quarta-feira, 2 de julho de 2014

SOPHIA




Sophia de Mello Breyner estará, a partir de hoje, no Panteão Nacional, em Lisboa, transladada dez anos após a sua morte, como sinal de reconhecimento pela sua obra literária e pela sua figura exemplar de cidadã.
Durante a cerimónia, ouviram-se poemas seus, numa gravação realizada há umas cinco décadas. A sua voz era nítida, como nítidas e esplendorosas lhe nasciam as palavras.
E muitas pessoas se juntaram no local para homenagear Sophia. Na fila da frente estavam os políticos, tendo alguns discursado. E lavaram as suas palavras com palavras de Sophia. E elogiaram a sua ética. E a sua obra poética. E o símbolo nacional que é. E mais e mais, porque os políticos sabem sempre como limpar o pó das suas palavras com palavras de poetas.
Falou-se também de “verdade” para a qual os textos da poeta remetem. E quem lê a sua obra – felizmente as crianças começam a ler bem cedo, nas escolas, histórias suas – apercebe-se que a sua verdade não são as verdades propagandeadas por muitos políticos, porque aquelas não deixam de ser meias verdades ou mentiras completas.
Ousaria dizer que Sophia teria gostado da homenagem, porque merecida, mas, ouvindo palavras de alguns políticos, teria preferido o mar. Desta vez, um mar de silêncio.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Perfume com sabor



domingo, 29 de junho de 2014

Aconchego


Quasi



Um pouco mais de sol--eu era brasa
Um pouco mais de asul--eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe d'asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador d'espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho--ó dor!--quasi vivido...

Quasi o amor, quasi o triunfo e a chama,
Quasi o principio e o fim--quasi a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Emtanto nada foi só ilusão!

(...)
         Mário de Sá-Carneiro

sábado, 28 de junho de 2014

CR7 e as composições


Ao longo do ano letivo, dei comigo a escolher como exemplo atual de trabalho persistente o Cristiano Ronaldo.
Neste Mundial de Futebol, para qualquer leigo como eu, foi notório que o “melhor jogador do mundo” aparecia sempre como a menina dos olhos da Comunicação Social. Chegava a irritar. Os outros jogadores, por melhor ou pior que fizessem, eram sempre chutados para canto.
Porém, nos nossos dias, em que muitas pessoas são quase ídolos sem se saber sequer o que fizeram de útil na vida e o que as catapultou para a fama, o caso de Ronaldo é, pelo menos, um exemplo de alguém que se impôs por uma vontade forte, para além do indiscutível talento.
Embora conheça a sua vida de forma muito superficial, parece-me que o estímulo familiar também deve ter sido fundamental. Logo, a junção de trabalho pessoal e o facto de o núcleo familiar valorizar fortemente a sua vontade podem ter sido uma das chaves do sucesso. Depois da obra feita, esta fórmula parece simples, mas o processo nem sempre é linear e fácil. Pelo caminho, há frequentes desistências, o que não foi o caso.
Vem tudo isto a propósito de o CR7 ser citado em muitas aulas, no sentido de mostrar a muitos jovens que o esforço é crucial para que os bons resultados surjam. E os alunos, que absorvem muito mais do que os adultos julgam, referem, nas suas composições, a ambição do jogador, o que o levou a trabalhar arduamente ganhando o estatuto que toda a gente conhece.
Para além de muitos excessos, venham mais exemplos de pessoas que vão deixando marcas pelo seu próprio pé.
O mundo, e nomeadamente Portugal, anda a precisar de os descobrir.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Há frases que também unem

Catalina Aylwin


Nos últimos dias, a mãe da Maria João agradeceu às numerosas pessoas que se ligaram à causa "Unidos por Mary". Felizmente os resultados dos exames médicos são otimistas.

Do texto de agradecimento, destaco a seguinte passagem:

Termino com esta frase da conta de Facebook "Unidos por Mary" gerida por uma amiga da minha filha:
 
"Que nos apoiemos uns aos outros nos momentos de aflição e que nos abracemos com alegria nos momentos de vitória."

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O S. João viu a bola



Ó meu rico S. João
Dá-nos tu algum alento
Mas sem perdas nem empates
Já nos basta o Paulo Bento

No Porto irá chover
E pelos vistos trovejar
Lá no Brasil talvez
Podem os jogadores descansar

Em Manaus o calor era muito
E o cansaço também
Ganham tão pouco e a vida é tão dura
Só falta chamar a mãe

Quero fazer-te uma pergunta
Como santo saberás
Ninguém fala dos demais jogadores
Só o Ronaldo era capaz?

Ó meu rico S. João
Não nos deste uma alegria
De ver Portugal ganhar
Antes da celebração do teu dia

Eu não te quero maçar
Devem ser tantos os pedidos
Mas ajuda-nos a ganhar
Sem falar da seleção
Que terá Portugal no coração
Mas ajudou a completar
O que há muito se vem a esboçar:
A lista de perdas de uma pequena-grande Nação!