sábado, 27 de setembro de 2014
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Ontem
Desde pequena que tenho medo de trovoadas.
Há bastantes dias que o nosso país vai estando sob
nuvens pesadas e ameaças de relâmpagos e trovões, sobretudo no Norte. O que
vale é que há pedaços do dia e do céu onde brilha o azul e o sol.
Ontem ao fim da tarde, o céu carregou-se de nuvens
negras que desabaram em forma de chuva, granizo e trovoada. A natureza,
ameaçadora, parecia clamar a sua existência.
De vez em quando, eu entreabria a porta para ver se
os céus se acalmavam. Mas não. O negrume ia rodando, tomando conta dos
diferentes pontos cardeais. De vez em quando, aparecia um breve arco-íris.
E lembrei-me do livro que tinha lido durante a
tarde: Breviário das almas de Joaquim
Mestre – um belíssimo retrato da vida num monte do Alentejo, em meados do século
XX.
O livro vai-se tecendo sob forma de contos que, no
final, revelam uma unidade.
E, curioso, a narrativa inclui uma oração a Santa
Bárbara “para a tempestade se afastar”. Mal sabia eu que a tempestade se
aproximava.
Oxalá hoje os céus estejam mais calmos. De outro
modo, lembrar-me-ei, com certeza, das palavras que são transcritas na obra (da
editora Oficina do Livro):
“santa bárbara se descalçou, seu caminho foi
seguindo, jesus cristo a encontrou, e lhe perguntou, aonde vais, bárbara? Vou espalhar
esta trovoada… espalha-a lá, para bem longe, onde não haja eira nem beira, nem
ramo de figueira, nem galo nem galinha, nem gadelinha de lã, nem alminha de
cristã”).
E agora digo eu:
Vá lá, Santa Bárbara,
Nada de esquecimento.
Já chega de trovoada;
Devolve o azul ao firmamento!
domingo, 14 de setembro de 2014
Assim, a Feira do Livro do Porto está bem melhor!
Falei há dias de “um sobe-e-desce” dos estrados na Feira do Livro, no Porto. Pois bem, a situação alterou-se. Deve ter havido muitas vozes que se levantaram, sendo, felizmente, ouvidas.
Agora, os estrados estão ligados, sem interrupções,
ao longo dos stands e existem rampas para facilitar o acesso a todos e não só a
quem sobe e desce com facilidade.
O espaço dos Jardins do Palácio é motivador, as
atividades culturais são ricas e abundantes. E os livros, que são a razão da
Feira, ganham em visibilidade. Ainda bem!
Porque hoje é domingo
Abro a porta. A minha cadela, como quase sempre,
aproxima-se quando ouve os primeiros movimentos da manhã.
Nuvens pesadas. Talvez venha chuva. Talvez anunciem trovoada.
Ninguém diria depois do dia de ontem, em que vi Espinho com um sol apetitoso e
esplanadas cheias e luminosas.
Como é domingo, pequeno-almoço mais pausado.
Televisão ligada. Baixinho. Desfile das capas de jornais. O incontornável,
insondável, impensável BES. Sempre. Notícias sobre o que se sabe ou se julga
saber, porque o incontável resto está no segredo dos (que se julgam) deuses.
Depois, Revista da Imprensa com Pedro Chagas
Freitas, um jovem apresentado como Vencedor de vários prémios literários. Disse
já ter sido barman, nadador salvador e tudo lhe permitiu ser feliz e conhecer o
mundo à sua volta.
Gostei de o ouvir falar de um livro que escreveu – Prometo falhar. Esclareceu que não faz a
apologia do erro, mas que este é inerente à vida humana. E julgo que também o
ouvi dizer que o amor só acontece quando se admite o próprio erro e o do outro.
Atenção, perfecionistas, cuidem-se!
E falou do uso da vírgula – um dos sinais de
pontuação que tem sido motivo de estudo e de reflexão de uma pequena mas
empenhada Oficina de Língua de que faço parte.
Pois, a propósito deste sinal gráfico, que tantas
vezes é tão mal usado, mas que pode alterar todo o sentido do que queremos
dizer, Pedro Chagas Freitas referiu o uso de peças de lego, em cursos de
escrita criativa, para exemplificar “os blocos” que a vírgula ajuda a
construir.
E fico-me por aqui. O texto já vai longo. Apesar de
as frases serem curtas, usei mais de uma dezena de vírgulas.
Se falhei, o que é natural, foi apenas erro meu e não
por ser domingo!
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Dúvida
A dona Margarida
Gostava tanto
de flores
Que as ouvia
como a ninguém
Porque da
sua vida
Eram os
principais amores
Conhecia-as
por dentro e por fora
Desde a raiz
à flor
Por isso se
aproximava delas
Como dos
filhos a mãe
Falando-lhes
com amor
As flores de
dona Margarida
Cresciam sempre
viçosas
Eram todas
bem tratadas
Desde as
mais pequeninas
Até às
perfumadas rosas
E toda a sua
vida
Regou, podou
e à raiz terra juntou
E se lhe
perguntassem
“Por favor,
dona Margarida,
Qual a maior
beleza que Deus criou?”
Olhando as
flores
Sentindo que
precisavam de água
Pelos olhos
a resposta logo se pressentia
Mas para
evitar dissabores
E não causar
qualquer mágoa
“As pessoas,
claro”, responderia!
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