quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
A mesma ideia
Estes saquinhos com bombons, frutos secos, um pequeno objeto natalício como um presépio, etc poderão ser um pequeno e carinhoso presente de Natal.
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
A visita
O dia estava mesmo frio. Uma boa altura para ir ao Camden Arts Center, perto do centro de Londres. Um pequeno museu. Sossegado. Pessoas
simpáticas na receção. Átrio com exposição de livros e postais bonitos.
Não turísticos. Um café luminoso com vista para o jardim. Sandwiches e
saladas. E sopa do dia. A galeria é no andar de cima.
Visitantes
da galeria apenas um: a visitante. Não fazia mal. Não precisava de se pôr
em bicos de pés para ver as obras. Estava tudo ao alcance do seu olhar.
Havia
duas exposições: uma ocupava uma sala e era de Christian Nyampeta (Words after World), um jovem artista nascido em 1981; e
outra de Nathalie Du Pasquier (Other rooms), menos jovem, nascida em 1957, que ocupa duas salas e
dá capa ao catálogo.
A visitante percorreu as três salas com
vagar e alguma atenção. Fixou-se mais na exposição maior: pelas cores
exuberantes, pelo desenho, pelo geometria. Pelos volumes.
Leu referências sobre os
autores dos trabalhos. Desceu até ao átrio. Havia escadas. Usava menos o
elevador. Num écran, os autores falavam dos seus trabalhos e do local
onde estavam expostos.
A visitante parou a ver e a ouvir.
Nathalie Du Pasquier, com um sorriso de alegre encantamento,
falava do seu trabalho.
Havia legendas. Muito bem. Assim a visitante compreendia
melhor. A designer e pintora foi dizendo que era feliz todos os dias
ao realizar o seu trabalho. E estas palavras tão simples e ditas com verdade da expressão cativaram a visitante. Tanto como a obra exposta.
A visitante comprou alguns postais não turísticos e saiu.
A visitante tinha ganhado o dia.
terça-feira, 28 de novembro de 2017
Quando um livro acaba e a vontade de o reler começa!
Acabei de ler o Manual para Mulheres de Limpeza de Lucia Berlin. Li toda a coletânea de contos sempre com a mesma vontade. São mais de quinhentas páginas que nos fazem segurar o livro durante todo o tempo possível porque tudo é contado com muita vivacidade e de uma maneira verosímil - a autora diz que não é preciso que a história seja verdadeira, tem é de ser verosímil, venha ela donde vier.
O final das histórias é sempre inesperado e sugestivo, o que dá logo vontade de ler o conto seguinte.
Problemas como a droga, a doença, o alcoolismo, o fracasso familiar, a miséria são apresentados de uma forma realista mas não deprimente. Estão lá e as pessoas que os corporizam riem, choram, falam, pedem ajuda, calam-se, gritam...
Mas o amor, os encontros felizes, a reconciliação, os afetos estão presentes e pressentem-se os abraços e as conversas e os silêncios...
A infância e a juventude são igualmente recorrentes, como são as relações sobretudo mães-filhos.
O fascínio pela natureza também lá está, tanto pela observação do momento (as montanhas, as flores, as árvores, as aves, o céu estrelado) como imagens da memória.
Também gostei do facto de haver várias histórias em que a leitura e a escrita são referidas, como o conto que aborda um curso de escrita criativa numa prisão.
Ao longo das narrativas, tantas vezes tecidas com bom humor, existem personagens de quem é dito que "gostam das pessoas".
Que bom haver boas sugestões!
Presto sempre atenção às sugestões literárias e musicais de Nicolau Santos, no seu Expresso Curto. Ontem, Seal foi um dos cantores sugeridos, embora não por estas músicas.
E, habitualmente, acho boas as suas partilhas.
É bom ver e ouvir um homem que tanto sabe de Economia falar destas coisas de cultura, reconhecendo-lhes muita importância para a vida de cada um.
Referiu também o livro 4321 de Paul Auster.
O título é sugestivo porque, a meu ver, muita coisa haverá para descobrir.
Quando puder, vou tentar lê-lo.
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
Comeres e beberes em Istambul
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
Lição
Um dia, houve a apresentação de um livro num infantário. Havia meninos e pais a assistir. As autoras sentaram-se em cadeiras baixinhas, tal como todos os presentes. Como a assistência não era numerosa, travou-se um diálogo, neste caso, mesmo de proximidade.
Havia uma menina muito faladora que revelava bem se estava a gostar, ou não, das conversas ou das estórias que também foram lidas.
A um dado momento, a menina, que devia ter uns três anos, disse para as autoras, encostando-se à mãe:
- Eu gosto de ouvir estórias, mas têm de ser pequeninas e que eu perceba, senão fico com muito sooooono!
Todos sorriram e tentariam aprender a lição.
terça-feira, 21 de novembro de 2017
O guardador de livros
Era um homem que vivia só e não gostava de emprestar livros, ou melhor, nunca os emprestava. E desde muito novo que os comprava. Mesmo quando o dinheiro era pouco e o desejo de ler era muito. Eram criteriosamente escolhidos, lidos e organizados nas estantes. Que existiam na sala, no quarto e se estendiam pelas paredes do corredor.
Quando queria, encontrava-os facilmente, ou para falar deles em encontros literários ou em pequenos grupos que o convidavam para falar de um livro ou do papel da leitura ou simplesmente para os reler. Dificilmente deixava que o interlocutor manuseasse os livros que eram seus. Se alguns dados fossem necessários, era ele que os procurava e ditava-os ao interessado. Se alguém lhe pedisse para fotografar a capa, ou algum elemento do interior do livro, só autorizava se não fosse com flash.
