ou não aprenderam a aproveitar essa oportunidade.
Mais vale não deixar para amanhã. Pode ser demasiado tarde. 
Não querem ficar bem na fotografia?


quarta-feira, 14 de março de 2012

Uma foto para o facebook

Os Maias
Hoje o dia foi passado em Sintra em visita de estudo. Professores e alunos. Começámos na Quinta da Regaleira – obra  de arquitetura esplendorosa do século XX.
A vegetação abundante, os recantos convidativos, as fontes românticas, as estátuas tranquilas, o poço iniciático… eram cenários de novos conhecimentos e de fotos e mais fotos pelos alunos. Fotografavam-se uns aos outros com pose ou naturalmente. A esta hora, já devem encher muitos olhos que entram no facebook. Sinal dos tempos.
A guia tinha até de esperar pelos fotógrafos que se encantavam com as fotos como Narciso ao olhar a sua imagem no espelho das águas.
À tarde, fomos ao Teatro Olga Cadaval assistir à peça Os Maias. Uma boa oportunidade para todos lerem melhor o romance de Eça de Queirós, para entenderem diferentes linguagens a partir de uma obra-prima da Literatura universal que apresenta, analisa e critica muitos  factos da vida de Portugal do século XIX , imbuído do espírito do Romantismo. Não é por acaso que o subtítulo do romance é "Episódios da vida romântica" (Carlos e Ega chegam a esta conclusão: "Românticos: isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento, e não pela razão..." Os Maias, cap. XVIII).
Ocasião também para aprender a ver uma peça de teatro, respeitando atores, espectadores; tirando partido dos bons recursos disponíveis de forma educada e inteligente; mostrando que estar bem em sociedade é aprender a saber estar em qualquer sítio.
Alguns meninos estão bem longe de o demonstrar. Muitos, felizmente, já revelam que podem ir e estar em todos os lugares, com luz acesa ou apagada, num grupo grande ou pequeno, porque sabem, responsavelmente, que os ambientes são criados por todos mas por cada um em particular.
Ah, e não esquecemos as queijadas!