E assim foi ao longo de muitos e muitos anos.
Às vezes convidava uns amigos para a sua casa. Mais amigos dos livros, por assim dizer.
Nunca os deixava sós junto das suas preciosidades, para se certificar que ninguém lhes mexia ou as tirava do lugar.
Ainda não disse, mas o guardador de livros há muito que tinha redução no bilhete de transportes públicos. Um dia, aconteceu o que cada um tem mais certo.
O apartamento foi vendido, os livros colocados em caixotes e alguns foram para reciclar. Como eram muito pesadas, houve caixas que cederam no transporte. Alguns livros caíram na rua encharcada e ninguém os quis.
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
domingo, 19 de novembro de 2017
Um livro interessante
Gosto do estilo: frases curtas, objetividade na narração dos factos, às vezes aparentemente pequeninos como são os dos comuns mortais; outros de grande complexidade, tal como são também muitos dos comuns mortais.
A autora, nascida no Alasca, em 1936, morreu na Califórnia, em 2004, tendo deixado dezenas de contos escritos. Este livro é uma coletãnea dos considerados melhores.
Comecei a ler e, se pudesse, não parava durante horas seguidas.
As histórias abordam temas ligados às profissões que a autora teve para sobreviver, relações familiares tempestuosas, casamentos falhados, mas também uma adesão sem reservas à vida, mesmo na profundidade dos mares.
O título da obra é de um dos contos.
Vale a pena ler. Tem vivacidade, fala do mundo, nem sempre cor-de-rosa, mas as cores da natureza humana nem sempre o são. E isso é interessante. Muito.
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
Abbey Road e a imagem que ficou
Algumas pessoas atravessam a passadeira com o mesmo movimento de braços que os Beatles, o que faz do local - já bonito em si - um lugar de observação e divertimento. E talvez algumas das músicas ainda andem no ar ou na memória.
Curioso!
Já estive várias vezes em Abbey Road e, curioso, nunca atravessei a mítica passadeira para peões, eternizada por um álbum dos Beatles. E, curioso também, passam lá diferentes gerações e não apenas as que mais os ouviam e dançavam. A avaliar pelas fotografias que são tiradas por pessoas de todos os continentes, parecem vir de propósito àquele local como se vai a outro sítio onde se sente mais vivamente a presença de quem lá esteve ou viveu.
Vêm, não sei se por nostalgia, se por amor à música que engloba o mundo e a vida, se por desejo de transpor uma passadeira de fama nem que seja por segundos. E que por sinal já está um pouco gasta.
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
Caído no chão
Ontem, um homem velho caiu junto à porta de um grande supermercado. Ia só.
Era muito alto, forte e usava óculos. Feriu-se na testa, donde escorria algum sangue, mas sorriu por não ter partido os óculos.
Foi difícil levantá-lo porque era muito pesado. Um casal aproximou-se logo e mais duas pessoas que passaram depois da queda ajudaram a levantá-lo. Quando se viu de pé, o homem agradeceu e disse ter escorregado nas folhas húmidas do chão.
Afinal, já não ia ao supermercado.
Ainda era um homem bonito.
Não sei se a sua intenção era ter companhia enquanto bebia o café em copo grande que era oferecido a todos os clientes com cartão.
Voltou para o metro e um homem indiano disse que o levava até à estação.
domingo, 12 de novembro de 2017
Sharing the wonderful world
Namíbia
Palau
Palau
Obrigada, F. e M. J., pelas fotografias, tiradas na última semana, e por poder partilhá-las aqui. De facto, existem, às vezes perto, outras vezes longe de nós, lugares de incalculável beleza, como estes - o primeiro, na África austral, junto ao Atlântico; o segundo, um pequeno país insular no Pacífico.
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
Peregrinação de cada um!
Há dias, fui ao cinema Trindade, no Porto, ver
o filme Peregrinação, do realizador João Botelho.
Quando entrei, a sala estava
quase vazia. Minutos depois, começaram a chegar muitos idosos, ocupando quase
todos os lugares.
Ouvi depois que eram utentes de
um lar e que estar ali resultava de uma "Caixinha dos desejos", que, desta vez, se traduziram numa ida ao cinema. Achei uma bonita ideia.
Via-se que alguns daqueles idosos
não estavam habituados a ir ao cinema.
Ora, o filme dura 110m, sem
intervalo, e exibe muitas das dificuldades e relações violentas vividas pelos marinheiros portugueses, no séc. XVI, através dos olhares de
Fernão Mendes Pinto, que os transpôs para o seu livro Peregrinação.
Atrás de mim, ouvia-se uma voz que
repetia: "Nunca mais acaba", outra: "Preciso de ir à casa de
banho".
Talvez, quando
regressassem ao Lar, dissessem que não tinham gostado muito do filme.
Talvez os cuidadores presentes, numa atitude muito louvável,
ficassem satisfeitos com a oportunidade de proporcionar aos velhos um cinema sem
barreiras arquitetónicas, ver um filme português, aprender um pouco mais da
nossa História, conviver, conversar depois sobre diferentes assuntos, conhecer uma boa obra de arte, etc.
Talvez os dinamizadores do cinema
Trindade ficassem felizes ao verem que o grupo
estava feliz por vir ao cinema.
E talvez alguns idosos retivessem somente cenas
bonitas, paisagens bonitas, músicas bonitas, jovens bonitas, para atenuar as cenas
mais violentas ou aflitivas de confronto humano ou com forças da natureza.
Porque às vezes já basta a longa e pesada peregrinação de cada um!
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